GAROTO PRODÍGIO

Pense rápido.

Qual o nome de um jovem talento de sangue brasileiro que vive nas ilhas havaianas? Se o primeiro que veio na sua mente foi Kiron Jabour, errou feio. Estou falando de Ian Gentil, a mais nova sensação do surf havaiano e, muito em breve, mundial. O garoto de sotaque carregado quando se aventura no português, apresenta leveza e habilidade extraordinárias sobre a prancha. Sua vontade de aprender e realizar grandes feitos é infinita. Determinação para colocar-se em situações desafiadoras, maior ainda.

Na maioria das vezes, previsões se evaporam quando o destino se torna as rédeas. Mas Ian cresceu imerso no melhor ambiente possível para um surfista. Seu pai, João Gentil, é dono do Beach Park de Fortaleza, o maior parque aquático do Brasil. No começo dos anos 90, João foi para o Hawaii pela primeira vez e achou o lugar ótimo para criar a família.

Sob os olhos atentos do pai e os cuidados da mãe Patrícia, Ian te um lifestyle de dar inveja a qualquer surfista e garoto da sua idade: surfa altas ondas em frente de casa, conta com patrocínios sólidos e uma família apoiadora ─ todos os ingredientes necessários para o sucesso.




Seu irmão mais novo, Conan, e a irmã caçula, Joy, já foram fisgados pelo vírus do surf e adoram brincar no mesmo parque de diversão do irmão. A filosofia da família Gentil, amável e apoiadora, reflete-se na frase pendurada na parede. “Pensamentos viram palavras, palavras viram ações, ações viram hábitos, hábitos viram personalidade, personalidade vira destino”.

Ian nasceu no dia 12 de fevereiro de 1996. Ele tem uma natureza quieta e tímida, mas literalmente se expressa na água, surfando. Também gosta de pintar e desenhar ─ muitas vezes em suas pranchas. Surfa há apenas cinco anos e acerta facilmente manobras que incomodam (e muito) os mais velhos. Ele se inspira em atletas como Dane Reynolds, mas ainda vê o surf como diversão ─ mesmo sabendo o que o espera no futuro, para Ian o surf ainda não é uma profissão. Seu estilo solto e fluído é derivado de sua outra paixão, o skate. Ian gosta do estilo de Jordy Smith porque “parece que ele nem tenta”. Atualmente patrocinado pela ...Lost, Nike e Da Kine, tem muitas das facetas que os patrocinadores procuram: boa imagem agregada a surf de primeira qualidade. Estudar pela internet o ajuda a surfar a qualquer hora, mas ele se dedica a conseguir boas notas e se orgulha disso. Seu time de amigos grommets inclui Cody, filho de Buzzy Kerbox, o multi-talentoso Kai Lenny e Matt Meola, aerialista um pouco mais velho de Maui. Ian vem sendo treinado pelo amigo da família, o big rider baiano Yuri Soledade, destaque toda vez que Jaws quebra grande.

Mas onde será que ele se vê em dez anos? A única resposta que conseguiu dar foi: “não casado”. Quando questionado se já tivera medo, consente com a cabeça, de cima para baixo, “num mar em Sunset Beach e numa viagem de avião”. Seu pico preferido fica em frente a sua casa, em Maui, uma baía de areia cercada por rochas, chamada Sugar Cove. O fundo de areia é ideal para deixar o surf afiado para qualquer tipo de condição. O mais importante: Sugar Cove não tem crowd, então Ian e seus amigos podem se divertir à vontade, puxando o nível um do outro. Quando o tema é viagem, ele conta que o seu destino preferido é a Indonésia, onde esteve no ano passado com alguns brothers de Maui: “uma experiência única”, revela. Às vezes, Ian se arrisca em ondas maiores, mas por enquanto segura a confiança na velocidade necessária.

O que o futuro aguarda para Ian Gentil é tão grandioso quanto seu currículo de manobras. Andy Irons já rasgou elogios ao garoto, que já provou suas qualidades no NSSA Nationals (principal circuito amador dos Estados Unidos) do ano passado, em Lower Trestles, onde ganhou com direito a algumas notas máximas no caminho até a final.

