Uma manhã em Pipeline


Sayuri passou a madrugada se revirando dentro do saco de dormir. O barulho das ondas quebrando sobre a bancada não a deixou descansar direito. Um misto de ansiedade e adrenalina a manteve acordada quase toda a noite. Aquele era o décimo segundo inverno dela no Hawaii, e Pipeline era, sem dúvida, a sua onda favorita. Goofy footer daquelas que vivem para surfar esquerdas pesadas e tubulares, ela tinha uma verdadeira adoração por esse tipo de onda. “A minha vida não tem sentido sem Pipeline”, costumava repetir.

Naquele dia, quando amanheceu, Sayuri continuava tomada pela adrenalina, que fazia o seu coração bater mais rápido e secar a sua boca. Nem um pouco tranqüila, ela saiu de casa antes de o Sol nascer, levando a sua prancha favorita debaixo do braço. Enquanto caminhava pela Huelo Street, na escuridão da madrugada, Sayuri já sabia que Pipeline estaria quebrando grande e perfeita durante as primeiras horas daquela manhã. O vento sudeste não tinha mais do que 5 nós, e as bóias sugeriam um swell de oeste com 10 pés e um período de 14 segundos. Tudo indicava que aquela seria mais uma manhã épica.

Mas somente quando chegou ao Ehukai Beach Park, Sayuri pôde dimensionar o tamanho da encrenca. Depois de tantos anos surfando em Pipeline, aquele era sem dúvida o maior swell que ela já tinha visto. Ninguém tinha caído na água ainda, e Sayuri decidiu remar para dentro. Apesar de ter sido arrastada pela correnteza até quase voltar ao Ehukai Park, deu sorte e conseguiu entrar sem tomar muitas ondas na cabeça. À medida que se aproximava do pico, ia se sentindo mais calma. Por um instante, ela lamentou por não ter esperado outro surfista chegar para entrar junto com ela. “Mas dane-se! Tarde demais. Só não posso tomar uma onda destas na cabeça”, pensou.

Já no outside, depois de cerca de meia hora na água, Sayuri ainda não havia pego nenhuma onda. Àquela altura, apenas seis surfistas dividiam o pico com ela ─ a maioria ainda analisava da areia as condições para decidir se valeria a pena entrar e arriscar o pescoço num dia de Banzai de 12 a 15 pés.

Por volta das 7 e meia da manhã, uma série imensa apontou no horizonte. Seria sem dúvida a maior do dia. Sayuri estava bem colocada e, depois de deixar a primeira passar, se posicionou para entrar na onda seguinte. Ela ficou de pé rápido e começou a descer uma enorme montanha de água. Já estava imaginando o tubo que se formaria no momento em que a onda atingisse a bancada e resolvido enfrentar as conseqüências inerentes a uma morra com aquelas proporções, quando acelerou a sua prancha em direção ao imponderável.

Depois de sobreviver à primeira seção, foi novamente encoberta pela onda. No momento em que se preparava para sair de dentro do tubo, o lip a atingiu com a força de um soco, derrubando-a da prancha e fazendo-a rodar junto com a avalanche de água que despencava. Lançada de encontro ao fundo de coral, Sayuri tomou um caldo absurdo antes de reaparecer na superfície para respirar. Depois de levar outras duas na cabeça, a jovem surfista finalmente conseguiu chegar a praia.

Já refeita do susto, Sayuri viu a sua prancha favorita transformada em dois lindos e esculturais pedaços. “Tudo tem seu preço”, pensou, enquanto recolhia o que havia restado do seu melhor equipamento. De pé na areia, segurando os destroços, ela observou mais uma série entrar na bancada de Pipeline e chegou à conclusão de que na vida o que vale são os momentos desfrutados fazendo o que mais gostamos ─ no caso dela, e de muitos surfistas, entubar em uma onda clássica como Pipeline e a certeza de que o momento vai ficar para sempre na memória.

Rip Curl Pro Search Portugal

O australiano Mick Fanning é o grande campeão do Rip Curl Pro Search 2009, nona etapa do ASP World Tour, encerrada hoje em Supertubos, Peniche, Portugal.

Em ondas com cerca de um metro e séries maiores, Fanning abusou das batidas, rasgadas e cutbacks para vencer seu compatriota Bede Durbidge por 12.67 a 9.87 pontos na final e garantir sua terceira vitória na temporada. As anteriores foram na Califórna e França.

"Ontem foi um dos melhores dias de competição que eu já vi e todos puderam mostrar seu surf. Hoje tivemos que ajustar nosso estado de espírito para lidar com a queda de tamanho e qualidade das ondas", diz Mick Fanning, que é o campeão mundial de 2007.

"O evento fez jus ao nome. Nós procuramos as melhores ondas em todos os lugares. Surfamos quatro ondas diferentes durante o evento e até ontem eu queria ter surfado no pico de The Wall, mas a prova acabou rolando aqui (Supertubos) e foi um dos melhores dias do ano. Parabéns à Rip Curl e toda equipe que trabalhou duro para isto acontecer", elogia Mick Fanning.

THE PRESENT

Tudo começa com uma câmera 16mm aparecendo na tela e comunicando sutilmente que o importante é voltar para o básico, se é que isso se presta para uma tradução tão chula. Thomas Campbell é um verdadeiro artista. Seus filmes, SPROUT e SEEDLING, são poemas visuais e poesia, e pode ser chato pacas quando o poeta não sabe quando terminar.

The Present é um bom filme, teima demais com câmera lenta e tem estrofes longas demais com o simpático Alex Knost falando no telefone, mas funciona bem em entreter e atiçar o camarada que o assiste a passar mais tempo na água.

A trilha, como sempre, é impecável: jazz e funk salpicados de roquinho fácil ara divertir, David Axelrod, Vetvier, Gabor Szabo, Tommy Guerrero, Bonnie Prince Billy e Japanese Motors (banda do Knost). Uma das grandes estrelas do filme é a Alaia, prancha primitiva feita de madeira, sem quilhas, inspirada nas antigas fotos e gravuras dos polinésios. David Rastovich e Rob Machado fazem a coisa parecer fácil demais ─ ainda mais quando em câmera estupidamente lenta.

Uma onda perdida na África também encanta pela fotografia caprichada, homenagem do Campbell ao ENDLESS SUMMER. Chelsea Georgeson dá uma aula (inclusive aos marmanjos) de como entubar na já tradicional viagem de barco pelas ilhas da Indonésia. Joel Tudor dá uma pequena aula sobre a mitologia do surf, de Dora e Curren, e um campeonato inusitado apresentado por Machado e Reynolds quase arranca uma gargalhada ─ destaque para o Conde Tremula (Dan Malloy). A narração é irritante e dispensável.

The Present ─ não deixe de assistir, tome um belo copo de café forte antes.

06 perguntas para... Jason Gilbert

O AUSTRALIANO JASON GILBERT TRABALHA COMO QUIROPRAXISTA OFICIAL DA ASP PARA A AMÉRICA LATINA DESDE 1999, ATENDENDO TANTO A ELITE FEMININA QUANTO A MASCULINA. DURANTE ESTE LONGO PERÍODO O PROFISSIONAL ADQUIRIU UM VASTO CONHECIMENTO SOBRE OS PROBLEMAS DE COLUNA VERTEBRAL E ARTICULAÇÕES QUE OS SURFISTAS PROFISSIONAIS E, DE TODOS OS NÍVEIS, PODEM ENFRENTAR. CONHEÇA QUAIS SÃO OS PROBLEMAS MAIS COMUNS SOFRIDOS PELOS SURFISTAS E TAMBÉM SAIBA COMO PREVENÍ-LOS.


01. Qual a importância do seu trabalho nos campeonatos da ASP?
A quiropraxia é uma ferramenta essencial para atletas de todas as modalidades. Visa recuperar e manter a função da coluna vertebral e das articulações funcionando normalmente. Quando problemas nessas regiões se prolongam, podem causar fraqueza dos músculos, contratura, desequilíbrio no corpo e até degeneração precoce. Ou seja, coisas que podem afetar seriamente o desempenho do atleta.

02. Essa degeneração apresenta sintomas?
O pior de tudo isso é que ela pode acontecer sem dor ou outros sintomas óbvios. O primeiro sinal que pode aparecer é uma crise ou rigidez no corpo e, claro, dor. Há surfistas no WCT que já sofrem degeneração discal ou óssea, pois deixaram de corrigir problemas biomecânicos no tempo adequado, em função dessa falta de sintomas. Eu comparo isso a um carro do qual uma roda passa num buraco. Apesar do carro poder andar ainda sem problemas, com o tempo o desalinhamento vai desgastar o pneu. Muitos motoristas somente notam isso quando a roda já está vibrando muito, ou seja, dando sinais.

03. Quais são as causas mais comuns desses problemas?
Os surfistas enfrentam longas viagens de avião para acompanhar o circuito, o que trava os quadris, a coluna lombar e a região dos glúteos. Dormir no voo sem o apoio adequado para o pescoço e cabeça ou usar um travesseiro incorreto, deixam a coluna bem prejudicada. Outro problema é que ficam muito tempo sentados, com péssimo apoio lombar, assistindo a bateria dos outros, ou no computador, nos dias sem onda. Todas essas atividades travam a coluna, o que pode limitar a mobilidade e a flexibilidade, que são essenciais na hora de manobrar. Colchões inadequados também podem ter um efeito negativo.

04. Que lesões podem ser causadas pelo surf?
O surf é um esporte unilateral, ou seja, usamos um lado do corpo mais do que o outro. Todo mundo que é surfista sempre tem o pé direito ou esquerdo atrás e como em outros esportes unilaterais, como tênis ou golf, causa desequilíbrio muscular crônico, o que acaba afetando a biomecânica da coluna e do corpo inteiro. Certos elementos, como músculo, tendões e ligamentos, quando estão encurtados devido a desequilíbrio, não conseguem exercer normalmente sua função, especialmente quando sobrecarregados durante uma manobra, um drop crítico ou até em outras situações cotidianas da vida. Por isso problemas acontecem. Muitas vezes a pessoa pode achar que um certo movimento pode ter sido a causa de uma lesão, mas na realidade geralmente foi somente "a última gota d'água". Pois a articulação ou tecido já tinha passado muito tempo sem a integridade normal, sem causar dor ou sintomas óbvios. Esse tipo de problema pode acontecer na coluna lombar (nos discos ou articulações), como também no joelho, tornozelo, ombro ou qualquer outra articulação. Lesões antigas que não são tratadas e reabilitadas adequadamente produzem encurtamentos de tecidos moles e disfunção nas articulações. Por isso é vital que todo mundo que pratica esporte procure conhecer suas lesões e trate-as adequadamente até a cura total. Caso contrário a vida esportiva pode ser encurtada.

