Joaquina histórico


"Eu nunca vi a Praia da Joaquina assim", esse era o comentário mais ouvido no estacionamento, nas pedras do Costão e nas mesas dos restaurantes de frente para o mar.

As ondas da Joaca começaram a mostrar força numa sexta-feira, com 4 a 5 pés, boas paredes e alguns tubos, surf na remada e só um jet para ajudar os amigos varar mais para o meio da praia. À tarde, conferi a previsão muito animadora que indicava para sábado ondas de 10 a 12 pés e, para domingo, ainda maior.

Era realidade, no sábado de manhã já havia alguns surfistas no canto esquerdo, uns na remada, outros vararam no braço e alguns preferiram a ajuda dos jets. As duplas Moura/Dê da Barra e Veloso/Renato dividiam as ondas mais no meio da praia, surfando as direitas grandes e perfeitas. Vimos do estacionamento Paulo Moura pegar um tubo de backside que até pareceu fácil. Enquanto isso, na remada a brincadeira durava até o surfista ser barrado por uma série ao tentar voltar para fora.

O piloto André Barcelos começou me rebocando nas direitas no meio da praia. A segunda que ele escolheu foi muito forte, minha Havenga 6'2" não queria descer e eu não queria ficar por ali. Aquela parede tinha muitos degraus devido à ação do vento e da grande quantidade de água se movendo, completei a onda no canal. Quando saí, vi o Dê colocando para dentro de uma seção pesada sem pensar nas conseqüências, "Dê style".

Navegamos até o canto esquerdo e a essa altura poucos restavam no outside remando. No momento seguinte, entrou uma série muito boa, passamos pelas duas primeiras quando tivemos a visão da maior. Não havia dúvida, aquela onda seria especial. Ela não parava de crescer e foi preciso muita força para controlar a prancha e passar a seção. Foi tudo muito rápido, sabia que tinha sido grande, mas você nunca tem certeza.

Enquanto isso, meu parceiro de tow-in, Adriano Matias e o paulista Ricardo Amassado se revezavam no meio da praia completamente sozinhos. Dudu Schultz e Abacaxi estavam em casa, dividindo gentilmente seu playground com todos.

Foi difícil dormir depois desse sábado e ainda tinha a previsão de ficar ainda maior. Dito e feito, quando chegamos à praia no domingo, vimos uma marca de espuma bem grande na laje, com certeza estava maior.

André assumiu a pilotagem novamente e me levou para fora, já estava cansado e mal consegui surfar minhas ondas, estava satisfeito.

Todas as pessoas presentes, que não eram poucas, tiveram o prazer de ver as duplas presentes mostrarem a eficiência do tow-in surf. Foi um final de semana inesquecível, um espetáculo da natureza bem aqui no Brasil, swell histórico. Adoro surf na remada, sempre surfei, porém, assim como qualquer um, tenho limites físicos. A opçãonessa hora é a máquina que está aí para ficar, é o presente. E o futuro?