Quando lhe perguntei onde pretende estar num futuro próximo, disse apenas: “surfando”. Nada mais comum para alguém da sua idade do que encarar a vida dia após dia, do jeito que deve ser. Se continuar aproveitando as oportunidades tão bem quanto tem feito, é certo que em poucos anos veremos Ian tornar-se um freesurfer incrível, fluído e espontâneo, ou um competidor fantástico, com uma faísca maliciosa de sede de vitória no canto dos olhos. De um jeito ou de outro, o mundo que se prepare.

TAM LIBERA PRANCHA ─ MAS SÓ SUA MERREQUEIRA


A TAM resolveu seguir os passos da Gol e Azul (conforme publicado) e liberou o transporte de pranchas de surf sem nenhuma cobrança. Mas há um porém. De acordo com o site, “pranchas de surf com comprimento máximo de até 274cm (incluindo a soma de todos os lados) estão inclusas na franquia de bagagem do passageiro”. Eu medi a capa simples de uma 6’0” e surpresa ─ o comprimento, largura e espessura somaram exatamente 270cm. A companhia aérea afirma que não cobra pela condução de até três pranchas, desde que estejam na mesma capa. No entanto, uma capa que suporta três pranchas de surf ─ ou uma gunzeira / longboard ─ certamente passará do limite imposto. Apesar de a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) declarar que esse tipo de cobrança não faz parte da legislação vigente, outras linhas aéreas continuam cobrando pela “bagagem especial” na hora do check in.

O SONHO CONTINUA


O MCD Charger In Memory of Zeca Scheffer foi um marco para a cidade de Torres (RS) e provou que, com respeito e organização, o surf pode ser um aliado na preservação da ilha dos Lobos. No último dia 10 de junho, numa manhã típica de frio e sol no Sul do país, esporte e consciência ambiental se uniram para homenagear o big rider local Zeca Scheffer. Surfista de alma, Zeca fez história por sua coragem frente aos desafios e pela dedicação aos seus sonhos. Salvou muitas vidas em resgates no mar e recebeu homenagens de honra ao mérito do corpo de bombeiros. Desbravador do surf de ondas grandes na ilha dos Lobos e na laje de Jagua, ele faleceu há quase quatro anos num acidente de carro na BR-101, em Santa Catarina.

Diversas entidades da comunidade, atletas locais e convidados estiveram presentes em uma sessão cerimonial de surf. Surpreso com o espírito de solidariedade que encontrou em Torres, o carioca Stephan Figueiredo declarou: “Foi um dia de confraternização e não uma competição, bem mais legal que eu imaginava. A continuidade de um sonho realizado depois de anos”. Seguindo as restrições exigidas pela autorização do ICMBio (entidade governamental que preza pela preservação do Revis da ilha dos Lobos), a organização adotou todas as medidas necessárias para que a prática do surf na remada fosse feita com segurança e não afetasse os leões-marinhos e os lobos-marinhos. “Surfar na ilha sem agredir a natureza era a maior preocupação do Zeca”, disse o local Cristiano Cardoso.

Numa linda manhã, com vento terral, o sol da alvorada refletia no mar e iluminava os participantes reunidos em um barco numa área segura da Unidade. Porém para os surfistas as condições estavam desafiadoras: “A onda é um tubo animal. Havia uma correnteza absurdamente forte e pra se manter no pico era uma corrida contra a força d’água”, afirmou Marcelo Trekinho. Os locais surfaram com muita garra em memória do saudoso amigo e relembraram alguns momentos de suas vidas. “Lembro como se fosse hoje quando fui à ilha com o Zeca pela primeira vez. Pra mim foi muito emocionante poder voltar e surfar a onda como uma forma de homenagem. Esse evento na ilha foi um sonho do Zeca realizado”, disse Rodrigo Cardoso.

Ao término das baterias, na cerimônia de encerramento organizada no alto do morro do Farol, após ter acompanhado todas as ações em um telão ao vivo, a comunidade aguardava ansiosa pela premiação. A galera de Torres dominou as primeiras posições, com Daison Pereira em 4º, Emerson Peres em 3º, e Felipe Martins em 2º.