05. Quais são as regiões da coluna que são mais suscetíveis a complicações?
O que mais observo com os surfistas da elite é que a maioria apresenta o mesmo padrão de restrições de coluna, principalmente nos quadris, coluna lombar (parte baixa da coluna), a região entre as omoplatas e a nuca. Remar não é uma atividade natural para o corpo humano. Não fomos feitos para remar. Por isso precisamos ter consciência de que essa atividade sobrecarrega alguns músculos mais do que outros, principalmente os anteriores do ombro e os que juntam na região da nuca. Kelly Slater me falou sobre uma situação em que seu braço entrou fundo demais na parede do tubo em Pipeline, e que sentiu como se estivesse saindo do lugar. Ele percebeu que os músculos anteriores do ombro estavam encurtados e começou a alongá-los e também fortalecer os músculos posteriores para ajudar a proteger o ombro. Outros não têm a mesma sorte, pois deslocam o ombro num caldo, como no caso do Nathan Hedge, em Teahupoo, alguns anos atrás. Por isso é sempre bom estar preparado fisicamente para o pior. É sempre uma pena ver lesões evitáveis acontecer devido à falta de preparação. Outros problemas comuns são os de quadril, devido à força usada na hora de girar o corpo para fazer a cavada, a rotação excessiva de uma manobra ou de aterrisar depois de um floater. Quando a articulação que junta quadril e coluna trava, pode causar de dor lombar até hérnia, mesmo sem a pessoa saber. O ajuste quiroprático é excelente para combater tudo isso. Nos campeonatos presto muita atenção nesse ponto. Com todos os surfistas faço um tipo de liberação muscular que aumenta a mobilidade e rotação dos quadris. Esse tipo de trabalho é individual. Apesar de ser um padrão geral, cada surfista é testado antes e depois para comparar a mobilidade.

06. Quais os surfistas mais bem preparados fisicamente no Tour?
Com certeza Mick Fanning, Joel Parkinson, Adriano de Souza, Kelly Slater, Mick Campbell e Taylor Knox. Num grupo é fácil perceber quem está se cuidando com alongamentos, boa alimentação, ajustes quiropráticos regulares e na recuperação adequada de lesões. Para ser justo com os brasileiros, este ano não tive a oportunidade de examinar e tratar todos, mas vejo uma tendência dos surfistas com mais tempo de circuito estarem mais focados nessa preparação. Os mais jovens ainda não se preocupam com isso seriamente, o que não é correto. Eles poderiam começar a seguir os hábitos dos surfistas mais experientes, o que não somente evitaria muitas lesões desnecessárias, mas também melhoraria a performance em geral. Adriano Mineirinho é a exceção. Em Imbituba pude perceber que ele está sendo bem assessorado em relação a preparação física e alimentação. Diferentemente do passado, quando só a performance importava, os surfistas que quiserem se manter entre os melhores devem cuidar com seriedade da saúde.

O quiropraxista Jason Gilbert tem clínicas na capital paulista e também uma unidade na cidade do Rio de Janeiro. Neste mês de outubro chega às livrarias o livro "O Segredo da Coluna Saudável, Siga os Passos para uma Vida sem Dor", de sua autoria, em parceria com a Editora Gaia. Para maiores informações clique aqui.

SurfARTE

O surf através dos tempos provou estar muito além de estereótipos bobos e superficiais tais como o de os surfistas serem “vagabundos de cabelo parafinado e fala lenta”. Expandiu horizontes e mostrou ao mundo todo seu potencial. Engajou-se no mundo dos negócios e marketings, reafirmou sua simbologia cultural, mostrou ao mundo sua história, envolveu-se com a saúde e hoje é sinônimo de qualidade de vida. Porém, talvez sua maior e mais intima relação tenha se estabelecido com a aparentemente distante, mas intimamente próxima ARTE.

O surf dropou naturalmente no mundo artístico e como num floater deslizou pelas mais diversas ondas da ARTE, passa pela fotografia, filmagem, pintura, escultura, música, crônicas, textos, verso, prosa e o que mais o oceano de criatividade resolver despertar. Mesmo explosivo e cheio de adrenalina como todo esporte digno de denominar-se radical, o surf demonstra-se sutil e instiga sentimentos, desperta a vontade de eternizar tanta pureza e sutileza em ARTE.

Manobras fortes de posições acrobáticas e harmoniosas somadas a cenários pitorescos cheios de tons e vida, eternizam-se em fotografias.

Toda movimentação que envolve o corpo do surfista, a aproximação da ondulação, o spray na crista das ondas provocado por um bom terral e toda dança da natureza no palco dos litorais fica registrado em boas e bem editadas cenas de filmagem.

Os variados tons do surf refletem a tranquilidade e inspiram mãos donas de pincéis encharcados de um spectro de cores vivas que preenchem telas e criam pinturas dotadas de beleza e criatividade.

Com matéria prima retirada do surf como pranchas quebradas e roupas de borracha rasgadas, ou não, o surf também inspira esculturas que com formas variadas corporifica toda sua plasticidade e dinamismo.

O surf com certeza está na música, entuba nas ondas sonoras e cria batidas diferentes. Criou a “surf music” com embaixadores como Jack Johnson e Donavon Frankenreiter, no entanto, sua trilha sonora respeita e admira variados ritmos; o surf está tanto no reggae, como no blues, está no hard core e até na bossa nova, como na composição de Jobim de "Surfboard".

Descrito por palavras o surf é aventura, romance, verso e prosa. Esse surf de palavras já virou livro, sendo registrado por sua beleza e registrando sua história. Elogios viajam nas linhas desenhadas nas ondas e rasgam-se por textos, crônicas e poesias. Como nos versos de Manuel Alegre em “Surfista”:

"De pé na frágil tábua
onda a onda ele escrevia
poesia sobre a água.
Era uma escrita tão una
de tão perfeita harmonia
que o que ficava na espuma
não se podia apagar:
era a própria grafia
do poema do mar."


O surf como ARTE talvez não seja conhecido há muito tempo. Mas acordar cedo com um nascer do sol alaranjado como cenário para no quadro das ondas desenharem a linha de surf é uma ARTE e essa os surfistas já conhecem há séculos.

Já dizia um velho ditado

Mineirinho que de mineiro só tem o apelido, provou também que “não come quieto”. Botou pra baixo, arrancou highs scores dos juízes, euforia da galera, “uhuls” dos companheiros e desconcertou o Velho Mundo com seus poucos e comprovadamente maduros vinte e dois anos. Com sua audácia Mineirinho chegou até a repaginar a imagem do tradicional azarento número treze, lembrando em sua primeira entrevista após a final da coincidência entre sua primeira vitória no tour em 13 de outubro e seu aniversário comemorado em 13 de fevereiro. Coincidência ou não, esse tal de 13 trouxe ao Mineiro sua primeira conquista no circuito e ao surf brasileiro o nascimento de uma das suas maiores esperanças da atualidade.

Confirmou não ser promessa e sim realidade. Em terras ibéricas mostrou fazer jus ao velho ditado espanhol “Si quieres buena fama, no te dé el sol en la cama”, “Se queres boa fama, não te ache o sol na cama” - se quer que os outros te respeitem, é preciso trabalhar e não ser preguiçoso. “Buena fama” ele conquistou, graças a falta de preguiça e muito trabalho que deve manter a constância e o padrão, uma vez que o trem desse mineiro está “bão” demais.

É, o garoto, menino, moleque, mineiro, paulista, do Guarujá, de Minas, da Espanha, do Brasil, do mundo, renova nossas esperanças e imprimi orgulho em nosso peito. É preciso e foi provado que se deve acreditar no surf brasileiro, pois como já dizia nosso velho ditado “Eu sou brasileiro e não desisto nunca”.

Billabong Pro Mundaka

O paulista Adriano de Souza conquistou a primeira vitória de sua carreira no ASP World Tour nesta terça-feira, ao vencer o australiano Chris Davidson na final do Billabong Pro em Sopelana, País Basco.


O título foi decidido em esquerdas com até 1 metro nas maiores séries do beach break.

Com uma excelente campanha durante todo o campeonato, Mineirinho não fez diferente na final. Sem dar qualquer chance ao australiano venceu por 16.40 a 11.83 pontos.

"Estou muito feliz com minha primeira vitória. Quero agradecer a todos que me deram suporte para estar aqui, meu patrocinador e minha famíla. Muito Obrigado! Este foi nosso, Brasil!", vibra o campeão da etapa, completamente emocionado.

Para vencer a final, o guarujaense de 22 anos demonstrou muita personalidade e impôs seu ritmo ao castigar as ondas com fortes pauladas e rasgadas de backside, para arrancar notas 7.50 e 8.90.

A três minutos para o término, logo de depois do brasileiro conquistar a nota 8.90, o australiano desistiu da briga e reconheceu a vitória brazuca, ao abraçar Adriano de Souza dentro da água e parabenizá-lo pela vitória.
"Não tenho palavras para expressar o quanto estou feliz agora. Venho trabalhando duro para isto desde que venci o ASP World Junior Championship (2004) e o WQS (2005), para finalmente vencer aqui em Mundaka, onde a cultura é tão rica e as pessoas amam o surf. Isto é incrível! Este é o dia mais especial da minha vida!", comemora Adriano de Souza.

Depois de reconhcer a vitória do brasileiro dentro da água e antes do término, o australiano que também obteve o melhor resultado da carreira no tour, não poupou elogios ao vencedor.

"Tudo tem um sentido especial para mim neste evento, por algum motivo. Tudo deu certo e eu me senti confiante em cada bateria. Não consegui encontrar as ondas na final, mas parabenizo o Adriano, ele é um vencedor com méritos verdadeiros", elogia Chris Davidson, que agora assume a vigésima colocação no ranking e escapa da zona de rebaixamento.

Antes de chegar à final, Mineirinho despachou grandes nomes do ASP World Tour, como o eneacampeão mundial Kelly Slater, o havaiano Fred Patacchia, o experiente Taylor Knox e o sul-africano Greg Emslie.

A prova estava programa para acontecer nas clássicas esquerdas de Mundaka, mas como elas não apareceram o evento foi transferido neste dia decisivo.

"Treinei bastante aqui em Sopelana nos últimos dias, pois sabia que a competição poderia ser transferida para cá", contou o campeão em entrevista depois das quartas-de-final.

"As condições foram difíceis para este evento, mas surfamos as melhores ondas que apareceram. Chris Davidson é um surfista muito forte e está em busca de vitória há um bom tempo. Quando ele ganhou do CJ na semifinal eu já sabia que a batalha seria dura", conta Mineirinho, já depois da vitória.

Com esta vitória, Adriano de Souza assume a terceira colocação do ranking, atrás de Joel Parkinson e do líder Mick Fanning, que assumiu a ponta do ranking nesta etapa.

Renascer

O Oceano estava lá, como sempre, em toda sua majestade com seu infinito manto azul subindo e descendo, balançando com ternura seus súditos e seres que fazem desse manto e reino seu habitat natural. Dono do maior império já visto, alcança todo o redor do globo, chega nos lugares mais inóspitos e produz os mais diferentes cenários, desde a movimentada província Atlântica a misteriosa e ironicamente denominada Pacífica. O Pacífico, a maior das províncias, esconde mistérios e embora sustente uma imagem paradisíaca, revela-se altamente temperamental.


Repleto de verdadeiras obras de arte naturais, as ilhas do Pacífico são almejadas tanto pelos ricaços de plantão atrás de luxuosos resorts, quanto por aventureiros, particularmente os maiores deles, os surfistas, visto que a maior ameaça do Pacífico encontra-se em suas ondas. Estas crescem aos olhos e sonhos de surfistas de todos os cantos do mundo que ano a ano largam a terrinha em busca das mais fortes, porém perfeitas ondas.

E assim, observador atento de toda essa aventura, num dia qualquer, cansado da mesmice do céu, um anjo daqueles típicos loirinhos e de olhos claros, deixou não sua terrinha, mas seu céuzão para ir ao encontro do reino Oceano, mais especificamente na província Pacífica. A pista de pouso escolhida, um país de dimensões continentais, multicultural, multiétnico, bonito por natureza, cheio de lugares a se explorar e ondas espalhadas por um vasto litoral banhado pela província Atlântica. O campo de concentração, uma ilha ao sul deste país. Escolhido seu lar e família, era questão de tempo para o anjo crescer e partir rumo ao sonho.

