Como analisar a previsão de ondas

01. ONDE PROCURAR AS INFORMAÇÕES

Antes de tudo, é preciso saber quais as condições ideias de vento e ondulação para o pico que você pretende surfar. É importante conhecer os sites mais confiáveis que oferecem esses serviços e fazer um apanhado geral de todos. Começo vendo se tem alguma chamada anunciando a chegada de um "big swell". Acesso basicamente o Waves e o RicoSurf para ver as fotos e os boletins do dia para saber como está o mar, principalmente em Itacoatiara, onde costumo surfar com mais freqüência. Vejo as fotos, o período (quanto mais longo, melhor) e a previsão e depois entro no Buoyweather, um site americano que oferece bons mapas para os três dias seguintes. Quando preciso planejar um prazo maior, entro no WindGuru, que oferece previsão de sete dias.

02. COMO INTERPRETAR AS INFORMAÇÕES
A conclusão final será mais precisa se você checar diferentes fontes. É importantíssimo saber a intensidade e direção dos ventos e o período da ondulação para saber quantos dias vai durar o swell. Os mapas de previsão mostram tudo isso, mas é preciso prática para interpretá-los. Eles mostram a direção, o tamanho da ondulação e a que distância ela está da costa. Geralmente os sites também oferecem gráficos e até textos com essas informações já interpretadas, mas os mapas mostram a movimentação e a evolução exata das condições. Às vezes o swell vem da Argentina, chega batendo no Sul do Brasil, sobe para o Sudeste e vai até o Nordeste, sempre sofrendo mutações. Depois, existem fatores bem mais específicos, que são as condições climáticas, massas de ar quente que impedem o swell de chegar à costa, etc. Outro detalhe é saber se existem outras ondulações se chocando com a ondulação primária, pois isso interfere no resultado final do swell na praia. Para exemplificar, um swell de sudoeste (com vento noroeste) é perfeito para Itacoatiara, mas se existir alguma influência de sul no meio do caminho o swell tende a girar e já não chega tão bom àquela praia, mas pode ficar bom em outra.

03. CONHECER AS CONDIÇÕES DE CADA PRAIA
Um detalhe que faz toda a diferença é saber exatamente que tipo de ondulação e de vento são bons para as diferentes praias que você freqüenta, como foi exemplificado acima com Itacoatiara. No Brasil, a maioria das praias possui fundo de areia, poucos picos têm fundo de pedra ou coral, então é preciso saber se o fundo da areia está bom, pois isso costuma mudar com freqüencia. Mas saber a direção da ondulação e o vento é fundamental para garantir uma boa sessão de surf.

04. LEVANTAR CEDO
Acorde cedo. Além de evitar o crowd, você poderá acompanhar a movimentação do swell, que provavelmente estará em transformação durante o dia e pode atingir diferentes praias com condições variadas.

05. ESCOLHER O EQUIPAMENTO CERTO DE ACORDO COM A PREVISÃO
O ideal é possuir um quiver variado com pranchas para diversas condições de mar. Já vi vários atletas chegarem em Itacoatiara com apenas uma ou duas pranchas, entre 6 e 6'1" pés. Acaba faltando uma prancha maior, e o cara fica o dia inteiro "moscando", pois o mar sobe rápido e a "merrequeira" já não funciona. Tem que ser uma prancha média e, em alguns dias, quando rola "tow in", é bom levar uma gunzeira. Estar com a prancha certa, no dia certo, é fundamental para você conseguir fazer a cabeça plenamente. Boas ondas!

Joaquina histórico


"Eu nunca vi a Praia da Joaquina assim", esse era o comentário mais ouvido no estacionamento, nas pedras do Costão e nas mesas dos restaurantes de frente para o mar.

As ondas da Joaca começaram a mostrar força numa sexta-feira, com 4 a 5 pés, boas paredes e alguns tubos, surf na remada e só um jet para ajudar os amigos varar mais para o meio da praia. À tarde, conferi a previsão muito animadora que indicava para sábado ondas de 10 a 12 pés e, para domingo, ainda maior.

Era realidade, no sábado de manhã já havia alguns surfistas no canto esquerdo, uns na remada, outros vararam no braço e alguns preferiram a ajuda dos jets. As duplas Moura/Dê da Barra e Veloso/Renato dividiam as ondas mais no meio da praia, surfando as direitas grandes e perfeitas. Vimos do estacionamento Paulo Moura pegar um tubo de backside que até pareceu fácil. Enquanto isso, na remada a brincadeira durava até o surfista ser barrado por uma série ao tentar voltar para fora.

O piloto André Barcelos começou me rebocando nas direitas no meio da praia. A segunda que ele escolheu foi muito forte, minha Havenga 6'2" não queria descer e eu não queria ficar por ali. Aquela parede tinha muitos degraus devido à ação do vento e da grande quantidade de água se movendo, completei a onda no canal. Quando saí, vi o Dê colocando para dentro de uma seção pesada sem pensar nas conseqüências, "Dê style".

Navegamos até o canto esquerdo e a essa altura poucos restavam no outside remando. No momento seguinte, entrou uma série muito boa, passamos pelas duas primeiras quando tivemos a visão da maior. Não havia dúvida, aquela onda seria especial. Ela não parava de crescer e foi preciso muita força para controlar a prancha e passar a seção. Foi tudo muito rápido, sabia que tinha sido grande, mas você nunca tem certeza.

Enquanto isso, meu parceiro de tow-in, Adriano Matias e o paulista Ricardo Amassado se revezavam no meio da praia completamente sozinhos. Dudu Schultz e Abacaxi estavam em casa, dividindo gentilmente seu playground com todos.

Foi difícil dormir depois desse sábado e ainda tinha a previsão de ficar ainda maior. Dito e feito, quando chegamos à praia no domingo, vimos uma marca de espuma bem grande na laje, com certeza estava maior.

André assumiu a pilotagem novamente e me levou para fora, já estava cansado e mal consegui surfar minhas ondas, estava satisfeito.

Todas as pessoas presentes, que não eram poucas, tiveram o prazer de ver as duplas presentes mostrarem a eficiência do tow-in surf. Foi um final de semana inesquecível, um espetáculo da natureza bem aqui no Brasil, swell histórico. Adoro surf na remada, sempre surfei, porém, assim como qualquer um, tenho limites físicos. A opçãonessa hora é a máquina que está aí para ficar, é o presente. E o futuro?

História de Eddie Aikau


Eddie Aikau nasceu em 4 de maio de 1946, terceiro de seis filhos de Solomon e Henrieta Aikau. A família pobre de descendência havaiana mudou-se de Maui para Oahu em 1958 em busca de oportunidades ─ o Hawaii tornara-se o 50º estado norte-americano, Honolulu crescia.

Eddie largou os estudos aos 16 anos, foi trabalhar em plantação, dirigir máquina; muito apto às atividades no mar desde a infância, como os irmãos, preferia no entanto ondas.

Começou a freqüentar o North Shore em meados dos anos 60, inicialmente de carona com John Kelly, um dos californianos que mudou-se para o Hawaii na década de 50, como George Downing, Greg Noll, Pat Curren, Peter Cole, Fred Van Dyke.