Isso porque a primeira colocação já tinha dono desde o início. Para surpresa dos presentes, o troféu foi entregue à família Scheffer, num dos momentos mais emocionantes do dia. “Na hora da premiação, quando a família do Zeca recebeu o troféu de campeão, foi um sentimento puro e chorei como todos que estavam ali”, lembrou Trekinho.

Diz o ex-Top do World Tour e convidado Paulo Moura: “Tive a honra de fazer parte de um evento especial e participar da realização do sonho de um guerreiro. Foi emocionante sentir o vazio da perda de uma família ser preenchido, mesmo que por alguns instantes, pelo orgulho de ter o sonho do filho realizado”. Em nome da família, a irmã de Zeca, Fernanda Scheffer, agradeceu: “Para nós é importante saber que ele é lembrado entre tantos amigos e desconhecidos. O sonho dele foi realizado, não como a gente gostaria, mas tenho certeza de que ele estava ali surfando com a galera. A saudade aumenta a cada dia e conforta ver que ele vivia cercado por pessoas boas, que considero amigos e irmãos”.

Em seguida uma contrapartida ambiental foi anunciada ao ICMBio e um bote inflável de quatro lugares com motor de 40 HP foi entregue à entidade para auxiliar na preservação da Unidade. Ao corpo de bombeiros de Torres, roupas de borracha foram cedidas para colaborar nos salvamentos. Posteriormente, Ney Cantarutti Jr., chefe do Revis da ilha dos Lobos, ministrou uma palestra às crianças da rede pública de ensino, estimulando a criação de redações sobre o meio ambiente local. Os melhores textos foram premiados com brindes especiais do evento. “Esse encontro foi uma coisa que fizemos por um irmão que não está mais aqui. É um trabalho pra durar muitos anos. Estamos dando continuidade ao ideal de um guerreiro”, completou o amigo e organizador César Kruger.

O evento contou com a participação do professor e biólogo Christian Luz, do oceanógrafo João de Mendonça Furtado e do procurador da República Ricardo Trunfo. “No decreto da re-categorização da Unidade para Refúgio da Vida Silvestre em 2005, foram previstas atividades esportivas e de recreação. Apesar da polêmica gerada pelo assunto ao longo dos anos, o evento foi antecedido por estudos e teve respaldo nos vários segmentos do ICMBio e no Ministério Público”, ressaltou Ney Cantarutti Jr, chefe do Revis da ilha dos Lobos.

A ilha dos Lobos é um aglomerado de rochas disposto há quase 2 quilômetros da beira da praia. Ali se abrigam, em sua maioria, machos adultos e juvenis de lobos-marinhos e de leões-marinhos que migram do Uruguai e Argentina, principalmente durante o inverno, além de diversas espécies de peixes e aves. A pesca e o desembarque dentro da área da Unidade não são permitidos. O surf no local segue proibido. O formato do evento buscou demonstrar que a prática ordenada do esporte pode ocorrer de forma sustentável e servir como aliada na preservação do meio ambiente, dando continuidade ao trabalho que Zeca Scheffer deixou para a comunidade de Torres, um legado de surf e consciência ambiental próprio de quem dedicou sua vida ao mar.

Superação de vida e de surf

Em todo esporte, sempre foi e será muito difícil ser o melhor do mundo. Quando nos dedicamos integralmente a um esporte e atingimos o nível superior no que fazemos, quando sentimos o momento, é chegada a hora de sermos os melhores do mundo. É disso que vou falar nesse artigo: em ser o melhor do mundo.


GERAÇÃO BRASIL
Ser brasileiro e viajar o mundo sempre forma uma difícil combinação. As barreiras começam com a diferença do idioma e da moeda. Depois aquela discriminação que extravasa fronteiras, já que temos um velho preconceito de ‘jeito Brasil’. No surf temos dificuldades para surfar sobre corais e point breaks, porque aqui no Brasil quase não existe esse tipo de onda. A principal diferença e dificuldade está também em nossos maus hábitos. O atleta brasileiro ou de quaisquer outros países emergentes, para ser aceito mundialmente, tem que ser muito bom no que faz e, principalmente, ter uma educação exemplar, acima da média nacional, além de atitude dentro e fora d’água, no caso do surf.