O anjo, agora adulto, enfim corre atrás de seu destino e entre tantas a serem escolhidas no Pacífico, a primeira parada seria um novo país, este também de dimensões continentais, dessa vez cercado pelo Oceano por todos os lados. Após sete anos residindo tão longe de casa e tão próximo da realização de um sonho, as férias já estavam programadas e o destino era o que buscou desde o princípio quando desceu dos céus atrás da emoção de chegar a um arquipélago no meio do Pacífico, onde os surfistas alucinados deliciavam-se com o maior encanto do Triângulo Polinésio ─ as ondas. Algum tempo trabalhando, alguma grana poupada e o anjo entregou-se ao prazer: desfrutou do aqui e o agora como se fosse seu último dia na terra ─ e poderia ter sido mesmo ─ deslizando sobre o majestoso reino Oceano.

As ilhas eram a visão do paraíso e após boas ondas e longos dias tranquilos, o reino revoltou-se, o anjo já estava na água desde as seis e quarenta e cinco da manhã, o Oceano dava estranhos sinais e, atento, o anjo sentiu algo errado. Sentimento este confirmado com o repentino recuo do mar, que voltou-se maior e mais forte contra o arquipélago. Estava formada a tsunami que deixara um rastro de destruição, varrendo casas, prédios, sonhos e famílias. Com toda sua força, o anjo agarrou-se em uma pedra para salvar sua vida e mesmo cercado de aflição e apreensão, sua aura brilhou e com sua força e poder de anjo resgatou em meio a escombros lágrimas e medo, crianças assustadas que viram a esperança renascer dentro do abrigo formado pelos braços e prancha deste anjo vindo de longe. Seus olhos claros lhes transmitiram confiança, seus braços segurança e sua prancha um passaporte para sobrevivência.


─ Sobrevivente de uma tsunami devastadora provocada por um tremor que alcançou a magnitude de 8 graus na escala Richter em setembro de 2009 atingindo intensa e principalmente as Ilhas Samoa no Triângulo Polinésio no Oceano Pacífico, Guilherme Costa de 27 anos, estava de férias no arquipélago, reside atualmente na Austrália e sua família em Florianópolis. Ele loiro de olhos claros, que provou ser um verdadeiro anjo, nasceu no Brasil e renasceu em Samoa.

É POSSÍVEL SURFAR UM TSUNAMI?

Surfistas viciados em adrenalina se desdobram diante das previsões de bóias de medição oceânicas para encontrar a maior onda do planeta.

O atual mito é a onda de 100 pés, que equivale à altura de um prédio de dez andares, nunca antes surfada. Já parou pra pensar na força desse vagalhão? Muitos surfistas se preparam para esse grande desafio, mas será que algum deles já se imaginou surfando algo com volume de água 5.000 vezes maior?

Uma onda bem menor que Jaws, em altura, porém, bem maior em largura; um outro gigante, capaz de devastar cidades e desaparecer com milhares de pessoas. Como a tragédia que aconteceu semana passada, na Ásia.

O tsunami com certeza não atinge os 100 pés de altura, que acreditam poder alcançar um dia a onda de Cortes Bank, mas sem dúvida é a mais tenebrosa onda do planeta, aquela na qual ninguém gostaria de se pego desprevenido, ou... poderíamos dizer... sem sua prancha?


QUEM SE AVENTURA?
Na tentativa de entender como seria essa loucura, algumas pessoas até comparam a idéia com surfar uma pororoca gigante. Seria preciso uma prancha com flutuação bem maior para suportar a força das suas águas e também a ajuda de potentes jet-skis, pois o tsunami é 20 vezes mais rápido que a onda comum. Tomar cuidado para não trombar com troncos de árvores e pedaços de casas no meio do caminho também não seria exagero, já que o tsunami avança a 800 km/h pelo oceano e, quando chega à costa, varre como uma avalanche praias e cidades, arrastando detritos.

Isso mesmo, uma avalanche. Essa é a forma de um tsunami, uma enorme espuma branca... Já pensou perder sua prancha por ali?

Fui pesquisar se haveria algum candidato para tal loucura, e descobri um voluntário a cair na água no meio de uma grande tormenta. Ele contou na reportagem que "numa onda de maremoto eu iria, mas teria de ser de tow-in e com um bom parceiro me rebocando. Já caí no mar no meio de um furacão no México. Tinha 25 pés de onda, e fui o único a estar ali". Além disso, ele completa "mas o tsunami mesmo eu não sei se daria para surfar, porque a onda não tem parede e a espuma dele te varre".

Já que a tarefa parecia inviável, fui ver se valeria a pena sair a bordo de um jet-ski ou barco a motor procurando um lugar em alto-mar, onde talvez seria possível surfar o tsunami. Ao perguntar a um amigo e estudante de oceanografia, ele diz não acreditar que esse lugar exista, porque a formação do tsunami é diferente à de uma onda comum. "O tsunami em alto-mar é uma ondinha muito baixa e que não quebra. Tanto que ele pode até passar despercebido".

Mas é interessante imaginar o surf sobre um tsunami. O peruano Felipe Pomar certa vez disse ter realizado a proeza, em 1974, numa ilha próxima de Lima, capital do Peru. Ele e o amigo Pitti Block estavam no mar, pegando ondas de 1 metro, quando o local foi atingido por um violento terremoto. Os surfistas foram sugados por quase 2 quilômetros oceano adentro, e meia hora depois Pomar teria conseguido pegar e surfar um tsunami de 3 metros até a praia. "Remei através dos destroços e cheguei a terra. Pitts chegou um pouco depois. As pessoas vinham correndo dos morros, sem acreditar que estávamos vivos", contou Pomar, anos depois, em uma entrevista na revista Surfer.

Mick, Myself and Eugene

O vídeo da Rip Curl é um interessante passeio pela vida de Mick Fanning em seus diferentes aspectos. O acidente que deixou o australiano fora da água por cerca de seis meses é o ponto de partida do dvd. Em meados de 2004, numa viagem de barco em algum lugar do Índico, Fanning sofreu uma grave lesão no músculo posterior da perna voltando de um floater. Depois de meses de molho e muita fisioterapia, ele retornou às competições com uma brilhante vitória em casa na primeira etapa de 2005. Mais do que traçar a trajetória do aussie desde o acidente, o filme mostra as diferentes facetas de sua personalidade: o competidor voraz (Mick), o super talentoso free surfer (Myself) e o australiano fanfarrão (seu alter-ego Eugene). Todos juntos fazem Mick Fanning. O filme ainda conta com partes mais sérias e emotivas ─ como quando relembra seu irmão mais velho e grande incentivador, Sean, morto em um acidente de carro. O prato principal é mesmo o surf explosivo de Fanning, que fica explícito nas ótimas imagens de Jon Frank. A trilha sonora é bem interesante ─ com Queens of the Stone Age, Mars Volta e Midnight Oil, entre outros. Ainda tem surf de primeira de Occy, Brendan Margieson, Nathan Hedge e Pancho Sullivan ─ totalmente à vontade no Hawaii. O bônus vem com os melhores momentos dos WCTs de Bell's e do México deste ano. Confira.

Lucas Silveira

Lukinha, assim ele é chamado. Nascido e criado na Barra da Tijuca (RJ), o carioca se despediu da cidade maravilhosa ano retrasado e migrou para Florianópolis a fim de desfrutar das ondas da ilha. Surfista desde os oito anos, hoje com 12 sonha em se profissionalizar e um dia fazer parte da elite mundial.

O garoto tem o passaporte bastante carimbado. Já esteve no Peru, lugar onde os novatos sempre viajam para ter uma noção de point break, reef break e ondas tubulares; e foi também para o México, Panamá, Califórnia, entre outros. O lugar que mais gostou foi Ríncon, quintal de casa de Bobby Martinez e palco célebre onde cresceu um certo Tom Curren, um dos mitos da história do surf.

Lucas já teve resultados significantes para a sua carreira. Ficou em primeiro lugar no Circuito Estadual Carioca, que rolou nas pesadas ondas de Saquarema. Venceu também o VQS, na Califórnia e foi quarto lugar no Rip Curl Grom Search.

Seu lugar dos sonhos é a Indonésia. Talvez se identifique pelo fato de suas manobras prediletas serem tubos e aéreos. Com certeza lá é um ótimo lugar para executá-las da melhor maneira possível. Afinal, a Indonésia é um sonho para qualquer surfista que procura a onda perfeita.

Mesmo morando a pouco tempo em Floripa, o garotinho já se meteu em roubada. “Estava aprendendo a surfar na Joaquina, o mar estava bem grande e a correnteza me levou para o meio e tomei a série... Nossa, saí até roxo da água”, conta.

O que impressiona é que alguns garotos da nova geração, mesmo com pouca idade, já estão com o pensamento maduro. Esse é o caso do Lukinha, como mostra a resposta sobre o que espera do futuro: “Que o mundo se torne mais justo, só isso”. E ele preza isso acima de tudo, até mesmo antes do desejo de se tornar um surfista do Dream Tour.

Quiksilver Pro France

O australiano Mick Fanning levou o segundo título seguido do Dream Tour da ASP neste domingo depois de derrotar o compatriota Bede Durbidge na final do Quiksilver Pro France com ondas de meio a 1 metro no pico de Les Bourdaines.

Fanning apresentou bastante consistência na final, com notas 7.83, e 8.83, descartando um 7.33 obtido no início da bateria.

“Dei sorte de pegar algumas boas no começo, pois me senti um pouco sem gás no final", disse o campeão. Ele subiu para a segunda posição no ranking liderado pelo também aussie Joel Parkinson, derrotado pelo franco-brasileiro Patrick Beven na terceira fase.

Fanning estava a 936 pontos de Parko e reduziu a diferença para somente 146, o que torna a disputa de Mundaka, País Basco, ainda mais emocionante para o desfecho do World Tour.

Todos imaginavam que o Parko iria disparar. Porém, infelizmente para ele, saiu cedo do campeonato e eu tive que trabalhar bastante para conseguir estas duas vitórias seguidas", disse o campeão.

Bede Durbidge também teve grande atuação na prova. Para chegar à final ele superou o norte-americano Dane Reynolds nas oitavas.

Depois, passou pelo compatriota Ben Dunn nas quartas e derrotou o franco-brasileiro Patrick Beven na semifinal. Só não deu para superar a velocidade de Fanning na final.

Mais uma de amor


O menino perde a inocência ao sentir seus seios, corpo, toque e vibrações. E ela, mesmo já sendo mãe e uma senhora de respeito, não cansa em seduzir homens, mulheres, jovens e velhos, com encanto, imagem, som e fúria.

Suas águas lambem peles.
Suas brisas arrepiam nucas.
Seu fogo aquece corpos.
Da sua terra, sacia lábios.

Com ela sente-se medo e prazer. Sonhos e pesadelos crescem aos olhos de seus súditos. E entre tantos, apanhou e apunhalou, a mente e a alma de seu mais inocente apreciador. Tornou-o dependente de sua magia e cor, admirado com sua forma e textura e principalmente viciado em sua fúria. Visto que, para este nada é mais encantador do que o perigo de desafiar sua deusa, sem deixar de respeitar a amada.