Greg Noll e amigos tem o honroso mérito de primeiros a surfar Waimea Bay, em 1957. Waimea era tabu até então. Além do heiau sagrado dos havaianos no alto do morro, foi ali que Dickie Cross desapareceu em 1943.

Em 1967, dez anos após a primeira caída de Noll, Eddie Aikau começou a estabelecer sua reputação de rei de Waimea, quando uma ondulação chegou a costa no começo do inverno havaiano, em novembro.

Pelos feitos como big rider, Eddie tornou-se um dos dois primeiros salva-vidas do North Shore. Ficava sediado na temida Waimea. Pelos feitos como salva-vidas e big rider, tornou-se símbolo de orgulho havaiano.

Há relatos extensos desses feitos no livro Eddie would go ─ The Story of Eddie Aikau, hawaiian hero and pioneer of bigwave surfing, de Stuart Holmes Coleman.

Como surfista profissional, Eddie viajou à África do Sul, Austrália, e após ser finalista do Duke Kahanamoku Invitational por quase uma década, finalmente venceu o evento em 1977, em Sunset Beach.

No ano seguinte ─ em março de 1978 ─ Eddie Aikau integrou a tripulação da embarcação Hokulea, em sua segunda expedição rumo ao Tahiti. Refazendo as antigas rotas de navegação dos polinésios, o Hokulea viajava sem instrumentos de navegação e demais recursos tecnológicos, guiado somente pelas estrelas, como os antepassados.

O Hokulea partiu no dia 16 de março e, por uma série de coincidências infelizes, adernou durante a madrugada entre as ilhas de Lanai e Molokai. Seus tripulantes ficaram quase 24 horas agarrados ao casco do barco, empurrados por ondas de 15 pés e ventos de 35 mph em direção ao oceano, sem ter como pedir ajuda.

Às 10h30 do dia 17, quando as esperanças de resgate diminuíam à medida que o barco se afastava da rota dos aviões comerciais, Eddie partiu com sua prancha em busca de ajuda na Ilha de Lanai, cerca de 20 milhas de distância.

Os náufragos foram avistados por um avião de turistas japoneses ao entardecer, e resgatados de helicóptero uma hora depois. As buscas por Eddie duraram quatro dias, mas corpo e prancha jamais foram encontrados. Uma cerimônia foi realizada uma semana depois em Waimea Bay, que desde 1987 sedia o evento em sua homenagem.

Toda arte de Andrew Kidman


O homem faz filmes que já nascem clássicos (Litmus, Glass Love, etc), fotografa e ainda toca com rara beleza folk-rock, e ainda faz livros e revela outros artistas como o parceiro das ilustrações e animações, Andy Davis. Tudo isso é Andrew Kidman. COloquei abaixo alguns links para a arte desse gênio do surfe que transcende as ondas.

Vídeo: uma trip para o sudeste gelado com a cançãoc"If they only Knew", do seu álbum "The Spaces in Between.

Blog: Andrew revela a sua arte e de outros nomes raros das ondas.

Site: limus.com.au

10 perguntas para... Claudia Gonçalves

Bela e extrovertida, ela surgiu ainda adolescente no surfe competitivo brasileiro, no Guarujá do início dos anos 2000. Poderia ter sido mais uma daquelas beldades precoces e efêmeras. Não foi. Claudinha tinha surfe no pé, como sua calma e graciosidade que desenvolveria nos tubos, e vontade de evoluir. Por isso buscou o mundo das ondas mais perfeitas. Por isso teve apoio de uma grande empresa para rodar esse mundo, como atleta e modelo. Por outro lado, ela sempre teve consciência de como é duro, no narcisista negócio do surfe, não ter nascido com os seus traços delicados, pele alva e cabelos loiros. A aquariana Claudia Gonçalves, 23 anos, quer um surfe feminino brasileiro melhor não só pra ela, mas também pras Titas, Silvanas e outros talentos. Fora d´água ela luta para difundir mais o surfe das meninas como editora da revista virtual Ehlas e futura jornalista, quem sabe, da TV. Direto do Hawaii ela fez um balanço de sua vida e sonhos.





01. Quando surgiu o convite para entrar na equipe da Oakley? Como é seu trabalho na empresa como surfista e modelo?
Faço parte da equipe Oakley há quase dez anos, e sou atleta exclusiva deles desde os 18 anos. Eles sempre me apoiaram desde o início da minha carreira. Meus objetivos principais sempre foram os pódios, títulos e bons resultados como surfista. Mas também sei que sempre foi muito importante a imagem que criei, vinculada ao meu talento. Sei que um surfista completo não é feito só dentro da água, mas fora também. Procuro aprimorar os dois lados: treino bastante para melhorar a qualidade do meu surfe, mas também dou muito valor aos estudos e a minha imagem como profissional.


02. Mesmo tendo um bom patrocínio, você manifesta indignação com a situação das surfistas brasileiras que não têm rosto e corpinho de modelo e sofreram com a falta de apoio e patrocínio. Esse foi o caso da Tita Tavares, por exemplo. Como vê a situação hoje, o problema ainda acontece?
Sempre demonstrei minha indignação com a falta de apoio para os talentos brasileiros, principalmente no surfe feminino. Mas reconheço também que há um despreparo dos atletas e dos investidores em diversos aspectos. Sei que não deve ser nada fácil uma pessoa surgir do nada, de uma comunidade carente, e virar ídolo nacional; não dá para exigir muita coisa de uma pessoa em uma situação dessa. Mas vejo muito poucos patrocinadores-investidores que se preocupam em fortalecer aspectos básicos da formação dessas jovens promessas.

No exterior, em primeiro lugar os patrocinadores apóiam os estudos. Os surfistas geralmente começam a correr o tour após terminarem o 2º grau completo. Eles costumam combinar a escola com viagens para aprimorar o surfe em ondas boas e pesadas. Desde crianças têm um suporte completo, desde correr os campeonatos mais importantes até fazer viagens dos sonhos, sem contar com os investimentos nas áreas de saúde, nutrição, condicionamento físico, equipamentos, viagens etc. Depois as pessoas perguntam o que falta para um brasileiro ser campeão mundial (do WCT). A minha resposta está aí!


03. Como sua carreira evoluiu? Como andam seus planos hoje, sonha com o WCT ou quer dedicar-se mais ao freesurf?
Fiz bons resultados no Brasil como amadora, fui bicampeã colegial, campeã paulista e também campeã brasileira. Mas senti que eu deveria expandir os meus horizontes, crescer e amadurecer de acordo com as oportunidades que foram surgindo. Tive a oportunidade de surfar ondas incríveis nas Maldivas, Tahiti, Indonésia, Fiji, Hawaii, Austrália, entre outros lugares... Mas apesar do sentimento único de surfar ondas tão perfeitas, sinto uma energia inexplicável quando entro em uma bateria, acho que está no meu sangue. Sem dúvida alguma ainda sonho com o WCT. Confesso que por um momento desencanei um pouco das competições, quis explorar um pouco mais os estudos (está no 3º ano de jornalismo na Unaerp, Guarujá) e as viagens, que sem eu perceber acabaram se tornando as minhas prioridades. Mas resolvi me focar no WQS em 2009. Quero ser uma atleta da elite do surfe mundial em breve.