O surf brasileiro tem história, e não é de hoje que estamos atuando no ambiente internacional. Nossas origens no surf não são tão antigas quanto à dos havaianos, australianos ou americanos, mas já existem por aqui gerações de surfistas desde os anos 1950 e, acredito, até antes, com as primeiras referências dos anos 1930, como mostra em réplica à própria coleção da Árvore Genealógica dos Shapers no Brasil.

O brasileiro, no que diz respeito à competição, apareceu no cenário internacional no início da década de 70. E desde então, nossos surfistas representaram com dignidade o Brasil, fazendo parte quase que integral do Circuito Mundial, numa crescente, progressiva evolução, em entradas e performances, com alguma ou outra queda.

Já vivemos gloriosas conquistas. Em 1976, a lenda Pepê Lopes vencia o Waimea 5000 no Rio e no mesmo ano surfava na final do Pipeline Master no Hawaii, numa época de total glamour. Em 1977, na final do Waimea 5000, período IPS, fizemos a dobradinha brasileira dentro d’água, onde outra lenda, Daniel Friedmann, o campeão, e Pepê Lopes, brindaram no topo do pódio.

Durante a década de 80 um esquadrão da minha geração representou o Brasil no Hawaii e em campeonatos da ASP mundo afora. Valdir Vargas, Ricardo Bocão, Roberto Valério, Rico de Souza, Picuruta e Almir Salazar, Fred D’Orey, Carlos Burle, Sérgio Noronha, Felipe Dantas, Renato Phebo e Tinguinha Lima, e diversos outros inclusive eu, em minhas dez temporadas no Hawaii, junto do Murilo Brandi, Jorge Pacelli, Xan Brandi, Flavius Cinira, Zecão, Tarzan, Anésio Amaral... Abrevio os nomes de tanta intimidade com esses caras.

Em 1988 Fabio Gouveia era sagrado campeão mundial amador em Porto Rico, e em 1990 vencia uma etapa do Circuito Mundial profissional. Victor Ribas, Teco Padaratz e Ricardo Tatuí venceram etapas na França durante a década de 90. Peterson Rosa venceu um WCT no Rio em 1988, mesmo ano em que Carlos Burle foi campeão mundial de ondas grandes, em Todos Santos, México. Em 1999 foi a vez da dobradinha brasileira em Huntington Beach, no US Open, onde Neco Padaratz e Gouveia tomaram a cena.

Neco também já venceu uma etapa do WT na Europa, no início dos anos 2000. Em 2009 o Carlos Burle recebeu a primeira coroa de campeão mundial de remada, de um circuito oficial de ondas grandes. Aliás, Burle, é bicampeão mundial de ondas grandes, o único até o momento. Burle é o exemplo máximo de profissionalismo e disciplina.

Foram anos de preparação dos grommets brasileiros, viagens e investimentos na base. Hoje o surf cresceu, e o Brasil tem uma geração fortíssima e preparada. Esta é a geração mais forte que já tivemos, toda inspirada no fenômeno Kelly Slater. Adriano de Souza, que lidera essa revolução contemporânea, ocupa um merecido lugar entre os Tops 10 do ranking mundial, e está em igualdade de condições com qualquer outro, uma hora ele vai chegar...

Jadson André chegou ao WCT com uma garra fora do comum. Com apenas 19 anos e um surf radical e diferenciado, venceu a etapa brasileira do WT 2010 com direito a vitória sobre o eneacampeão mundial na grande final. Brilhante! Ele tem apetite e gosta da competição, assim como vários outros garotos dessa nova cena Brasil.

A nova geração brasileira está fazendo fila para ingressar no World Tour. E em breve, aposto num Top 16 recheado de brasileiros. Gabriel Medina, Jessé Mendes, Wigolly Dantas, Alejo Muniz, Caio Ibelli, Ian Gouveia, Yan Guimarães, Peterson Crisanto, e por aí vai. Quem viver verá, porque essa ‘seleção’ está formando agora ‘Os meninos de ouro do Brasil’.