Esse namoro é longo, algo de séculos. Beira a eternidade, a loucura; e como todo e qualquer casal, passam por situações difíceis, têm suas crises. Ela furiosa e majestosa que só vendo, libera toda força dessa fúria no amado. Ele, conhecendo esse lado, encanta-se mais, delicia-se ao sentir cada vibração de raiva, cada exaltação, cada tremor. Uma vez que, bom, ele já a conhece e sabe que ao fim da tempestade deita-se numa rede solitário admirando a beleza de sua querida com suas belas imagens, sonhos bons e um amor puro.

Em contra partida, com ternura ela se acalma. Percebe aqueles olhos sinceros fitando seus detalhes e delicadamente retribui tanto amor proporcionando espetáculos de cores no céu, brisas refrescantes, matas virgens e verdes, montanhas brancas e gélidas, rios serpenteando toda a extensão desse esplendor, e para o amado, o presente que mais o empolga: sua mais bela silhueta, as ondas.

Essa é mais uma história de amor daquelas que alegra o coração e faz termos o desejo de sentir o mesmo perante a pureza e beleza desse sentimento. Caso queira saber mais sobre esses dois, procure pelo Surfista e a Mãe Natureza. Fique tranquilo, eles estão sempre juntos, seja dentro ou fora do mar, os dois são inseparáveis. E, se encontrá-los, mande lembranças e diga que mesmo não me enxergando estou sempre olhando por eles.

Ass.: Paz.

Dia Internacional da Árvore


Cidades cinzas pedem verde, mas na hora de plantar uma árvore deve-se pensar também na fauna e na flora para que tenhamos uma arborização consciente. O avanço das construções nas cidades fez com que muitas áreas verdes fossem diminuídas gradativamente, dando espaço ao cinza e à poluição. Por este motivo, sempre são feitos programas e solicitações para que a população plante nova muda em diferentes locais. Isso é benéfico para as cidades, desde que seja feito com consciência.

A arborização, principalmente em ambientes urbanos, inclui muito mais responsabilidades do que simplesmente plantar uma semente em qualquer lugar. Para que a boa ação não se torne um pesadelo para a fauna, a flora e o próprio ser humano, antes é necessário pesquisar e descobrir quais as espécies mais adequadas para cada região, levando em consideração o tipo de solo, ar e altitude. Nas prefeituras de algumas cidades já existem pesquisas prontas definindo as espécies corretas para o plantio.

Entre outras informações, deve-se pensar nos animais que poderão usufruir da árvore para a sua sobrevivência, no tipo do fruto que nascerá e no tamanho de sua copa e raiz. A maioria opta por espécies mais exóticas ou as que produzem belas flores, no entanto, nem todas se adaptam ao ambiente e podem, inclusive, atrapalhar o crescimento de árvores nativas.

ÁRVORES FRUTÍFERAS
Várias espécies de árvores podem ser plantadas nos ambientes urbanos, inclusive as frutíferas. Mesmo nestes casos, deve-se usar o bom senso ao escolher o tipo de fruta e o local escolhido. As frutas importadas ─ muitas das que são vendidas nas feiras, como abacate, maçã e laranja ─ não são consideradas boas opções. De acordou com o agrônomo Jés Neves, é importante analisar bem os tipos de frutos a serem plantados, pois, ao invés de benefícios, eles podem se transformar em transtornos para a população. “Uma fruta de grande porte pode cair sobre um automóvel ou pessoa. Uma criança pode subir para pegar diretamente a fruta e cair. Além disso, se plantarmos uma árvore de fruto inadequado para a região, podemos deixar de produzir alimentos para diversas aves e outros animais que passam necessitar desta fruta”, explica.

Caso deseje arborizar uma grande área, a melhor alternativa é descobrir quais as árvores mais indicadas. De preferência, essa decisão deve partir de um grupo multidisciplinar com especialistas de várias áreas, como arquitetos, engenheiros ambientas e florestais, não se esquecendo de consultar engenheiros agrônomos e biólogos, que têm condições de definir os melhores tipos e locais para o plantio.


BENEFÍCIOS
As árvores trazem muitos benefícios, principalmente no que diz respeito à retenção e captação de partículas de poluentes que ficam no ar. Além de proporcionar sombra, árvores com grandes copas ─ quanto mais fechadas, melhor ─ podem reter até 70% da poluição no ar, produzida principalmente pelos automóveis. Em ambientes urbanos, também ajudam na redução dos níveis de ruídos, pois as plantas absorvem e refletem as ondas sonoras.

Quando bem harmonizados, os ambientes urbanos podem equilibrar a temperatura, a umidade do ar, os suprimentos de energia, proteger a fauna local e também proporcionar um bem-estar físico e psicológico às pessoas que ali vivem.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Quando se planta numa cidade, as raízes, por exemplo, devem ser de um tamanho que não comprometa a calçada, o meio-fio e as construções próximas. O formato das copas também deve ser levado em conta, pois podem interferir na rede elétrica, nas ruas e avenidas. Depois de feito o plano estrutural de arborização, com a análise das espécies que serão plantadas, é recomendável fazer um plano de distribuição, pensando na estética e na harmonia artística.


ANTES DE PLANTAR, PROTEJA!
Se você não sabe qual árvore escolher, desconhece a espécie mas adequada para o ecossistema, mas quer ajudar de alguma maneira, que tal cuidar e proteger as árvores que já estão de pé?

Preservar as árvores em áreas urbanas não é uma tarefa tão difícil. Veja a seguir, algumas dicas que podem ajudar:
Cuide para que as mudas e os galhos de árvores baixos não sejam arrancados;
Não fixe pregos nos trocos, pois isso pode contaminar a árvore por fungos e outros parasitas. Troncos não servem para fixar placas, cartazes ou gravar nomes;
Pintar a base das árvores prejudica o seu desenvolvimento;
Não permita que cercas de proteção sejam arrancadas. Elas podem garantir à muda um crescimento saudável.

Hurley Pro Trestles

O australiano Mick Fanning ficou com o título do Hurley Pro Trestles, etapa do World Tour encerrada neste sábado, em Lower Trestles, Califórnia (EUA).

Com uma performance arrasadora na final, Fanning totalizou 17.40 pontos para deixar o californiano Dane Raynolds precisando de combinação de notas para virar o resultado.

Reynolds bem que tentou, mas as notas 5.77 e 7.33 não foram suficientes para impedir a festa do australiano.

Pela vitória, Fanning fatura US$ 105 mil, maior premiação na história da ASP. De quebra, o aussie assume a vice-liderança do ranking mundial.

Apesar da derrota na terceira fase, Joel Parkinson segue líder absoluto.

06 perguntas para... Ernesto Simões

ERNESTO SIMÕES, 33 ANOS, NÃO VIVE DO SURF, MAS SEMPRE QUE PODE CORRE PRA ÁGUA. DONO DE UMA EMPRESA QUE PRESTA SERVIÇOS PARA A INDÚSTRIA DE ÓLEO E GÁS, PRINCIPALMENTE PARA A GIGANTE PETROBRAS, ESTE BAIANO SANGUE BOM JÁ VIVEU ATÉ NO HAWAII PARA FICAR PERTO DAS ONDAS.

01. Onde e quando começou a surfar?
Em Busca Vida, praia que surfo até hoje, no litoral de Salvador. Isso foi mais ou menos em 1986.

02. Quais são os seus picos preferidos?
Busca Vida e Camburi, em São Paulo. Hawaii também, principalmente Sunset Beach e Backyards. Morei lá durante três anos, também fiz faculdade de comércio exterior. Toda vez que caía em Sunset era a sessão da vida. Como morria de medo de Pipe, sempre me focava em Sunset (risos). Foi uma fase muito surf, peguei três temporadas inteiras, do primeiro ao último swell. Começava a surfar em outubro e só parava em maio. Foi excelente, realização de todo surfista.

03. A sessão da vida?
Num lugar secreto no litoral de Salvador, num pico sem nome. Um dia de sol, água cristalina e direitas perfeitas, de seis a oito pés. Surfei com Danilo Couto, estava lindo, parecia Sunset Beach.

04. Quantas temporadas havaianas você tem nas costas?
Sete, mas uma temporada inteira morando lá vale muito mais do que passar apenas 15 dias. Porque destas sete, tiveram vezes que não peguei onda. Este ano me programei para ir durante o Carnaval, mas cancelei porque estava muita chuva e vento. Acho que o maior desafio é chegar ambientado para pegar as grandes. Só a molecada ou quem já morou lá é que consegue.

05. Como faz para manter o equilíbrio surf × vida profissional?
Procuro fazer duas viagens por ano. Dois meses antes, começo a me forçar para entrar em forma. Aqui no Brasil pratico stand up, estou viciado. Você treina força, equilíbrio e seu gás fica bom. Também remo de canoa havaiana e encaixo o surf quando dá. Como viajo muito, tenho pranchas em vários lugares, sempre me esforço para estar dentro d'água.

06. Já perdeu um bom negócio por causa de um grande swell?
Já deixei de trabalhar, mas de fechar um grande negócio, não. Porque o surf é meu esporte, meu estilo de vida, mas não é ele que paga as minhas contas. Não deixei e não deixaria, pelo menos hoje.

Efeito amnésia

Saudade. O surf deixou, deixa e deixará muitas saudades. É certo que novos tempo virão, só não é certo esquecer que ótimos tempos já se foram e que marcaram muito mais do que com fotos, lembranças ou pranchas quebradas.


Marcaram mentes, almas.
Marcaram contos inesquecíveis para os incansáveis contadores de histórias.
Marcaram vidas, sonhos e realizações.
Marcaram gerações. E gerações, e gerações...


Embora embutidos em uma série de coisas ditas "modernas" muitos destes ensinamentos fazem parte do dia-a-dia do surf nos dias de hoje. Ou você acha mesmo que fishes, quadriquilhas, surf em ondas mais do que gigantes, entre outras ideias surgiram agora? Não mesmo! Os caras estão com a cabeça no surf muito antes de muitos de nós sabermos que o mundo é mundo dentro do ventre de nossas mães. Entretanto, a questão mesmo não é saber quem inventou o que, quando e porquê. A questão é não deixar os nossos antepassados perderem seu valor, admiro-me com a falta de respeito de alguns pelos nossos clássicos e pioneiríssimos longboarders, ou pelo bodyboard e o mais "antiquado" dos estilos: o surf de peito. É incrível como a evolução do surf para shortboarders encaminhou-nos não só para evolução do esporte para uma maior rapidez e agilidade nas ondas, mas também para a triste realidade desse preconceito bobo. Quer saber? Quer saber mesmo? É maravilhoso o deslizar das ondas, deslizar tento contato direto de corpo inteiro com o oceano então, pode até não poder ser classificado como melhor ou pior, gosto é relativo, porém, não deixa de ter uma pureza única, é se entregar literalmente de corpo e alma; bem como em todas as outras modalidades, que devem mais do que se respeitar, precisam se amar. Entender que todos são parte de uma mesma família.

Saudade do tempo que se foi, saudade de ondas perfeitas e limpas, saudade de praias livres de conflitos, livres de localismos - o planeta é da natureza e fazemos parte dela e não de uns poucos privilegiados que sentem-se donos dela - saudade dos longos discursos dos grandes mestres que sabem como ninguém o que é amar o oceano por uma vida inteira, saudade dos grandes "tocos" polinésios onde os nativos aprendem desde novos o que é brincar com o mar, saudade da pureza do sentimento, saudade da sinceridade nos olhos ao ver o oceano, saudade principalmente da valorização destes princípios, visto que no fim eles jamais foram apagados e sim, espero eu, temporariamente esquecidos num breve e passageiro efeito amnésia.