04. Você levou uma vida bem itinerante, já morou em Maceió, Guarujá, Floripa, Guarujá de novo. Onde está vivendo hoje e qual o lugar que mais amou morar?
Sempre tive o pé na estrada. Mas isso é de família, meu pai é piloto de avião e desde criança morei em diversos lugares por conta da profissão dele. Hoje ele brinca comigo dizendo que eu já tenho mais horas de vôo do que ele (risos). Curti muito cada momento que tive nos lugares que morei, mas confesso que o lugar mais alucinante que eu vivi foi Maceió, na praia do Francês. Morei dez anos nesse lugar, toda a minha infância vivi saudável e livre, andando de cavalo, subindo em pé de manga, coqueiro, cajueiro, jogando bola na rua e pegando onda todos os dias. Essas são as lembranças mais felizes de toda a minha vida. Quero manter um laço eterno com esse lugar. Hoje passo a maior parte do tempo no Guarujá, onde tenho família. Adoro viver lá, perto de São Paulo, das ondas (ela ama as Pitangueiras) e ainda conheço todo mundo desde criança, sem contar que meu namorado também é de lá.


05. Você e Adriano Mineirinho estão juntos há vários anos, coisa rara em jovens no mundo do surfe pró. Quando começaram a namorar e como explica esse relacionamento tão duradouro?
Começamos a namorar super cedo, ele tinha 17 e eu 19, mas já nos conhecíamos há bastante tempo e sempre fomos bem amigos. Tenho certeza que nosso relacionamento dá certo por levarmos a mesma vida, é muito mais fácil de um entender o outro. Temos amigos em comum, lugares, desejos, sonhos. Somos pessoas diferentes, mas com os mesmos objetivos. Isso nos faz caminhar juntos, fortalecendo ainda mais a nossa aliança a cada dia.


06. O que mais admira no Mineiro e o que aprendeu com ele, dentro e fora d´água?
O que eu mais admiro no Adriano é a sua vontade de crescer e evoluir a cada dia. Tudo o que ele faz é pensando nos objetivos como surfista profissional. O surfe está em primeiro lugar e ele sempre deixou isso bem claro pra mim. Eu sabia que se quisesse fazer parte da vida dele eu estaria sempre depois do surfe. Isso me fez crescer muito e pensar da mesma maneira; como uma surfista profissional em primeiro lugar e depois nas outras coisas, como no namorado (risos). Aprendi e continuo aprendendo muita coisa com a determinação e força de vontade do Adriano, ele me estimula e me incentiva a ser uma verdadeira surfista, de corpo e alma.


07. Você já afirmou na mídia que é uma profissional bem regrada, que não fuma, bebe ou se joga na noite. O surfe pró-brasileiro conhece algumas histórias de surfistas talentosos que se perderam na night e drogas e brecaram suas carreiras. Por outro lado, isso não acontece com as meninas do surfe brasileiro, que parecem mais comportadas e conscientes que os homens. O que os prós brasileiros têm a aprender com vocês?
Não acho que isso depende do sexo masculino ou feminino. Às vezes penso que os surfistas em geral precisam ser mais regrados, ter mais horários, responsabilidades, foco e etc. Por outro lado, sei que não é nada fácil administrar a carreira, os horários de treino no surfe, natação, malhação e viagens. Mas acredito que essa é a hora de ganharmos nosso espaço, mostrarmos a verdadeira essência do nosso esporte, que já mudou e vem mudando ainda mais a cada dia. Muito diferente dos anos 70, quando éramos marginalizados, taxados como vagabundos. Hoje somos esportistas, saudáveis e privilegiados de poder viver fazendo o que mais amamos e recebendo para isso, mesmo que seja uma quantia bem diferente a dos outros esportes no mundo. Mas o mais importante é que somos felizes por fazer o que amamos!


08. Sua arte de entubar é elogiada por sua leveza, estilo e calma dentro dos tubos. Como e onde desenvolveu essa técnica?
Bom, aprendi a surfar em um lugar muito tubular, o Leprosário, na praia do Francês (Maceió), por isso sempre fui acostumada com ondas rápidas. Mas também tive muitas temporadas de Fernando de Noronha antes de conhecer outros lugares do mundo. Tive oportunidade de me aprimorar primeiro nos tubos do que nas manobras.


09. Você consegue levar uma vida boa com o salário que ganha no surfe? E as outras meninas, o surfe pró-brasileiro já é uma bela profissão ou pensa que o dinheiro ainda é curto em sua modalidade?
São poucas as meninas que conseguem viver bem só do surfe no Brasil. Dou graças a Deus que eu consigo. Mas me esforcei muito para chegar onde estou. Nunca quis ser apenas uma surfista profissional, sempre sonhei em estudar e trabalhar, independentemente de ser surfista. Mas as coisas tomaram outro rumo na minha vida. Eu escolhi o surfe como profissão, mas isso não me impediu de terminar o 2º grau na escola, cursar uma faculdade e estudar inglês. Acho que esses aspectos contam muito na hora de arrumar um bom patrocínio, pois acredito que as empresas procuram sempre um exemplo quase perfeito de atleta, o típico "Kelly Slater"; qual patrocinador não queria tê-lo na sua equipe?


10. Fale um pouco do seu trabalho na revista virtual Ehlas? Tem outros sonhos de trabalho no jornalismo das ondas?
Posso dizer que a revista Ehlas foi a minha maior realização como jornalista e surfista profissional, pois consegui reunir as minhas duas maiores paixões. Como jornalista tem sido uma ótima experiência para colocar em prática tudo o que eu aprendi e continuo aprendendo na faculdade. Como surfista, sempre sonhei com uma revista que mostrasse a nossa verdadeira identidade, nosso dia-a-dia, conquistas, batalhas, nosso charme, beleza e irreverência! Quando me surgiu a idéia de fazer uma revista, falei com a minha amiga e surfista profissional, Brigitte Mayer, da minha vontade em fazer alguma coisa para a nossa modalidade. Sabia que ela era a pessoa certa. Essa parceria se transformou na única revista especializada em surfe feminino no país hoje, juntamente com nossos sócios, Rick Werneck, Roberta Borges e Monika Mayer. Vou mentir se disser que eu quero para por aí; no futuro tenho vontade de trabalhar com o jornalismo esportivo televisivo, quero apresentar programas de esportes radicais, melhor ainda se for o surfe. Estou estudando para tentar unir a minha experiência como surfista com a faculdade de jornalismo, para fazer um trabalho completo! Mas o WCT está em primeiro plano.

Felipe Braz


Desde os nove anos Felipe se arrisca na praia da Macumba, já foi bodyboarder, mas encontrou a felicidade quando subiu numa prancha a pedido dos amigos. Hoje, com 17 anos, mostra que o que deseja é surfar. Mesmo com seu jeitinho tímido de ser, vem conquistando seu espaço. Já foi Campeão Brasileiro Iniciante Amador e também Campeão Carioca Mirim.


Bom para todo atleta é poder contar com a família, amigos e namorada. "Minha mãe vai sempre aos campeonatos comigo, me dá muita força. Quando eu tinha um ano meu pai faleceu, mas o pai do eu amigo, o Márcio Pastori tem me apoiado bastante. Está sendo como um pai pra mim", disse o carioca que também conta com a ajuda de Jerônimo Telles, seu técnico.