SLATER CONQUISTA O CONGRESSO

POLÍTICOS AMERICANOS RECONHECEM OS FEITOS DO ENEACAMPEÃO MUNDIAL KELLY SLATER


Depois de inspirar gerações de surfistas e admiradores com suas conquistas em campeonatos e uma carreira e imagem irretocáveis, o floridiano Kelly Slater chamou a atenção também dos políticos americanos. Durante um ano, o deputado republicano Bill Posey trabalhou forte nos bastidores do Congresso para mostrar aos seus colegas que Slater é muito mais do que um herói local ou um ícone do surf.

De acordo com os levantamentos de Posey, a força da imagem de Kelly ajudou a indústria do surf a crescer mais de 10% nos últimos cinco anos, gerando atualmente um faturamento anual de US$ 7 bilhões ─ desse montante, US$ 2.47 bilhões são provenientes das vendas em surf shops, segundo informações da Transworld Business (números de 2008).

Por isso, no último mês de maio, o Congresso dos EUA prestou uma homenagem a Slater e aprovou o projeto chamado “Resolução Kelly Slater”, reconhecendo o surfista por suas conquistas, por ser um embaixador do esporte e um grande exemplo de cidadão. “Slater tem trabalhado arduamente para dominar um esporte que muitos tentaram, mas poucos realmente foram capazes. Seu recorde de títulos mundiais é impressionante e digno de reconhecimento”, justificou George Cecala, porta-voz de Posey ─ que representa o distrito ao qual pertence Cocoa Beach, praia onde Slater nasceu e cresceu.

Aos 38 anos, Kelly Slater possui nove títulos mundiais e já venceu 43 etapas do Circuito Mundial, além de seis títulos do Pipeline Masters, no Hawaii, um dos eventos mais cobiçados do World Tour, e um troféu de campeão do tradicional Eddie Aikau Invitation. Em 2002 deixou seu nome registrado no “Surfers Hall of Fame”. Slater foi o surfista mais novo a vencer um título mundial, aos 20 anos, em 1992, e também o mais velho, aos 36, em 2008. Até a próxima etapa do WT, em julho na África do Sul, Kelly lidera o ranking mundial em busca do seu décimo caneco.

RECEITA DE SUCESSO

SE NÃO É O MELHOR, O SURFLINE CERTAMENTE É O SITE MAIS INFLUENTE DO PLANETA, FAMOSO POR SUAS CÂMERAS NO HAWAII, NA CALIFÓRNIA E NO MÉXICO, BEM COMO POR SEU CONTEÚDO RICO EM FOTOS, ENTREVISTAS, VÍDEOS E ARTIGOS POLÊMICOS. EU OUVI JONNO WELLS, CEO DO SURFLINE, E ELE EXPLICA AS RAZÕES DO SUCESSO DO CONCEITUADO SITE INSTALADO EM FRENTE AO PÍER DE HUNTINGTON BEACH, CA.
01. POR QUE O SURFLINE É UM DOS MAIORES SITES DO MUNDO? QUAL O SEGREDO?
Nossa equipe ama o que faz e acho que estamos sempre evoluindo. Trabalhamos diariamente para desenvolver nosso produto e torna-lo cada vez melhor.

02. QUANTAS CÂMERAS O SURFLINE POSSUI E QUAL DELAS TEM MAIOR AUDIÊNCIA?
Temos cerca de 120 câmeras. A popularidade depende das condições do mar, mas ao longo do ano as mais acessadas são Huntington Beach, Pipeline, Ventura e Malibu.

03. VOCÊS TÊM PROBLEMAS COM LOCAIS POR CAUSA DA COBERTURA DAS CONDIÇÕES DO MAR COM CÂMERAS?
Raramente. Somos bastante sensíveis a respeito de onde não devemos colocar câmeras. Somos surfistas e respeitamos o fato de que nem todo pico deve ter uma câmera. O interessante nas pesquisas que temos é que as câmeras ao vivo são efetivas para mostrar aos surfistas o quanto o pico está crowd, para ajudar na decisão de surfar num local mais vazio. O uso de câmeras não causa o crowd.