Stylemasters

"Stylemasters" é uma viagem a uma era de mudança, onde pranchas tornaram-se mais curtas, manobras mais radicais, e o conceito de estilo estava sendo redefinido. Uma época de experimentação em design — onde os líderes de uma geração eram indivíduos dedicados a construir seu próprio equipamento e sua própria interpretação do ato de deslizar sobre as ondas. Filmado no final dos anos 70 no North Shore de Oahu (com exceção de uma sessão em Uluwatu), "Stylermasters" narra a progressão do surf nessa época determinante, documentando o estilo de vida e a performance de alguns surfistas mais influentes de todos os tempos. Entre eles Gerry Lopez, Rory Russell, Peter Townend, Rabbit Bartholomew, Buttons Kaluhiokalani, Dan Merkel, Greg Weaver, Shaun Tomson e Mark Richards. A narração e roteiro podem até ser um pouco antiquados, mas o filme continua sendo muito interessante — principalmente se você quer entender um pouco mais sobre o desenvolvimento e a história do surf moderno. Com imagens digitalmente remasterizadas, o DVD ainda conta com entrevistas atuais dos principais protagonistas. DVD certo em qualquer coleção que se preze.

Levemente flexíveis

Pranchas de EPS, vulgo isopor, laminadas com resina epoxy de última geração: esses materiais foram desenvolvidos nos EUA especificamente para pranchas sendo os blocos fáceis de shapear ainda que na mão, proporcionando grande qualidade no acabamento, pintura e pranchas mais brancas e resistentes aos raios ultravioletas. E o mais importante, o segredo: flexibilidade! Durante o longo reinado do poliuretano esqueceu-se de um aspecto muito importante: a flexibilidade da prancha, que é exatamente a vida da mesma. E é exatamente isso que o isopor tem de melhor ─ performance! Tenho escutado de alguns amigos a mesma informação: como as pranchas de epoxy são rápidas e retomam a velocidade nas manobras; e sensíveis, usa-se menos força para manobrar. Tudo de bom? Não, o isopor não é tão fácil de concertar, a resina requer uma proporção correta, não pode ser no olho, e absorve mais água, ou absorve água mais rapidamente. Então se deve sair do mar para evitar que entre muita água. Porém, toda água que entra sai, basta deixar a prancha secando por alguns dias. Já o poliuretano absorve menos água, mas somente 70% da água infiltrada sai da prancha, o resto fica. Para a epoxy, assim como para a resina normal, já existe secagem ultravioleta, ou seja, a resina seca quando exposta à radiação, o sol, às lâmpadas de bronzeamento. Assim o concerto da epoxy fica bem mais fácil.

Outra vantagem da epoxy: a flexibilidade da prancha dura muitos anos, ou seja, a mesma funciona como nova por bastante tempo, já que a de poliuretano tem uma velhice precoce. Pranchas mágicas deixam de funcionar tão bem somente com o passar do tempo, porque a resina de poliester e o poliuretano tendem a enrijecer-se rapidamente.

Outra vantagem é em função do peso, como as de epoxy são muito leves, pode-se variar bastante a laminação de acordo com o uso da prancha e o surfista. Já o poliuretano, se for produzir uma prancha reforçada, com certeza teremos excesso de peso.

As E-flex, sem longarina, que agora entram em produção total; são pranchas com vida útil de 5 anos ou mais, muito leves e de ótima performance.

Tour para molecada


Parece que a notícia do possível "Tour do Kelly" mexeu com os ânimos da ASP. A partir de 2010, a entidade realizará um Circuito Mundial especialmente para os atletas sub-21. Será o World Junior Tour, criado por conta do sucesso do Billabong World Junior Championships, circuito homologado pela ASP e vencido pelos brasileiros Pedro Henrique (2000), Adriano de Souza (2003) e Pablo Paulino (2004 e 2007). O novo Tour contará com três etapas (os locais ainda não foram definidos) e cada prova terá 48 surfistas (masculino) e 18 (feminino), que competirão em busca de um prêmio de US$ 75 mil e US$ 20 mil, respectivamente. O formato das provas será idêntico ao do WCT. A outra novidade é que o campeão da temporada receberá um wildcard para a divisão de acesso, onde já entrará como cabeça-de-chave nas provas mundiais WQS.

Da Guarda para o mundo


Era agosto de 2008, em Asu, Indonésia, quando subiram no barco atracado no canal. O pôr-do-sol coloria as nuvens que se aproximavam rapidamente e os sorrisos estampados de orelha a orelha não deixavam dúvidas de que a sessão tinha sido das boas. A previsão acusava a chegada de uma forte tempestade durante a noite, por isso ao invés de atracar no píer em frente ao surf camp, decidiram tirar o barco da água. “Um, dois, três, vai, empurra galera!”. E assim o bote de fibra subia areia acima, um metro de cada vez. Ricardo dos Santos parou, colocou as mãos nas costas e disse: “me machuquei”. Ninguém deu muita atenção ao integrante mais jovem da trip (que por sinal era também o melhor surfista da barca) e foram direto pro jantar. Nos dias seguintes ficou claro que algo sério havia ocorrido com o catarinense: da noite pro dia, Ricardinho já não surfava tão bem. Quando não caía da prancha, surfava travado. Torso reto, borda atolada, rasgadas lentas. Aquele não era o moleque que humilhara dias antes dropando bombas de 10 pés de base trocada. Uma semana depois e ele já nem conseguia surfar. Só pegava no sono quando a dor dava uma trégua depois de um punhado de Tylenols.

Rebobine a fita um ano. Ricardinho está com tudo. Com apenas 17 anos ele se destaca com um ataque feroz a Pipeline e Teahupoo e explode na mídia. Estampa revistas, sites, TV e se consagra como uma das grandes promessas da nova geração ─ principalmente quando o assunto são ondas de conseqüência. Mas o garoto que saiu da Guarda do Embaú sabia que era só o começo. Ele queria brilhar nas competições e buscar seu espaço no Circuito Mundial. E tudo estava caminhando bem, naturalmente, quase sem esforço. Ele contava com um patrocínio sólido da Billabong e vencera os melhores do mundo no Pro Junior do Chile, no começo de 2008.

E agora, em plena ascensão, uma lesão nas costas o impedia de surfar. Mas a decisão de parar e se tratar, especialmente para um atleta de 18 anos, não era fácil. Não agora, que seus sonhos se materializavam. Na face do dilema, ele decidiu esquecer a dor e continuar. Na base de anti-inflamatórios e analgésicos, foi para o Hawaii ─ onde teve uma temporada apagada. De lá, partiu diretamente para a Austrália, onde perdeu de cara no Mundial Pro Junior. Ricardo já via que seu surf não era o mesmo e que os remédios nada resolviam.

De volta ao Brasil, ele percebeu que chegara numa encruzilhada. Ou se tratava, ou desistia de seus sonhos. Ele nem cogitou a segunda opção, mesmo sabendo que o caminho seria longo. O diagnóstico acusava uma séria inflamação de disco que o deixaria fora de ação por meses.

Mas adversidades não são novidade em sua vida. Ricardo nunca conheceu o pai e cresceu vendo sua mãe se desdobrar para dar sustento a ele e seus dois irmãos mais novos. E da mesma forma que chamou a responsabilidade de ajudar e manter unida sua família assim que recebeu o primeiro salário, Ricardinho está encarando de frente esse novo desafio. E garante: “Voltarei mais forte do que nunca”.

Yallingup Surfilm Festival


Pela primeira vez a cidade de Yallingup, no oeste da Austrália, vai entrar na rota dos festivais de filme e arte ligados à cultura surf. A edição inaugural do Yalling Surfing Festival ─ YSF acontecerá de 8 a 10 de janeiro de 2010, no Madfish Winery e terá diversas apresentações a céu aberto.

O evento terá shows de música ao vivo, exposição de obras de art-surf e exibição de filmes curta e longa-metragem relacionados ao esporte mais popular da Austrália, além de debates e palestras dos autores sobre o processo de criação de suas obras. Os organizadores do YSF convocam artistas de todas as partes do mundo para participarem do inédito encontro. O período para fazer a inscrição vai de 1º de junho a 1º de outubro deste ano.

O YSF é uma instituição sem fins lucrativos e quer aproveitar o festival para chamar a atenção para a importância do trabalho da SurfAid International e da preservação do oceano e do meio ambiente. A organização do festival entrou em contato para que brasileiros interessados em participar tivessem às informações sobre o evento. Para conhecer as regras e os formulários de inscrição, visite o site clicando aqui.

UM NOVO TOUR?

Depois de fazer a diferença dentro d'água, desde o início da década de 90, quando apareceu com um surf extremamente rápido, moderno e consistente nos campeonatos, liderando inclusive uma ditadura velada de pranchas estreitas e finas de espessura que durou uns 15 anos, Kelly Slater agora quer fazer a diferença também fora d'água.

Ele está por trás de um outro circuito mundial de surf que foi chamado por um jornal australiano de "Reber Surf Tour", veículo que também chama de "grupo rebelde" o trio formado pelo americano nove vezes campeão do mundo, o seu empresário, Terry Hardy, e um ex-promoter de boxe, Matt Tinley.

Esse circuito seria formado por 16 surfistas, sendo oito permanentes (os mais famosos? os mais bem rankeados na ASP? escolhidos pelo Kelly?) e oito convidados (convidados por quem?). De cara fica claro a característica bem elitista da idéia. Se por um lado podemos apostar na escolha de surfistas espetaculares, nem sempre eficientes ou pacientes com as ondas e a maratona do WQS, por outro será difícil aceitar o campeão desse circuito como um Campeão Mundial de Surf Profissional.

Talvez esse nem seja o intuito da turma "rebelde" e esse circuito possa conviver harmonicamente com o da ASP.

O circuito começaria no segundo semestre de 2010 e seria formado por oito etapas realizadas em cinco meses. Aqui estaria atendida uma reinvindicação antiga dos competidores ─ que o surf profissional tivesse um calendário parecido com outros esportes, como futebol americano, que tem pré-temporada e temporada formada por cinco a seis meses por ano, no máximo. Os surfistas profissionais de ponta sempre reclamavam muito da falta de "férias", da falta de um período que pudessem ficar com a família, sem viagens e compromissos competitivos profissionais. O circuito sempre terminou dias antes do Natal e, menos de dois meses depois, no final de fevereiro, já estavam todos reunidos compulsóriamente para a primeira etapa do ano seguinte.

Por último, e mais importante, com um pré-acordo já assinado com a rede esportiva de TV por assinatura ESPN e consequente maior exposição garantida às empresas que aderirem, as oito etapas distribuiriam um total de US$ 12 milhões de premiação, aproximadamente R$ 24 milhões. Isso dá US$ 1,5 milhão de premiação por etapa, dividido entre 16 competidores. Uma média de US$ 93.750 para cada atleta em cada etapa, se a premiação fosse dividida igualmente por todos. No World Tour, organizado pela ASP, cada etapa distribui atualmente US$ 340 mil. Essa premiação, que é 4,4 vezes menor, ainda é dividida por três vezes mais atletas. Cada um dos 48 competidores do WT da ASP ficam com uma média de US$ 7.083 em cada etapa.