Felipe está no colégio, cursa o terceiro ano, faz inglês e ainda tira um tempinho para treinar no seu pico preferido, o CCB, no Recreio dos Bandeirantes, Rio. Já foi pro Peru, há possibilidades de pisar pela primeira vez em terras havaianas, mas o sonho mesmo é conhecer as Ilhas Mentawai, de preferência no inverno.

O garoto tem algo em comum com os tops da elite mundial: em dias flat, gosta de jogar tênis. Agora, para ter algo semelhante ao seu ídolo Kelly Slater, precisa aprender golfe, pois o cara é fera nesse esporte também.

Pretende logo se tornar surfista profissional, para isso tem treinado bastante. Se não tivesse caído de cabeça no surf, talvez hoje o carioca estaria com outros planos: prestar vestibular para Direito. Mas como os tubos, as manobras e os aéreos cruzaram seu caminho, a história com certeza terá outro desfecho.

A vida!


Que sensação é essa que nos dá força, vontade, nos faz história. O que é isso que amorosamente permeia a tudo, toca, cuida e faz a toda manifestação ser igualmente sagrada e em infitas formas, cores, texturas, aromas, energias, olhares! O que é essa criativa força bruta que pode ser percebida, sentida, vivida! Farta por si só, generosa, justa, quem pode questionar a vida! Essa força que por aqui passa, no planeta das dualidades, parece que ora está em nós e ora está fora. Não passa de uma mistura, de um gosto de misturar, experimentar o que de nós pode estar no fora e o que de fora pode estar em nós! Isso é ecologia, saber que um tanto de nós está no fora e vice versa. A vida constante e amorosamente permeia o eu e o coletivo, regula, equilibra, experimenta, melhora, cria!

Isso não é doido?

Uma árvore que inspiração é essa? Que ser é esse? Símbolo da generosidade, da fartura, de não falta, símbolo da união entre o céu e terra, símbolo dessa alquimia.

Que ser é esse que vive da luz e alimenta da terra!

Uma árvore faz sombra, faz possível o ar, troca com a terra. Dá seus frutos sem intenção alguma, a quem quer que queira, degustar, usufruir dessa experiência e abundância! Manifestação sagrada do Planeta!

Já repararam como muda o visual, a energia o clima, a vontade, etc. quando estamos em um parque ou mesmo ao lado de uma Árvore?

Quem pode dizer que nada muda?

É certo que milhões de coisas acontecem por aí, a tão falada Amazônia, desmatamento, etc... mas é certo apenas saber disso e entregar ao futuro, apenas assistir? Porque não pensar agora, agir agora, perceber o fluxo da vida do agora, se apropriar desta força de vida e sair na sua calçada e plantar uma Amazônia, no sentido de que, se na nossa porta está sem verde estéril, limpinho só cimento, conviver com isso também é cortar com a vida, também é desmatar a Amazônia. Na nossa porta podemos fazer algo desde cuidar de uma árvore ou na ausência dela, plantar uma. Tenha certeza que esta atitude de vida ajuda a Amazônia... acredita, é sério, pois, estar energia de vida que vive em você vai para o coletivo e alimenta o Planeta como um todo!

Bem é lógico que plantar uma árvore ou até mesmo um vaso, de alguma outra espécie vegetal, implica em alguns conceitos e conhecimentos básicos, mas, são necessários para que a atitude tenha êxito. Desde conhecer sobre algumas necessidades destes seres, tipo água, nutrientes, até saber que existem espécies de árvores adequadas para calçadas, levando-se em consideração altura, fios elétricos, raízes, etc.

Billabong Pro Tahiti


Num verdadeiro show de surf, o norte-americano Bobby Martinez derrotou o aussie Taj Burrow na final do Billabong Pro Teahupoo nesta terça-feira no Tahiti.

Com ondas em torno de 2 metros e algumas séries maiores, Bobby, que já havia sido campeão em Teahupoo em 2006, somou dois high scores para vencer o australiano por 18.36 (8.73 e 9.73) a 16.10 (8.17 e 7.93). Taj ficou em combinação e precisou de 18.47 para reverter o resultado.

Pelo título, Bobby leva US$ 40 mil de premiação, enquanto Taj fica com US$ 24 mil. Esta foi a quarta vitória do californiano de Santa Barbara no World Tour. Agora são duas vitórias em Teahupoo e duas vitórias em Mundaka, Espanha.

Jolly Vague


Essa é uma onda pouco explorada, principalmente por brasileiros. Quem apresentou pra galera foi o potiguar Rodrigo Jorge. Era um dia de ondas fraquíssimas em Teahupoo quando ele convidou para conhecer este pico realmente especial. Uma esquerda, a uma hora de barco, ao sul de Papeete, que quebra com swell fraco e proporciona surf de quatro a seis pés, de sonho! Não posso divulgar o nome verdadeiro a pedido dos locais. Jolly Vague é como a chama o local Morama. Quem quiser caçar é só começar. Ela está lá, quebrando sozinha... ou quase. Existe outra por perto.


→ Como é o drop?
A onda é rápida, pede um drop meio que botando pra dentro, mas é mais fácil que Teahupoo.

→ É cumprida, curta... quantas manobras?
Não chega a ser uma onda muito longa, mas vi o Alemão de Maresias pegar dois tubos numa só. Aliás, o segundo é o melhor para as fotos, é mais largo. O legal é que permite manobras, inclusive aéreos para finalizar.

→ Melhor época?
Quebra o ano inteiro, só que a melhor época é de julho a outubro, quando o vento está mais fraco.

→ Como ir?
De avião: São Paulo ─ Santiago ─ Ilha de Páscoa ─ Papeete (Tahiti) ─ Mais uma hora e meia de barco até chegar ao paraíso.
Geralmente as pessoas que vão para lá se instalam em casas de família, como a do Morama, um tahitiano que mora em Vairao. Eles cobram mais ou menos 50 dólares a diária, com café da manhã e jantar. A diária do barco para chegar em Jolly Vague custa 100 dólares, podendo ser dividida pra quem estiver na barca. Chegou lá, é só ir atrás da onda.

→ O que levar?
Pranchas pequenas, cordinha curta, um belo calção, protetor solar, óculos escuros e o primordial: água, muita água! Ficar no meio do mar, com 40°C sem água doce por perto, é cruel.

→ Localismo ou crowd?
Crowd quase não tem, mas o localismo é forte. Para ser bem aceito, exige-se humildade.

→ Dias de flat é bom para...?
Quando não tem ondas só da para mergulhar naqueles corais maravilhosos e ficar viajando nos peixinhos coloridos. Existe noitada em Papeete, mas são muito caras. A pegada mesmo, no Tahiti, é o surf. Acordar cedo e dormir muito cedo. Às cinco da manhã já rola a pilha das ondas e às oito e meia da noite o lance é ir deitar. No dia seguinte... mais surf.

Bem-vindos a Faixa de Gaza


E a coisa nesse ano começou da pior maneira possível. Essa semana a porradaria quase comeu lá na Guarda do Embaú. Também já tinha ouvido comentários de um conflito entre pescadores e surfistas no feriado de 1º de maio na praia Central de Garopaba, quando cerca de 100 surfistas foram impedidos de cair na água por pescadores. Policiais foram chamados para intermediar a situação. E isso que a temporada da pesca da Tainha ainda não tinha começado...