04. QUAIS AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O SISTEMA DE PREVISÃO DO SURFLINE (LOLA) E O DA MARINHA NORTE-AMERICANA (NOAA)?
A principal diferença é que o LOLA roda em nossos servidores e possui muitos dados, incluindo informações geradas pelo próprio NOAA WaveWatch III. O sistema do NOAA é feito para estimar swells em alto-mar e não calcula a altura das ondas. Swell e tamanho do surf nas praias são coisas diferentes. São relacionadas, mas são diferentes dependendo dos componentes das direções do swell, batimetria (medição da profundidade do oceano) e recorte do litoral. Todos estes fatores devem ser calculados para prever a altura das ondas em praias específicas.

05. VOCÊS COSTUMAM TER PROBLEMAS COM O FÓRUM?
Paramos te ter problemas porque não usamos mais fóruns abertos. Agora temos discussões moderadas sobre tópicos de surf. Os usuários podem subir fotos, vídeos, textos sobre eventos e fazer comentários sobre o esporte. As discussões seguem abertas e bastante opinativas, mas não são publicadas se estão fora de contexto. Nosso negócio é surf, não falamos de política, religião ou futebol. Existem vários lugares onde as pessoas podem falar abertamente a respeito desses assuntos.

06. O SURFLINE TEM PUBLICADO RECENTEMENTE MUITOS ARTIGOS E VÍDEOS A RESPEITO DO SURF BRASILEIRO. QUAL SUA OPINIÃO SOBRE O ESPORTE NO BRASIL?
Surf é um esporte global. Grandes surfistas e ótimas histórias do surf surgem em todos os lugares do planeta. O Brasil tem bons surfistas e que oferecem uma grande contribuição ao esporte. Carlos Burle, por exemplo, teve uma temporada épica no último inverno no Hawaii. O Surfline cobriu não pelo fato de Carlos ser brasileiro, mas por ele ter dado uma grande contribuição ao esporte de uma forma global. O Brasil possui uma rica história no esporte. Não é uma surpresa haver tantas contribuições vindas do Brasil.

07. QUAIS PAÍSES GERAM MAIS TRÁFEGO AO SURFLINE?
EUA, certamente, além de Austrália, Canadá, Brasil, Reino Unido. Fora dos EUA, cresce a porcentagem de usuários diários.

08. QUAL A MAIOR AUDIÊNCIA JÁ REGISTRADA PELO SURFLINE?
No ano passado chegamos a ter em um dia 225 mil usuários individuais.

09. QUAIS OS PLANOS PARA A EXPANSÃO DO SURFLINE?
O plano é tornar o site melhor, mais acessível e mais interessante para um número cada vez maior de surfistas ao redor do mundo. Nós gostaríamos de trabalhar com muitos parceiros pelo planeta, assim podemos criar novas idéias e produtos melhores em conjunto para os surfistas.

Pedaladas & Cutback

ESTE ANO A COPA DO MUNDO ACONTECE PELA PRIMEIRA VEZ NA ÁFRICA DO SUL, PAÍS QUE POSSUI UM LITORAL REPLETO DE ONDAS BOAS E PODE SER O DESTINO PERFEITO PRA QUEM SE AMARRA EM FUTEBOL E SURF. PESQUISEI BASTANTE E PREPAREI UM ROTEIRO COMPLETO PARA VOCÊ ACOMPANHAR OS JOGOS E, ENTRE ELES, PEGAR ALTAS ONDAS NOS POINTS SUL-AFRICANOS.


A Copa do Mundo 2010 da FIFA acontece bem no meio do inverno na África do Sul. Pode não ser a época ideal para os amantes do futebol, mas é uma bênção para os surfistas. Os meses de junho e julho normalmente recebem potentes ondulações de Sul/Sudoeste, que nascem no Atlântico Sul e explodem na ponta Sudoeste do continente, se moldando conforme se movem em direção às costas leste e oeste. Combinados com os ventos certos, estes swells são responsáveis pelas linhas perfeitas de J-Bay e pelos tubos de North Beach, em Durban. Com estádios situados na Cidade do Cabo, Durban e Port Elizabeth, os visitantes podem dividir seu tempo entre os jogos e sessões incríveis de surf. Mas fique esperto: o inverno africano pode ser sinistro com suas temidas tempestades, fortes ventos e surf irregular.