A diferença de premiação média para cada competidor, quase 13,5 vezes maior, seria gritante. Surfistas espetaculares ao redor do planeta devem estar sendo bombardeados por uma explosão de luz brilhante invadindo a perspectiva de sua carreira. Uns abandonaram o tour precocemente, pois chegaram à conclusão de que não tinham paciência nem aptidão para ficar trocando de aeroporto dez meses por ano. Alguns nem tentaram. Outros se aposentaram depois de anos, pelo simples cansaço da rotina que não mudava, mas ainda têm surf no pé para fazer frente a qualquer um em ondas fortes e de qualidade.

Querem vários exemplos? Jamie O'Brien, Andy e Bruce Irons, Shane Dorian, Bruno Santos, David Rastovich, Manoa Drollet, Rob Machado... Sem falar em alguns surfistas especiais da nova geração que poderiam fazer um voo sem escala pela ASP, aterrizando direto no circuito rebelde, como Clay Marzo, Pablo Paulino, Owen Wright, Ry Craike, Julian Wilson, Kai Borger...

Ainda com relação aos possíveis candidatos, aí vai mais um palpite "de cocheira" ─ o brasileiro Heitor Alves me contou na semana passada que o Kelly Slater disse a ele, recentemente, que o surf dele era inspirador, que tinha vontade de treiná-lo e de "trabalhar" com ele. Coincidentemente, Heitor foi um dos poucos e ilustres convidados do WPS All Star Expression Session, que aconteceu antes da final do WQS Hurley US Open, no final do mês de julho em Huntington Beach, Califórnia. E Rob Machado, um dos principais conselheiros desse WQS cheio de eventos diferentes, é um dos melhores amigos de Slater. O convite ao Heitor também incluía um quarto exclusivo no hotel em frente ao píer durante o evento (um luxo naquela área caótica e problemática), uma mochila de "boas-vindas" na cama do quarto com um MacBook Pro (a BMW dos lap tops) entre os vários brindes, e um jantar classudo com a nata da elite e os melhores amigos do "homem" ─ Shane Dorian, o videomaker Taylor Steele, o músico Jack Johnson... claro, o transporte entre o hotel e o restaurante foi feito em duas limusines enormes.

Bom, até aqui as notícias no campo das especulações.

A seguir, neste fim de texto, minhas opiniões.

A principal queixa do Kelly Slater seria a incapacidade da ASP para promover o surf e os surfistas a um outro patamar capaz de atrair o público de massa e patrocinadores corporativos.

Primeiro, não sei se gostaria de ver o surf tão popular quanto o futebol brasileiro ou o basquete americano. Acho que o surf em seus vários aspectos teria mais a perder do que ganhar.

Segundo, mesmo concordando que 16 surfistas espetaculares junto com a garantia de excelente exposição por uma rede de TV esportiva mais uma premiação alta devem gerar um interesse maior do que o circuito que está aí, não sei se será suficiente para atrair grandes corporações que fiquem envolvidas depois que a novidade se tornar um padrão.

Terceiro, a única "novidade" no formato de julgamento que eu soube é que o aéreo (e suas variações) será um tipo de manobra obrigatória para os competidores receberem uma nota 10 perfeita. Ótimo para nós surfistas, mas só isso não será suficiente para atrair o grande público. O julgamento continuará subjetivo e o grande público continuará sem entender a diferença entre um 7,35 e um 8,80. Vai continuar sem entender também toda essa história de "cortar o menor e o maior juiz", a "soma das duas melhores ondas", ou seria "a soma das duas melhores notas"? Ou é a mesma coisa?

Ouvi falar também que teria uma pontuação específica para cada manobra específica, mas mesmo assim um aéreo será um pouco mais alto ou um pouco mais invertido ou um pouco mais difícil de aterrizar... E por aí vai.

Os principais esportes de massa são preto no branco. No futebol é bola na rede. No tênis e no vôlei é bola na quadra dentro das quatro linhas. No automobilismo é quem cruzar a linha primeiro. No basquete é bola na cesta. Até no futebol americano, no rugby e no beisebol, que são um pouco mais complexos, tem linha para cruzar, base para ganhar com os pés ou rebater com um taco aquela bolinha dura no meio da arquibancada.

Bom, vamos ver aonde essa possibilidade vai nos levar.

Mexer nas estruturas é sempre bom.

Que o surf evolua sem perder o estilo.

07 perguntas para... Willian Woo

O PAULISTANO WILLIAN WOO VENDEU BISCOITOS PARA COMPRAR A PRIMEIRA PRANCHA, JÁ FOI PROPRIETÁRIO DA ATLÂNTICO SURFBOARDS, DEU AULAS DE MATEMÁTICA E ATUOU COMO INVESTIGADOR DA POLÍCIA CIVIL. AOS 41 ANOS DE IDADE E SURFISTA HÁ 25, ELE EXERCE O SEGUNDO ANO DE SEU MANDATO COMO DEPUTADO FEDERAL E AFIRMA QUE DESEJA INCENTIVAR E FOMENTAR O SURF CADA VEZ MAIS.


01. Como começou sua ligação com o surf?
Foi em 1984, quando meu pai adquiriu um pequeno negócio em Bertioga, no litoral paulista. Passei a freqüentar mais a praia e resolvi começar a surfar, mas meu pai nunca foi um apoiador do esporte. Então passei a vender biscoitos na balsa que fazia a travessia Bertioga-Guarujá, para conseguir comprar a minha primeira prancha, uma monoquilha feita pelo Thyola. Desde então, foram anos de muita dedicação e, em 1986, eu já tinha uma fábrica de pranchas de surf, chamada Atlântico. Fizemos várias pranchas lá em Bertioga. Até hoje, amigos que começaram comigo ainda continuam no ramo.

02. Como deputado federal, o que você já fez pelo surf?
Ainda muito pouco, pois estou no meu primeiro mandato que começou há dois anos. Mas tenho ajudado principalmente o surf universitário, nos Circuitos Paulista e Brasileiro. É uma oportunidade de os atletas pontuarem e conseguirem bolsas de estudo nas universidades. Eu tenho ajudado também o Circuito Paulista Pro e este ano espero colaborar em algumas etapas do WQS. Também ajudo em ações de preservação do meio ambiente, que estão diretamente ligadas ao interesse dos surfistas, e nas ações que buscam regulamentar o tow-in no litoral brasileiro. Entre as discussões sobre o surf que temos proposto, há projetos de lei para criar previdência para atletas. Procuro colaborar também com a estrutura do Hang Loose Pro Contest, em Fernando de Noronha, um dos campeonatos que mais trazem visibilidade em nível internacional.

03. E como seria essa aposentadoria do surfista profissional?
Através de debates, algumas pessoas me mandaram via e-mail essa sugestão. Na verdade, qualquer pessoa pode fazer isso como autônomo. Mas foi uma forma de conscientizar os atletas de que um dia terão que pensar na aposentadoria. Muitos partem para outras posições no ramo quando param de competir. Mas é preciso pensar que, no longo prazo, todos em qualquer atividade precisam de alguma forma de previdência pública ou privada. Hoje já existe uma modalidade que a pessoa pode recolher, de acordo com sua vontade, um valor especifico por mês.

04. Na questão ambiental, como um deputado pode ajudar?
Principalmente através de entidades que nos procuram para buscar parcerias com o poder público. Por exemplo, junto com a Sabesp, conseguimos apoio para a escola Suprema, de São Vicente, que além do trabalho ecológico, faz um trabalho de escola de surf e de integração com jovens internos da Febem. Temos ações com ONGs, que pedem apoio de sacolinhas de lixo e parcerias com a Cetesb. Esses programas são importantes porque difundem a importância de conscientizar as pessoas de recolher seu lixo da praia, principalmente resíduos plásticos, que levam mais de 500 anos para se decompor.

05. Qual a importância do eleitor jovem?
Todo eleitor é importante. O principal é o cidadão ter consciência das atividades do parlamento, um dos poderes mais importantes para a democracia. Por mais que a imagem do parlamento esteja negativa, é lá que o povo é representado. Todos os políticos que estão lá não chegaram por uma indicação política, foram votados pelo povo. Mas a qualidade do voto tem que melhorar. Um político do parlamento é eleito para fazer projetos de lei, não para freqüentar eventos e inaugurar estradas e postos de saúde. Isso é importante, faz parte do nosso dia-a-dia, mas o mais importante é fiscalizar como é gasto o dinheiro publico e fazer leis que favoreçam toda a sociedade.

06. Como você concilia seu trabalho com o surf?
Quando era vereador eu tinha tempo para surfar. Estou na política há oito anos, fui vereador por um mandato e meio, e estou a dois anos como deputado. Agora está muito difícil. Fiz uma prancha nova e levei mais de três meses para eu buscar. Antigamente, apressava o shaper para saber quando estaria pronta. Este ano tirei quinze dias de férias e não deu ondas boas no período. Durante o atual mandato fui duas vezes para Fernando de Noronha, peguei ondas pequenas. E infelizmente Brasília não tem mar. Nos finais de semana eu visito cidades no Brasil, já fui algumas vezes para a Amazônia, fui para a Antártica, Haiti, e agora estou indo para o Japão ver a questão dos brasileiros que estão sem emprego. Procuro assistir programas de surf na TV, comprar as revistas todo mês, e principalmente conviver com amigos que vivem o surf. Tento buscar um pouco dessa energia dos surfistas e levar para o meu trabalho político.

07. O que você acha da absurda cobrança das empresas aéreas sobre pranchas de surf?
Penso em criar uma legislação especifica para as pranchas. Eu acho injusto os valores cobrados. Mas ao consultar a ANAC, vi que é muito difícil legislar sobre isso. As empresas são internacionais e a legislação seria só para o Brasil. As companhias aéreas não vivem para carga, e a prancha ocupa um espaço grande na logística das bagagens. Eu já tive vários atritos com isso, inclusive quando saiu uma matéria na Fluir sobre o assunto, eu estava em Fernando de Noronha e não paguei as taxas me baseando na matéria. Há uma legislação especifica para a cobrança de qualquer mercadoria e as companhias aéreas têm liberdade de cobrar qualquer valor. A verdade é que a cobrança é pelo tipo de produto que você está levando, pelo formato e comprimento. Outra coisa que li na legislação, é que quando você quer transportar um objeto em segurança, tem de contratar um transporte de carga. A única coisa que as empresas se responsabilizam é com a mala. Penso em fazer uma pesquisa para saber quantas pranchas precisam para valer a pena mandar pelo transporte de carga. Isso pode servir para os atletas que correm os campeonatos mundo afora e para grupos de freesurfers que viajam juntos.

Perfil: Sergio Laus

O cabelo loiro estilo "tigela", os olhos claros e a cara de garoto de Serginho Laus, 29 anos, coincidentemente lembram o ator André de Biase (à época com 24 anos) no clássico do cinema brasileiro "Menino do Rio", produzido em 1981 pelo diretor Antonio Calmon ─ sobre um romance vivido entre um jovem surfista e uma garota da alta sociedade carioca. No entanto, a história desse paranaense, de fala mansa e jeito tranqüilo, nada tem a ver com o filme.