Já não é de hoje que estes conflitos existem. E essas discussões como sabemos nunca dão em nada. O Ibama, órgão regulador da pesca no litoral brasileiro, determinou nesse ano um defeso da Tainha prorrogando para o dia 15 de maio o início para a temporada de pesca da espécie, que se estende até o dia 15 de julho.

Independente de portarias, determinações, resoluções, a verdade é que nunca se produziu um estudo cientifico detalhado que comprove que os surfistas espantem os cardumes. Na instrução normativa que trata da pesca da tainha, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), não há qualquer proibição à prática do esporte durante a safra do pescado.
Cabe agora discernimento e bom senso entre pescadores e surfistas para evitar novos confrontos. O sistema de bandeiras foi funcional nos últimos anos e deve voltar a partir do dia 15. É simples: o mar subiu, o surfe está liberado. As ondas estão pequenas, barcos na água.
Agora, proibir o surfe quando também não se pode pescar, aí já é demais. Isso é uma ignorância total.

Se liga!


Desde que comecei a surfar, sempre achei que o maior benefício que o surf pode proporcionar é a curtição do espírito de camaradagem, ou como dizem no Hawaii, espírito de Aloha. É como se você comemorasse o fato de ter conquistado um desafio, no caso, chegar no outside, e ter o prazer de compartilhar isso com alguém com uma visão de mundo igual a sua.

Isso é um fato incontestável: a grande conquista do outside é uma emoção comum a todos no mundo do surf.

E mesmo com inúmeras transformações ao longo dos tempos e gerações, com equipamentos, mares e limite diferentes, o que fica é aquela sensação única de euforia que se tem ao surfar uma onda nova.

Imagine o que seria dessa experiência se você não tivesse com quem dividir essa emoção, ou ao menos pudesse contar para alguém, mesmo que passasse por mentiroso. É aí que reside grande parte do espírito de Aloha: a confraternização entre os surfistas, que, mesmo com origens e culturas diferentes, sempre se entenderam bem ao longo dos anos.

O surf é um prazer universal, assim como a música, o sexo, a arte, ou umas boas risadas com os amigos. Todo mundo entende e se emociona sem precisar de legendas ou traduções. Não fosse isso, nosso esporte não estaria tão difundido pelos quatro cantos do planeta. Surf é surf, em qualquer lugar que você esteja, aquela emoção de se divertir e compartilhar uma conquista vai estar lá.

Infelizmente hoje estamos muito longe dessa antiga realidade. Tudo está acontecendo tão rápido que quase não acompanhamos mais a evolução do esporte. Chegou a hora de pagar o preço. O crowd está aumentando, chegando a um ponto irreversível!

Onde vamos parar? Acho que esta é a grande preocupação do mundo, pois ele está ficando cada vez menor. Os picos estão mais escassos e as ondas mais disputadas e com isso, lá se vão a paz e a curtição entre amigos.

Qual outro motivo, se não o egoísmo, para um surfista local botar um “haole” pra corre? Se pensarmos na relação prática entre muita gente para pouca onda, até daria para entender. Mas não, esta disputa envolve coisas maiores, como o próprio meio ambiente.

Tem gente que, para surfar, é capaz de derrubar matas virgens e construir pousadas, campings e tudo mais, formando bairros e depois cidades em volta dos picos famosos. Basta olhar para Jeffrey’s Bay e ver o que ela era no começo de sua história e o que virou 20 anos depois. Tudo em nome do prazer de surfar uma onda maravilhosa. Causa nobre, mas será que o preço pago não foi alto demais?

Tive a oportunidade de ver de perto a reação das pessoas ao assédio de suas praia. São pessoas furiosas que não admitem que seus picos sejam invadidos. Eles sentem-se donos das ondas e do prazer de surfá-las, como se isso fosse um direito exclusivo de poucos felizardos. Se fosse assim, jamais iríamos evoluir. E o mundo precisa evoluir, de preferência mais rápido que todas essas mudanças, para termos a chance de entender tanta confusão.

Não dá para imaginar que, só porque você tem a sorte de morar em um lugar com boas ondas, elas serão somente suas.

Acho que nosso único caminho a seguir é a preservação! Mas preservar o quê? Chegou a hora de preservar o bom senso, os picos e a educação, que dosada em grandes escalas, pode garantir praias limpas, camaradagem e muito espírito Aloha.

Todos temos aquela inevitável atração pelo surf, mais uma razão pela qual devemos desenvolver uma boa relação com ele. Se passarmos para dentro d’água todos os problemas do mundo em terra firme, vamos acabar tomando vários “caldos” da vida. O sossego e a paz interior do surf irão embora, tornando o nosso esporte prejudicial à saúde ao invés de benéfico. Daí a razão de preservar esse espírito de amizade, assim teremos por mais tempo o prazer de uma onda em nossas veias.

Não sei se estou viajando em um mundo imaginário ao acreditar que o surf tenha o potencial de mudar as pessoas, fazendo-as evoluírem de forma verdadeira, coisa que tanto precisamos hoje em dia.

Mas prefiro sonhar e sair d’água feliz a lavar os problemas do mundo para lugares sagrados como as ondas!



Foto: Wavetoon

Fábulas de surf


Na teoria, o surf é baseado em fatos concretos: os movimentos coordenados do surfista, a medida precisa de cada prancha, a forma da bancada de coral, força e direção do vento. Tudo isso existe, não é fruto da nossa imaginação. Entretanto ainda há vários fatores relacionados ao surfe que não poderíamos dizer o mesmo: as mirabolantes histórias de trips incríveis, as quais os fatos nem sempre batem com a verdadeira versão, a famosa "sabedoria" adquirida após tantos anos em contato com o mar. Essa é a verdadeira fonte de inspiração para tantas histórias não tão "reais" quanto parecem.

Hoje em dia a gíria popular é o famoso "K.ô". Existem duas palavras chaves: o quase e o se. "Se o vento virasse... quase saí daquele tubo" e por aí vai. As lendas de surfistas ainda não se consagraram como as dos nossos amigos pescadores mas em compensação no quesito imaginação não estamos muito longe. Mitos vivem na memória de quem escuta aquelas histórias maravilhosas que só os surfistas sabem contar e só um ser da mesma espécie consegue captar. Histórias que ao serem contadas são automaticamente imaginadas pelo ouvinte e projetadas como um sonho. Todas cativantes, longas e interessantes demais para não acreditar.

O mundo do surfe é cheio de mitos, mais do que qualquer outra atividade humana. Não se sabe ao certo quem começou, mas na minha opinião este costume veio da época hippie, a qual a emoção e o verdadeiro espírito do surfe ainda existiam e valiam mais que qualquer coisa. Na real, o mito desafia o fato. Normalmente as grandes histórias místicas evitam explicações factuais e nem todas são tão legais quanto uma bela lorota surfística. Quando mais novo, eu costumava ouvir histórias de um surfista da época do Píer de Ipanema. Este grande surfista costumava contar fatos mirabolantes sobre suas viagens incríveis e sobre seu super amigos com apelidos hilários. Uma clássica era sobre um grande swell no sul do país, há muito tempo atrás. "O flat predominava no Rio por mais de dois meses. Mas eu já acompanhava um bom swell no sul do Brasil mas que com certeza traria uma corrente forte e água muito fria." ─ o surfista previu. "Eu e mais quatro amigos entramos no meu fusca, colocamos umas pranchas dentro e dirigimos do RJ até o sul do país. Durante uma semana pegamos altas ondas e não tiramos a roupa de borracha nem para dormir devido ao frio que reinava no lugar".