Assim como o Brasil, a África do Sul abriga uma eclética mistura de povos e culturas, com 11 línguas oficiais e muitas histórias interessantes. É também um país de contradições, em que cidades modernas e riquezas escondidas atrás de muros altos e grades contrastam com a pobreza e as favelas da periferia. Em boa parte do interior e da região costeira, as pessoas vivem de pecuária e agricultura e moram em casas feitas de barro e palha a várias gerações. As duas regiões costeiras são totalmente opostas. Saindo da Cidade do Cabo em direção à fronteira com a Namíbia, a costa oeste vai se tornando mais desértica à medida que você avança. Essa faixa isolada do litoral é repleta de picos de esquerdas intocadas e bancadas inexploradas, muitas delas com acesso limitado por estar dentro das áreas de minas de diamantes. Seguindo pela estrada federal N2 é possível chegar à agradável costa leste, passando pela cidade de Hermanus, famosa pela atividade de observação de baleias, e pela Garden Route (rota do jardim), que abriga belas cidades e inúmeros points de direita. Ao longo do caminho está a estrela local, Jeffrey’s Bay, pointbreak que habita os sonhos dos surfistas desde o seu descobrimento, nos anos 60. De lá, são 75km até Port Elizabeth e quase 900km até Durban. Saindo de Port Elizabeth rumo ao norte, a estrada chega a East London, maior cidade antes de Durban. Com seus morros esverdeados, praias intocadas e rios exuberantes, a “Costa Selvagem” apresenta uma face diferente da África do Sul. É o berço do ex-presidente Nelson Mandela, além de centro da cultura Xhosa. Vacas vagam pelas praias enquanto pescadores tentam a sorte nas encostas. O clima é de relax total. Muitos mochileiros se hospedam no Coffee Shack, em Coffee Bay, para passar apenas algumas noites, e emergem depois de duas semanas sem perceber que o tempo passou. Se você pretende acompanhar a Copa do Mundo “in loco”, lembre-se de que pode aproveitar para pegar altas ondas numa viagem de carro alucinante entre Cidade do Cabo, Port Elizabeth e Durban.


Port Elizabeth


ESTÁDIO: Nelson Mandela Bay
JOGOS: 8
CRONOGRAMA:
12 de junho: Coréia do Sul × Grécia
12 de junho: Costa do Marfim × Portugal
18 de junho: Alemanha × Sérvia
21 de junho: Chile × Suíça
23 de junho: Eslovênia × Inglaterra
26 de junho: Oitavas de final
02 de julho: Quartas de final
10 de julho: Disputa pelo terceiro lugar