Na última década, Laus construiu uma trajetória cheia de desafios, surpresas, aventuras e até riscos de morte, marcada principalmente por conquistas inéditas e significativas num universo até então inexplorado, que lhe conferiram o status de maior especialista mundial em ondas de rio ─ ou "Tibal Bores", como o fenômeno também é conhecido ─ pela comunidade internacional de "bore riders" (surfistas de Pororoca). Há oito anos, Serginho dedica tempo, dinheiro e muita disposição para entender o funcionamento deste espetáculo da natureza tão encantador quanto destruidor, que ocorre nos Estados do Amapá, Pará e Maranhão, no Brasil, e em vários outros países. Em 2006, Laus publicou pela Ediouro o livro "Pororoca ─ Surfando na Selva", um relato sobre tudo o que viveu até então explorando a mítica onda de rio da Amazônia.

Casado há sete anos com Ana Carolina Pássaro e pai da pequena Marié (que em língua indígena significa "rio do fruto", nome de um dos afluentes do Amazonas), de quase 3 anos, Sergio Laus nasceu em Curitiba, no Paraná, em 26 de novembro de 1979. Filho de Thelma Regina Penetta Laus, de São Paulo, e Sérgio Simões Laus, de Florianópolis, seu início no surf foi incentivado pelo pai. "Passávamos os verões em Balneário Camburiú e foi lá que eu e meu irmão Alexandre, hoje com 26 anos, começamos a pegar ondas. Quando completei 10 anos, ganhei uma prancha de surf Shine, que tenho até hoje", diz Laus.

Aos 17 anos, Serginho começou a competir nos campeonatos amadores do Paraná. "Pouco tempo depois, percebi que o esporte estava meio estagnado e queria fazer alguma coisa para mudar o cenário", conta. O primeiro passo foi criar a Associação de Surf de Monções, praia que ele freqüentava com os amigos do Paraná. Serginho então buscou patrocínios e fez o primeiro campeonato da ASM. O sucesso do evento e os contatos com o mercado o levaram a colaborar com a revista "Hardcore", como correspondente do Paraná. "Cheguei a morar em São Paulo por um ano para trabalhar na redação da revista". Matriculou-se no curso de jornalismo da Faculdade Tuiuti, no Paraná, e entrou de cabeça na profissão. "Faltou cerca de um ano para eu me formar, mas foi no cotidiano de trabalho que acumulei experiência, aprendendo com nomes como Reinaldo Andraus, Edinho Leite, Alceu Toledo Junior e João Carvalho". Serginho foi sócio-fundador da "Boards", primeira revista de bolso do Paraná, e assessor de imprensa da Federação Paranaense de Surf e da Confederação Brasileira de Surf, entre outras empresas e instituições. Há seis anos ele realiza o boletim das ondas do Estado para a rádio Jovem Pan.


A CAMINHO DA POROROCA
No ano 2000, durante uma viagem para o Farol de Santa Marta, Laus foi convidado para uma surf trip que mudaria para sempre sua vida. "Eu estava com o fotógrafo Fábio Paradise na praia da Cigana e encontramos uma galera do Ceará, entre eles o Duda Carneiro e o Marcelo Tibita. Eles nos chamaram para cobrir uma barca que fariam para surfar as ondas da pororoca. Pouco tempo depois, eu estava dentro de um avião com destino ao Amapá, onde encontraria o grupo". Durante o vôo, Laus começou a ligar os fatos. Lembrou de outra viagem, que fizeram três anos antes, na companhia do fotógrafo James Thisted e dos surfistas profissionais Guga Arruda, Teco Padaratz e Saulo Lira, quando pela primeira vez ouviu falar sobra a pororoca. "No ano de 1997, junto com Eraldo Gueiros, o Guga tinha desbravado a pororoca e estava nos contando sobre as aventuras de surfar uma onda de rio cheia de trocos, plantas, piranhas, jacarés e outros animais, num cenário completamente diferente da praia. Na hora até brinquei, disse que eles eram malucos e que eu jamais faria algo parecido", recorda.

Na chegada a Macapá, ele foi bombardeado com avisos e perguntas: "Diziam pra ter cuidado com as piranhas, com as raias, se tinha tomado a vacina contra febre amarela. A primeira investida foi para a Ilha da Caviana, mas o surf não rendeu. Voltamos a Macapá e procuramos o Detur ─ Departamento de Turismo, para nos ajudar a chegar até o rio Araguari, onde havia uma pororoca maior e mais potente". O governo deu o suporte necessário a eles seguirem viagem. "No primeiro dia deu tudo certo, surfamos a onda por mais de quinze minutos e estávamos em êxtase". No dia seguinte, no entanto, eles tiveram o primeiro encontro com o real poder de destruição da pororoca. "Estávamos começando a surfar a onda quando eu e o Bibita olhamos para o lado e vimos uma lancha virando, a outra quase, os pertences na água, o Paradise afundou com a câmera, enfim, um cenário caótico no meio da selva. A situação era extrema e graças à perícia de Marcio Pinheiro, piloto que está na minha equipe até hoje, conseguimos salvar uma das lanchas e retornamos para nossa base, mas perdemos a outra. As lanchas eram do Batalhão Ambiental e tivemos que fazer Boletim de Ocorrência e prestar depoimentos sobre o incidente, foi aberto inquérito, um transtorno. Voltamos escoltados para Macapá. No fim, entenderam a situação e nos liberaram", relata Serginho sobre a primeira aventura que viveu na selva.

Na época, o paranaense Noélio Sobrinho, fundador e presidente da Abraspo ─ Associação Brasileira de Surf na Pororoca, passou a convidar Laus para participar e ajudar na divulgação dos eventos ligados ao fenômeno. Natural de Belém, Sobrinho foi um dos pioneiros do surf na pororoca, graças à proximidade e facilidade de acesso à onda de São Domingos do Capim, uma das primeiras a serem surfadas na região. “Por conta desses convites, meu envolvimento com a Pororoca foi crescendo. Eu sempre gostei de estar em contato com a natureza, adorava aventura e tinha conhecido uma onda perfeita em plena selva amazônica. Mas fazia isso por instinto. Cerca de três anos depois do primeiro contato, quando percebi o potencial turístico do fenômeno, me dei conta que aquilo poderia ser meu projeto de vida e comecei a ver a pororoca com um olhar mais empreendedor", revela. O faro jornalístico de Laus aliado à rápida e abrangente exposição proporcionada pela internet fez com que suas ações ganhassem o mundo. Sempre que alguém digitava a palavra pororoca no Google, o nome de Sergio Laus aparecia vinculado de alguma forma. "Comecei a organizar grupos para expedições, criei pacotes, fiz parcerias e a coisa deslanchou". No início as expedições eram compostas na maioria por equipes de grandes grupos de mídia internacional, como CNN, BBC de Londres, Discovery Channel, Reuters, a TV5 da França, NHK do Japão, entre outras.

No ano passado, Laus foi procurado por Jean Cousteau, filho do oceanógrafo e pesquisador francês Jacques Cousteau (morto em 1997, aos 87 anos), um dos primeiros estrangeiros a explorar a região amazônica, para dar as coordenadas a uma visita à pororoca. O paranaense também foi chamado para ser consultor e participar da nova campanha publicitária da montadora japonesa Nissan para o modelo X-Limit, cujo tema central foi a pororoca do rio Araguari. A superprodução envolveu mais de 60 pessoas, uma tonelada e meia de equipamentos, três carros vindos do Japão, três grupos de trabalho (brasileiros, japoneses e americanos) e três surfistas: o norte-americano Jon Rose, o japonês Masatoshi Ohno e Sergio Laus, a um custo aproximado de 2 milhões de reais.


O SURF NO RIO
Serginho é categórico ao dizer que o surf na pororoca é praticamente outro esporte. "Na pororoca, a gente nunca sabe o que vai encontrar e a adrenalina é sempre grande. Os bancos de lama mudam de lugar a todo o momento e o cenário parece de guerra, pois ela arrasa tudo por onde passa. Surfar a pororoca é um ritual que deve ser planejado meticulosamente", explica. Graças a exploração do surf na pororoca, as populações ribeirinhas encontraram uma nova forma de subsistência e se desenvolveram mais rapidamente. Segundo Laus, cada expedição conta com uma equipe que pode variar de 10 a 25 pessoas, entre cozinheiros, pilotos, práticos, ajudantes, além dos beneficiados indiretamente no comércio local. "Por outro lado, cada expedição com todas as propriedades abertas, ou seja, condições plenas de explorar ao máximo o fenômeno, custa pelo menos 30 mil reais para uma equipe pequena", completa Laus. Com mais de trinta temporadas na selva, ele possui parceria com a PMAP (Polícia Militar do Amapá) para troca de informações sobre a rota da pororoca, com treinamentos de navegação diante do fenômeno e apoio do Batalhão Ambiental, sempre presente nas expedições.


O RECORDE
Sergio Laus é o atual detentor do recorde de permanência em onda de rio pelo "Guiness Book". Em 2005, ele organizou uma expedição especialmente para esse fim, concluída com sucesso com a marca de 10,1 km percorridos. Entretanto, o recorde foi algo que surgiu por acaso na vida deste apaixonado pelo surf na selva. "Nunca tive pretensões de bater algum tipo de recorde. Sempre buscamos superar nossos limites e ver quem conseguia permanecer por mais tempo na onda, entre amigos. Quando surfamos 16 minutos, em 2000 no Araguari, achamos que era o máximo. Depois atingimos marcas superiores a 30 minutos. Em 2004, recebi a proposta de tentar bater o recorde do inglês David Lawson, que a nove anos detinha o recorde de 9,1 km percorridos na onda do rio Severn, no Reino Unido. Aceitei o desafio e montei toda a estrutura para atender as exigências do 'Guiness'. No dia 24 de junho de 2005, a bordo de um longboard, tive a honra de trazer para o Brasil o recorde mundial de permanência numa onda de maré". Com a quebra do recorde, veio a idéia de escrever um livro sobre as aventuras na pororoca. "Como eu sempre relatei em um gravador minhas experiências, foi fácil reunir os detalhes de nossas peripécias", completa Laus.

O livro "Pororoca ─ Surfando na Selva" traz toda a trajetória de Sergio Laus até o ano de 2006, data da publicação. Entre as inúmeras aventuras relatadas, está a expedição "Surfando na Selva ─ Mascaret", também em 2004, em que Laus e sua equipe desbravaram as ondas de rio da França, onde o fenômeno é conhecido como Mascaret. "O surf na Mascaret é mais tranqüilo, a onda é menor e mais fraca que no Brasil. Mesmo assim passamos um momento de sufoco e quase protagonizamos o primeiro naufrágio no pico", conta Laus. A expedição virou um documentário, chamado "Expedição Mascaret ─ Surfando na Selva", produção de Laus com o cinegrafista Vinicius Sguarezi sobre a primeira equipe brasileira na onda. Além deste, já foram produzidos mais quatro filmes sobre a pororoca com a participação de Serginho: "Long Wave", produção inglesa que marca os 50 anos de surf de maré na Inglaterra; "Le Fils de La Lune", produção francesa com parceria da Thallassa e TV5 que mostra as ondas de maré da França (Mascaret), China (Black Dragon) e Brasil (Pororoca); "Pororoca", produção canadense com os melhores kayaers do mundo; "Poroc Poroc Surfando na Selva", produção brasileira de Laus e Vinicius Sguarezi sobre a pororoca e a Mascaret, que encarta o livro "Pororoca ─ Surfando na selva"; e "Pororoca ─ The longest Wave Ever" (EUA - Japão), produção da agência TBWA do Japão em conjunto com a produtora americana Transition Productions para o comercial e filme documentário da Nissan.