Isso é uma coisa impossível de acontecer mas poderia até ser verdade pensando na maneira espetacular que ele contava suas aventuras. Este experiente surfista criava em nós, dúvidas maiores que a nossa compreensão e espírito. Quem de nós duvidaria de tanta convicção? Assim ele nos preparou para vida de histórias do mundo do surf com ninguém mais poderia.

A sociedade moderna sempre se baseou em livros para obter a verdade. Mas nem sempre foi assim. O maior dos mitos do surf é a sua própria criação ou descoberta. Os polinésios, supostamente os criadores/investidores/pioneiros do ato de deslizar sobre ondas não tinham linguagem escrita. Então acreditavam no poder da palavra oral. Suas fábulas de grandes embarcações, temporais e swells gigantescos se desenrolaram com o tempo até que alguém as escreveu e o mito nasceu. Anos depois muitos já acreditam que surfistas adoram se torturar contando casos extraordinários sobre aquele mar clássico de ontem. Quem já não deu uma "aumentadinha" sobre aquele mar, ou aquela vaca que virou um quase aéreo com a mão na borda? Aquela viagem de barco que seu camarada não pode ir porque tinha que trabalhar. "Pô tava melhor que G-Land na temporada passada, mas a câmera naõ funcionou, eu juro!". Se você não fizer, alguém contará por você. Você estava lá, ficou a olhar aquele pico maravilhoso flat, mas reparou em cada detalhe para poder contar exatamente como era e fazer sua lenda soar verídica.

Águas, ruas, halfs e neve profunda


A revista virtual 7 Sky faz algo raro no mundo dos esportes de prancha: oferecer a cultura do surfe, skate e snow em textos, fotos, vídeos e, sobretudo, pautas ousadas e criativas. Que outra revista oferece um texto, Higher Ground, do renomado jornalista e surfista Matt George amplificado com vídeo de uma canção feita inspirada no texto de Matt, pela belíssima voz de Heather Nova? E a canção, exclusiva do site, ainda pode ser baixada free! A preciosidade é apenas um dos links da seção Emotion, em que histórias escritas são completadas com vídeos e áudio. A 7 Sky ainda tem portfolios, arquivos e alguns dos textos, imagens e filmes mais belos e profudos da net das ondas, neve, ruas e halfs.

Wake Up


O vídeo do carioca Tiago Garcia traz, além de muito surf de alta performance, uma mensagem de preservação da natureza. Como o título sugere, "Wake Up" ("Acorde" em português) é um apelo por uma maior conscientização ecológica. As sessões são intercaladas com fatos e estatísticas que apontam a extensão da influência humana no meio ambiente. Com imagens capitadas no Tahiti, Peru, Indonésia, México, Austrália e Brasil, a ação é de primeira. Destaque para as seções de Pedro Henrique e Mineirinho, que empolgam pela alta performance. A parte de Everaldo "Pato" também não fica atrás ─ principalmente nas esquerdas sinistras do oeste australiano. Ainda tem muito surf de Trekinho, Jihad Khodr, Victor Ribas, Alejo Muniz, Thiago Camarão, Guilherme Tripa e Léo Hereda, entre outros. Os extras trazem mais Tahiti e Noronha, além de entrevistas com os protagonistas. Misturando muito surf com a promoção de uma causa nobre, "Wake Up" acerta no alvo.

Surfando a "marolinha" da crise

O que o presidente Lula chamou de marolinha vem se mostrando Pipeline 10 pés. Sim, a crise que assola o mundo capitalista chegou ao surf. Boatos de quebras de empresas, atletas de ponta sem patrocínio, eventos importantes com número pequeno de inscritos, tudo isso é reflexo da ruína do mercado financeiro no último trimestre de 2008, fazendo com que as projeções deste ano se tornem nebulosas.

No início de janeiro último, surgiram informações de que a Quiksilver estaria "quebrada". A gigante da surfwear, até então maior empresa do ramo, tinha feito uma série de aquisições que se mostraram equivocadas, estava com dificuldades em renovar impréstimos bancários para poder ter capital de giro e demitiu centenas de funcionários. Oras, se uma potência como essa passava por sérios problemas, o que seria do restante das marcas? Sua situação agora parece estar estável após a venda da DC Shoes e a renovação de contratos com bancos.

Menos mal que a Billabong, outra mega empresa, soube administrar melhor seus negócios e se mantém afastada de boatos catastróficos. Mesmo assim assinala que não pretende esbanjar. A própria decisão de aproveitar a brecha dada pela ASP e já usar em 2009 o novo formato que diminui em um dia as etapas do WCT já demonstra um certo pensamento de que a redução de custos pode ser uma tentativa de facilitar as coisas para não alterar muito o calendário de eventos do Circuito Mundial, já diminuído com a saída da Globe, em Fiji. Lembre-se, a Billabong banca quatro das dez etapas do ASP World Tour (Teahupoo, J-Bay, Mundaka e Pipeline).

O Hang Loose Pro Contest em Fernando de Noronha, foi outro caso típico dos efeitos da crise. Apenas 96 competidores estiveram no arquipélago brasileiro em fevereiro para disputar a etapa 5 estrelas, que em 2008 teve status prime. Destes 96, alguns locais ganharam vagas pela falta de surfistas para completar as 24 baterias da primeira fase e apenas 13 estrangeiros resolveram embarcar para lá, sendo que nenhum deles era atleta de ponta.

A Abril Eventos, que realiza o SuperSurf junto com a Abrasp, também corre atrás do tempo para definir mais um patrocinador fechando a cota necessária para não ter prejuízo na promoção do Circuito Brasileiro. Ninguém pode descartar a hipótese de menos uma etapa das cinco que acontecem, já que é preferível diminuir ao invés de sumir.

Os atletas, sempre o lado mais fraco, sofrem com perdas dos patrocínios. Raoni Monteiro, Léo Neves e Pedro Henrique são alguns dos que estão com os bicos de suas pranchas sem logo. Os três citados, que tem mais apelo de mídia, simplesmente não conseguem arrumar marcas para bancar suas altas despesas devido a necessidade de disputar o WQS. Com o dólar beirando os R$ 2,50, os gastos aumentaram mais de 30% inviabilizando projetos e dando uma desculpa a mais para as marcas na hora de renovar ou dispensar surfistas. Sem contar que parece existir uma idéia fixa entre os empresários de que atualmente vale mais a pena investir nos mais novos, mais baratos e com menos dor de cabeça, educando-os como profissionais e preparando uma geração mais voltada para a linha bom moço "Mineirinho", que mostra ser mais coerente com que se espera de um atleta de alto nível.

Até o calendário do WQS, com seis eventos do Brasil, me parece surreal, visto que com a expectativa do dólar alto e o poder público sendo obrigado a cercear seus custos, pelo menos 1/3 das provas que constam na lista podem ser eliminadas. Pessimismo? Não, apenas constatação. Se o cenário não melhorar, acho que a ASP South America também será uma das vítimas da tsunami devastadora do mercado financeiro.

Torço, junto com todos, para que as coisas se acertem e que o surf não fique prejudicado mais do que parece estar. É bem verdade, que em épocas de crises surgem as grandes idéias na busca para driblar os problemas da falta de grana. O que o surf precisa no momento é de pessoas responsáveis, equilibradas e que não metam os pés pelas mãos. Não adianta querer fazer projetos mirabolantes sem condições para tal. Da mesma forma que não será dispensado um atleta que a empresa irá se capitalizar. Todas as ações devem ser pensadas em conjunto e a aposta de que este mar de ressaca vai acalmar é a melhor maneira de não cometer atos impensados que apenas irão enfraquecer o mercado do surf como um todo.

Um mergulho pelas telas de Hilton Alves

O mar, de alguma forma, sempre esteve presente na vida do santista Hilton Alves, que, desde os 10 anos de idade pega onda seja de pranchinha ou de bodyboard. Em 2000, começou a dar as primeiras pinceladas e até hoje não parou. "Comecei a pintar por acaso, sozinho. Trabalhava na loja de surf do Jorge Pacelli (big rider natural do Guarujá e dupla de tow in de Haroldo Ambrósio) e nesta época eu ocupava meu tempo entre uma venda e outra desenhando e pintando. Sempre levava essas artes pra lá e colocava nas paredes. Resolvi dar uma chance a mim mesmo, e, em 2001, fui expor na Surf & Beach Show, em São Paulo, sem mesmo saber se haveria lugar para a exposição das minhas obras. Consegui o espaço e vi que poderia traçar um novo rumo na minha vida com meu talento. Desde então, não parei mais de pintar", diz.

Ondas perfeitas, tsunamis, praias, animais marinhos e, claro, o surf, são os ingredientes que dão origem a seus quadros. Segundo o artista plástico, cada pessoa prefere um tema, uma arte em si, "eu faço as mais variadas pinturas envolvendo o oceano e seus elementos", fala ele. Para dar vida a suas obras Hilton conta que utiliza diferentes tipos de tintas, materiais e técnicas como "látex, óleo, tinta automotiva, uso também pincéis, técnicas de air brush, placas de madeira, telas, entre outros. Geralmente, em tudo que vejo possibilidade de pintar, vou lá e jogo tinta", completa.


"Estou tentando ir pro Hawaii o ano que vem, se eu conseguir quero ver de perto Pipeline quebrando, colocar uma tela e um cavalete de frente para a onda e pegar a energia do local", afirma, ressaltando também que pretende continuar levando sua arte para as crianças, uma atividade à qual se dedica há algum tempo. "É uma coisa que me dá prazer, mostrar meu trabalho para os carentes e ajudar, quando possível através das vendas de minhas obras. Uma forma de inclusão social por intermédio da arte", concluiu Hilton. Além das exposições que participa, ele também vende suas obras através do site.

A prancha enquanto enigma

Só fui descobrir anos depois, mas a minha primeira prancha de surf era tão ruim quanto linda. Me lembro que dentre tantas na surf shop, foi ela, e apenas ela, que me deixou hipnotizado. Não queria saber de mais nenhuma. Eu queria muito aquela branca com borda vermelha. Com uma sugestiva pintura tradicional, aquela Hot Buttered era pra mim uma tremenda Ferrari, e muito me ajudou no primeiro ano de surf, até ficar inchada, amarelada e com uma enorme trinca no meio. O fato de ela ser o maior toco e muito parecida com uma tampa de caixão não fazia a menor diferença para mim. Eu achava-a linda. E isso bastava.

Os anos foram se passando, virei adolescente, fiz amigos surfistas, tive que pensar em pranchas, e comecei a me relacionar com shapers. E essa era a parte mais difícil da minha vida de surfista. Pegar tubo em pé? Mole. Batidão na cara? Tranqüilo. Lidar com o crowd de Pipeline? Sem problemas. Agora, entender de prancha sempre foi o mistério dos mistérios. Não um qualquer, mas o maior enigma do surf pra mim.

Nunca entendi nada disso. Invejava, secretamente, parceiros que ficavam horas discutindo sobre o futuro do rocker, por exemplo. Rocker pra mim era Mick Jagger, ora bolas. Espessuras, bicos, rabetas, edges (guitarrista do U2?), curva de fundos, melhores blocos para shapear ─ tudo grego. Por mais que eu me esforçasse, esse universo de medidas e curvaturas não entrava na minha cabeça nem por um decreto. Fiquei anos fingindo que entendia, driblando situações embaraçosas, enganando aqueles que sabiam ainda menos do que eu e pediam minha opinião sobre suas pranchas. Na real, eu tinha era vergonha de ser surfista e de não entender do assunto. Achava um mico.

Foi só outro dia que consegui tirar esse peso das costas. Li na revista que o Roger Waters, baixista e principal compositor do Pink Floyd, tinha complexo de inferioridade porque não sabia ler música e que só resolveu esse problema quando, recentemente, Eric Clapton lhe disse: “Você compôs muitas das músicas mais importantes do século XX e é um grande músico. Nunca deixe ninguém lhe dizer o contrário”. Caramba, como pode um cara como o Roger Waters, responsável pela obra-prima Dark Side of the Moon, entre tantas outras, que vendeu milhões de discos e é incensado por meio mundo, ser inseguro como músico? E se ele que é o Roger Waters pode, eu que não sou ninguém também posso com essa história de prancha.

Mas o melhor foi que, ao aceitar essa minha deficiência, eu finalmente compreendi que não tenho que entender de prancha coisíssima nenhuma. Assim como um músico não precisa saber como funciona seu instrumento. Só precisa tocar. Eu também, só preciso surfar. Quem tem que entender de prancha são os shapers. Eles é que têm a obrigação de me decifrar, entender o meu surf, a minha necessidade, e fazer a prancha certa. Eu preciso é de um shaper que me salve do embaraço de ter que ficar explicando como eu quero a prancha. Chega a ser ridículo, é um tal de: “... Ah... faz... uma solta e... rápida... e que seja... segura e não dê de borda... e que tenha boa remada... e que segure no tubo... e que... ah... faz uma vermelhinha boa e não me enche!”.

Cobertura Florianópolis Cine Action



Mandada quase que oficialmente para cobertura do Florianópolis Cine Action que ocorreu no último dia 30 de abril, tive a oportunidade de conferir de perto este que foi uma prévia da grande Mostra Mundial que acontecerá no final de 2009. O evento idealizado por Jorge Baggio, bodyboarder catarinense formado em cinema, teve a felicidade de receber os mais importantes personagens da cena mostrando seu trabalho, contando com a presença de fotógrafos, diretores, produtores, além de estudantes, simpatizantes, enfim, apaixonados por esportes de ação e natureza. Realizado no centro de eventos da Universidade Federal de Santa Catarina, o ambiente criativo universitário não poderia ter sido melhor.