PÂNICO NA SELVA
Ao mesmo tempo em que encanta, a pororoca pode ser extremamente assustadora e perigosa. Serginho já sentiu na pele o poder do fenômeno em situações extremas. Na segunda incursão ao rio Araguari, em 2003, ele e o ex-surfista profissional carioca Ricardo Tatuí decidiram sair remando até uma seção da onda que Laus surfara por mais de 15 minutos no dia anterior. Foram 30 minutos até a bancada de lama, de onde caminharam por mais meia hora até o espumeiro, que segundo Laus mais parecia um tsunami: “a onda tinha uns 3 metros de altura fechando de margem a margem a margem do rio. A visão era assustadora. Mesmo assim o Tatuí remou para o fundo, e na ânsia de surfar aquela onda fui atrás dele. Mas a muralha de água era mais rápida e fomos literalmente atropelados”. O carioca escapou do caldo, mas Laus ficou no núcleo da espuma, sacudindo como um palito de fósforo em uma máquina de lavar. “Foi quase 1 minuto de pânico. Segurei a prancha com todas as minhas forças, mas o fôlego acabou e comecei a engolir água. Até que finalmente consegui sair da avalanche”. Apesar de sobreviver ao tranco, Laus saiu com uma forte dor na região lombar. Depois de passar por um médico, foi constatada uma fratura na apófise lateral direita da L5, coluna lombar. Sua recuperação demorou cinco meses.

Na época, chegou a pensar em abandonar o surf na pororoca. Mas seu destino já estava traçado e o reencontro com o rio aconteceu um ano depois, novamente no Araguari, numa etapa do Circuito Brasileiro. Com o trauma superado, ele avançou na competição e chegou até a final, perdendo para o cearense Adilton Mariano. Antes disso, um episódio quase manchou para sempre a reputação da Pororoca na mídia internacional. Duas equipes estrangeiras que cobriam o evento, da CNN e de uma emissora alemã, estavam de partida. Por volta das 14 horas, eles sairiam de barco até uma fazenda próxima da base do evento, onde pegariam um pequeno avião até Macapá e de lá voariam para os EUA. No meio do caminho, o motor da voadeira que os levava parou, deixando-os à deriva no meio do rio, a poucas horas da chegada da onda. A correnteza levou o barco direto para a foz do Araguari, ponto mais perigoso da pororoca. Enquanto isso, o avião que os levaria até Macapá sobrevoou a área para ver se algo errado havia acontecido. Por sorte, o piloto avistou a voadeira encalhada num imenso banco de lama, prestes a ser engolida nos últimos momentos de luz do dia. Numa tentativa desesperada, escreveu dois bilhetes informando a situação, colocou cada um numa garrafa e passou a dar rasantes na fazenda que servia de base para a expedição, a fim de chamar a atenção dos bombeiros. As duas garrafas foram jogadas sobre a área e uma delas foi encontrada pelo sargento da corporação, que imediatamente organizou o resgate. Perto da meia-noite, quando todos já esperavam o pior, eles retornaram com os jornalistas cobertos de lama e em estado de choque, mas vivos. “Olhei para o repórter da CNN, Harris Withback, e ele fez um sinal de positivo. Vi no olhar dele que a experiência, apesar de aterrorizante, tinha sido uma grande aventura, uma espécie de batizado na floresta amazônica”, recorda Laus.

A situação mais sinistra vivida pelo “rei da pororoca” aconteceu em 2001 na ilha de Marajó, Pará. Na companhia do surfista catarinense Andreas Eduardo e do fotógrafo Motaury Porto, Laus ia competir num campeonato organizado por Noélio Sobrinho na maior ilha fluvial do país. Era a quarta viagem dele à Amazônia. A onda era tão temida que o prático contratado para levar o barco até o local desistiu a poucas horas do destino final, depois de navegar por mais de 30 horas contornando a ilha. “Diziam que a pororoca iria nos matar. Mas o Noélio arrumou um sujeito, bem esquisito, disposto a encarar a missão. Apesar da má impressão, seguimos viagem”. Porém, uma sucessão de imprevistos começou a ditar os rumos. “Na primeira noite, o barco estava amarrado a uma árvore e quase entornou depois que a maré subiu demais em pouco tempo. Na seqüência, um dos jet-skis a bordo pegou fogo próximo aos tanques de combustível, quase causando uma explosão fatal. No dia seguinte, o novo prático também desistiu e tivemos que navegar por duas horas até o ponto em que surfaríamos. Saíamos então em duas lanchas, no meio do nada e sem nenhum equipamento de segurança, rádio, GPS ou sinalizador. Chovia e o cenário era tenebroso. Quando achamos que a pororoca estava chegando, percebemos que era uma miragem. Na verdade, era um enorme banco de lama, e encalhamos poucos minutos antes de a onda verdadeira despontar no horizonte”. O pânico tomou conta de todos, e a pororoca chegou atropelando. Uma das lanchas foi atingida e deixou um grupo isolado na margem do rio, aguardando a outra lancha voltar. Ficaram algumas horas na casa de um caboclo e decidiram sair em busca do barco principal. Depois de algumas tentativas em vão, tiveram que retornar à casa do ribeirinho. “Ficamos os sete amontoados na pequena sala, que tinha uma televisão, um calendário e três redes. Nosso anfitrião preparou um banquete com carne de capivara, feijão e farinha. Nada mal para quem estava faminto, perdido na selva a 40 horas do ponto de partida. Durante a noite, ouvimos o estrondo da pororoca passando, parecia que ia derrubar a casa. No dia seguinte, saímos em mais uma tentativa de encontrar o barco principal, mas acabamos em outra fazenda, onde passamos o resto do dia e mais uma noite frio e sem muita comida, com a gasolina quase no fim. Por várias vezes, pensei em sair pela selva em busca de ajuda”. No terceiro dia, finalmente um barco apareceu para resgatá-los. “A alegria foi geral e o reencontro com o restante da tripulação foi emocionante”, conta. Antes de voltar para a terra firme, o grupo ainda teve o gostinho de surfar a pororoca, pequena e curta, na inóspita região conhecida como “Ninho das Pororocas”.


O DRAGÃO NEGRO
Entre as ondas de rio que ocorrem mundo afora, uma é conhecida como “a onda proibida”. Ou pelo menos era, até Serginho decidir surfá-la. A Black Dragon acontece no rio Quintang, província de Hangzhou, nordeste da China, próximo a cidade de Shangai. O fenômeno de maré é cultuado por milhares de pessoas, que se aglomeram às margens do rio para observar sua passagem. Antes da equipe Surfando na Selva, apenas duas equipes tentaram pegar a onda proibida: ingleses pagaram uma fortuna para o governo chinês, mas naufragaram; e franceses entraram ilegalmente e foram detidos. Era o cenário perfeito para o paranaense, que mais uma vez teria a chance de ser o pioneiro. “Por sorte, conheci um surfista brasileiro chamado Daniel que mora na China há anos. Ele topou ajudar e começou a mexer os pauzinhos. Em São Paulo conheci o deputado Willian Woo, que possui descendência chinesa e também é surfista. Ele conseguiu marcar uma audiência em Brasília com o embaixador da China. Depois de mostrar o projeto e provar que tínhamos capacidade de encarar a onda, começamos a negociar. A primeira barreira foi o custo, que beirava meio milhão de reais na época”, comenta Laus.

As negociações continuaram e os chineses quiseram fazer um intercâmbio para conhecer o Brasil, Serginho recebeu o chefe de esportes aquáticos da China, Wei Xing. O combinado era que depois eles receberiam o grupo brasileiro. “Eu, que sempre odiei política, tive que fazer um trabalho diplomático para conseguir as autorizações”. O resultado foi que eles não só conseguiram as permissões, como tiveram todos os custos bancados pelos chineses, sendo a primeira equipe com autorização oficial e totalmente patrocinada pelo governo para iniciar o surf na Black Dragon. A expedição aconteceu em julho do ano passado. Além da recepção em grande estilo, participaram de jantares com o alto escalão chinês, de reuniões com diversos departamentos do governo e foram destaques na imprensa local. Tudo isso a um mês do início das Olimpíadas. “Sempre nos levavam aos restaurantes mais chiques e serviam pratos bizarros. Para dar uma idéia, um dos melhores foi um filé mignon de Yorkshire ao molho madeira. Isso mesmo, carne de cachorro. E o pior, minha mãe tem um dessa raça. Quando contei ela ficou apavorada. Dizem que na China eles comem tudo o que possui quatro pernas, exceto cadeiras e mesas. Também comemos língua de pato, bambu, fungo de madeira, bolinho de carrapato, ovo podre, entre outras coisas que prefiro nem lembrar”, diverte-se Laus.

Para atacar o Dragão Negro, ele reuniu uma equipe formada pelos pilotos Márcio Pinheiro, do Amapá, e Glauco Vaz, do Maranhão, o big rider paulista Jorge Pacelli, com uma vasta experiência em pilotagem de jet-ski e resgate em ondas extremas, e o amigo e fotógrafo Likoska. “Na pororoca chinesa, toda a margem do rio é concretada para conter a erosão das fortes marés. Com isso o rio possui um formato perigoso, cheio de pedras, Lages e até ferros contorcidos no fundo”, explica. Após uma investida frustrada, eles finalmente conseguiram surfar ondas de até 2 metros de face no rio Quintang. “Foi uma experiência incrível e a concretização de um sonho. Conquistar a confiança do governo chinês não é fácil e temos orgulho de ter deixado nossos nomes marcados para sempre na história daquele país”, completa o paranaense, que este ano pretende realizar outra expedição para surfar o Dragão chinês, Serginho ainda tem planos de explorar as ondas de rios em países como Alaska, Malásia, Índia, Austrália, EUA, Canadá, Suíça, Alemanha entre outros.

As aventuras de Laus na pororoca ganharam as telas do cinema. Ele é um dos surfistas que participam da segunda edição do longa-metragem “Surf Adventures”, de Roberto Moura, e levará o espectador a conhecer o mundo incrivelmente inusitado e peculiar da Pororoca em plena selva amazônica.

Recentemente, Laus recebeu o título de cidadão macapaense por unanimidade na câmara dos vereadores local. A convite do governo do Amapá, ele irá passar parte do ano no Estado, promovendo o surf na pororoca com o objetivo de fomentar o turismo local aliado à expansão do trabalho que realiza como presidente do Instituto Pororoca e na ONG Maré Amazônia, da qual é idealizador e padrinho ─ e que tem como missão promover palestras, ensaios e encontros para ensinar e difundir a consciência ambiental e a divulgação da cultura nativa brasileira, pilares do projeto Surfando na Selva. “Construir uma carreira fora do eixo Rio, São Paulo, Floripa foi uma prova de persistência e força de vontade. Sempre lutei por meus objetivos e dedico tudo o que conquistei à minha esposa, Ana Carolina, minha filha Marie e minha família, amigos e patrocinadores. Tudo o que apareceu na minha vida, especialmente esse contato íntimo com a selva, fez nascer em mim a responsabilidade de proteger a natureza, de preservar a Amazônia através do surf na selva e difundir a consciência ecológica para as próximas gerações. Sei que logo minha filha irá abraçar esta causa também, que é de todos nós”, conclui Serginho. Apesar de carregar nas costas a responsabilidade de um homem, sempre comprometidos com seus valores e ideais, a cara de menino do rio será sempre sua marca registrada.