Com filmes muito bem produzidos, o mar, a terra e o céu estiveram muito bem representados através do surf, skate e a alucinante corrida de aviões. Passaram pela tela da UFSC filmes de Bruno Bez com Lisergia e a Premiere Sincronia, -Q 21 de Gustavo Camarão, Nalu de Rafael Mellin e o auge da sessão com o lançamento do filme mais esperado: Fire, The Movie. Estrelado pelo oito vezes campeão mundial de bodyboard, Mike Stewart. O havaiano compareceu pessoalmente e presenciou a estréia do seu mais novo registro feito após 12 anos viajando pelo mundo atrás das melhores ondas. Além de muito bem produzido e dono de um formato alternativo, o filme ganha a característica de conceito, uma vez que enaltece a importância do papel do homem na preservação do planeta, além da menção a situação caótica que vive a sociedade atual.

No campo da fotografia pude conferir as exposições de Basílio Ruy, Agobar Junior e Rick Werneck, todos sempre com belíssimas fotos das melhores ondas e paisagens paradisíacas ao redor do globo. Tão importantes quanto os áudio visuais e as fotografias, foi a matéria sobre o russo Dziga Vertov, interessantíssima que contava a história do cineasta, documentarista e jornalista criador da conhecida grande angular, "olho de peixe" ou "fisheye", tão utilizada na fotografia do surf mundial.

Mais uma vez os esportes de ação e natureza, estiveram muito bem representados e apresentados ao público. Com um compromisso levado a sério e uma equipe focada, a prévia não poderia ter sido melhor e deixou um gosto de quero mais. Bom, o "mais" só no final do ano, portanto, aguardemos, pois seis dias de muita cultura, arte, cinema, esportes e natureza esperam para novamente receberem prestígio daqueles que fazem desses aspectos um estilo de vida.

O super-homem do surfe



O waterman e ultra-big rider. O homem do corpo perfeito, o modelo dos modelos de surfista em forma. O rei das ondas extra-gigantes, o cara que foi simplesmente o primeiro a dominar uma Teahupoo colossal. O inventor de brinquedos revolucionários para o surfe e outros esportes extremos. Tudo isso é Laird Hamilton e está condensado no livro "Force of Nature". Dieta alimentar, treinamento, estratégias mentais, crenças espirituais, desafios em ondas gigantes, prevenção e recuperação de lesões, sua alta inventividade como a prancha que flutua sobre as ondas (foil board) etc, está tudo lá. Laird ainda revela como dominar o medo, a adversidade e a negatividade adotando uma postura positiva que cada novo dia promete. Desconfio um pouco desse perfil parecido com livro de auto ajuda, mas como duvidar do surfista mais bem preparado da história?

História de Surfista


Ondas pequenas enfileiravam-se pelo oceano em direção a praia. O tempo no início radiante piorou com o passar dos dias, contudo não alterou significativamente as condições. Muito menos o entusiasmo dos surfistas da região. Era feriado e a todo o momento carros e mais carros aproximavam-se trazendo mais uma leva de surfistas admirados e loucos pra surfar aquelas ondas. Afinal, não era pra menos, mesmo sem um bom tamanho, era fato: que terral maravilhoso acariciava essas ondas, delineando-as perfeitamente.

Mesmo com o crowd intenso nada tirava o ânimo de um casal que caminhava em direção ao pico vindos da outra ponta da praia. Num papo animado, de mãos dadas, passando um pouco de frio, cada um levava uma prancha. Provavelmente imaginando e idealizando as ondas que os esperavam. Droparem, dando o melhor de cada um e depois contarem um ao outro, com a mesma animação da primeira onda de suas vidas.

O que relativamente aconteceu: ela após um ano longe das ondas, dedicando-se aos estudos tentava voltar ao ritmo dos oceanos. Com um misto de empolgação e aflição já não via a hora de voltar aos velhos tempos de suas boas esquerdas e belas direitas. Ele um surfista nato daqueles que para por dez anos e volta como se tivesse surfado todos os dias de sua vida, seria seu professor.

E lá foram eles
ela ansiosa, ele tranquilo
ela medrosa, ele corajoso
ela empolgada, ele centrado
ela eufórica, ele decidido
ela o amando, ele a amando
ela esquecera o que é surfar, ele sonhava em reacender o surf nela.

Passando a arrebentação, uma situação muitas vezes crítica para sua "princesinha do mar", desta vez foi tranquila ao lado do mais novo mentor. A primeira onda surgindo no horizonte, ela rema, ele a apoia "rema, rema não para"

Segunda onda... "rema mais forte"
Terceira... "não esqueça: remadas lentas e profundas"
Quarta... "vai, vai... levanta!"
Quinta...
Sexta...

Após tantas tentativas a contagem já tinha sido abandonada. Não se sabe ao certo quando foi, mas enfim, aconteceu. Ela rema, seus braços já não mais acostumados a tantas remadas dão seu máximo. Ele grita "vai, não pára", ela ergue o peito, respira fundo, as pernas levantam todo o corpo, olha bem para aquela parede lisa abrindo-se para sua passagem e então dropa.
A sensação é fantástica, quase que uma "segunda primeira onda" de sua vida. Ele vibra, a felicidade é imediata, vê-la passando com um sorriso no rosto e sentir-se bem por ter feito parte disso é maravilhoso. Depois de todo o êxtase, ali mesmo, em meio a zona de arrebentação, os dois ignoram por um minuto toda a grandeza do oceano ao redor e se beijam.

Enfim,
Ele um surfista dedicado, interessado, sobre o surf ninguém sabe mais do que ele.
Ela uma menina, meio mulher, surfista de alma, na prática? Apenas em potencial.

Ninguém sabe ao certo como e nem porque. O fato é que com uma ilha mágica como cenário, estes dois se encontraram e lá iniciaram uma história. Escrevem-na como a linha de surf sendo desenhada nas ondas. Lenta e calmamente, aproveitam cada detalhe, aprendem com cada curva, crescem a cada drop e reerguem-se após cada caldo.

Hoje? Vivem seu feliz pra sempre, obrigada.
Obs.: Marcando o retorno a realização de um sonho. (é pra sempre)

Pioneiros



A baía de Santos assistiu o primeiro surfista brasileiro a levantar-se sobre uma prancha em 1934. Thomas Rittsher (foto) resolveu fabricar um daqueles estranhos barcos que descobriu na revista Popular Mechanics e imitar os sujeitos que viu nas fotos. E caminhou sobre as ondas. Bem, não foi assim tão fácil como ele mesmo contou: "Sem a mínima orientação comecei a remar nas ondas com a ponta estreita da tábua voltada para frente. Percebi, entretanto, que ela tendia a afundar, inclinando-se para frente, o que obviamente impedia de correr toda a onda. Resolvi então inverter a posição da prancha e colocar a ponta arredondada para frente, foi aí que funcionou." Depois de descobrir o que era rabeta e bico e o prazer de "andar sobre as ondas" ajudou seu amigo João Roberto Haffers, a construir uma segunda prancha. Surgiu o primeiro crowd. Mais pranchas e novos praticantes apareceram na praia. Osmar Gonçalves era um deles. E assim o surf caminhou por ali, sobre as ondas, tranqüilo e quase despercebido até o começo dos anos 60.