SURF:
Port Elizabeth não é o melhor lugar para surfar, mas é possível encontrar boas ondas. Seguindo pela rodovia à beira-mar, Marine Drive, você passa pelas praias de fundo de areia mais populares, que funcionam melhor com ventos de Sul. Mais ao Sul do porto, perto do antigo píer, Humewood oferece bons tubos quando está quebrando. The Pipe, em Pollock Beach, é um pico freqüentado pela garotada. Mas o maior atrativo de Port Elizabeth é o fato de estar a apenas 75km de J-Bay. Os intervalos de três dias entre cada jogo da Copa são suficientes para você dar uma esticada até lá, encontrar hospedagem e surfa sessões insanas de seis horas seguidas em Super Tubes. É a melhor onda da África do Sul, sem dúvida, e funciona melhor com swell e ventos de Sudoeste. Uma onda boa no pico vai fazer você se sentir como o Kelly Slater, nem que seja apenas por um dia.
PERIGOS: Quando está bom, J-Bay fica muito crowd. Depois da Copa, com a etapa do ASP World Tour prevista para começar em 15 de julho, deve ficar uma loucura. Se estiver na área nessa época, seja o mais discreto possível, pois os locais podem estar meio paranóicos.
ROUPA DE BORRACHA: A água é mais quente do que na Cidade do Cabo, mas ainda assim é congelante se os ventos estiverem soprando. Um long john de 4/3mm é recomendado. Botinhas podem ajudar a caminhar sobre as pedras infestadas de mariscos.
QUIVER: Traga pranchas entre 6’0” e 7’0” que aturem a força, a velocidade e o surf de linda exigido em J-Bay.
SAFÁRI: Para viver a verdadeira experiência da vida selvagem africana, vá até o Seaview Game and Lion Park, a cerca de 25km a oeste da cidade. Lá é possível ver os leões que vivem no local e até brincar com os filhotes. Mais adiante, o Addo Elephant Park é a casa de mais de 450 elefantes, búfalos e rinocerontes negros. Você pode passar o dia ou ainda acampar para assar a noite.
CULTURA LOCAL: Para conhecer mais a fundo a cultura Xhosa e a vida nas comunidades negras, faça um tour pelo gueto e veja o outro lado da África do Sul. Confira as opções do Calabash Tours ou do Gugu’s Township Tour. Passe um tempo com os nativos e não deixe de beber uma cerveja ou duas. Além de uma boa refeição, nos bares locais, chamados de “shebeen”.


Cidade do Cabo


ESTÁDIO: Greenpoint
JOGOS: 8
CRONOGRAMA:
11 de junho: Uruguai × França
14 de junho: Itália × Paraguai
18 de junho: Inglaterra × Argélia
21 de junho: Portugal × Coréia do Norte
24 de junho: Camarões × Holanda
29 de junho: Oitavas de final
03 de julho: Quartas de final
06 de julho: Semifinais
SURF:
Nos meses de inverno, a península do Cabo é bombardeada por ondulações muito consistentes. Mesmo se você é apenas um longboarder casual ou um ávido e habilidoso caçador de tubos, vai encontrar o que está procurando. Não deixe que o frio te desanime; quando os ventos de Norte sopram, a hipotermia é uma realidade. Vale a pena alugar um carro, uma vez que as melhores ondas ficam distantes do centro da cidade.
PICOS: No lado de False Bay, a cerca de 30km do centro, Muizenberg é indicado para iniciantes, com ondas mais cheias e várias escolas de surf ao redor. As surfshops da região são completas e oferecem tudo. Converse com os surfistas locais sobre as bancadas de coral em lugares como Kalk Bay; tubos pesados estão à sua espera. Funciona melhor com ventos do quadrante Norte. Para um surf de manobras, Long Beach, situada no pequeno vilarejo pesqueiro de Kommetjie, é muito consistente e funciona em qualquer maré, melhor com um leve vento Sudoeste. Se não houver swell, dirija até Cape Point e confira a reserva natural em que babuínos, avestruzes e antílopes correm livremente pela mata nativa. Por toda a extensão da West Coast Road, saindo da cidade e passando por Blouberg, os beach breaks produzem ondas cavadas e triângulos perfeitos quando o vento dá uma trégua.
ONDAS GRANDES: Situada no lado de fora do píer de Hout Bay, a bancada de Dungeons (que significa ‘Calabouço’) merece uma pequena apresentação. Considerada uma das mais desafiadoras ondas do mundo, é um dos picos favoritos do campeão mundial Carlos Burle e de nomes como Greg Long, além de berço de ídolos locais como Grant “Twiggy” Baker e Chris Bertish, entre outros. Mas é indicada apenas para surfistas experientes e treinados, caso contrário pode engolir vivos os desavisados. Simples mortais devem dirigir até a segurança de Chapman’s Peak e observar do alto do morro as ondas explodirem através da baía.
ROUPA DE BORRACHA: A cidade do Cabo possui águas congelantes. Leve um long john 3/4mm, gorro, botinhas e luvas para suportar o frio.
QUIVER: Traga tudo que tiver, desde sua fish até a gunzeira.
PERIGOS: A região da Cidade do Cabo é lar de uma crescente população de tubarões brancos. Um nadador foi pego por um na praia de Fish Hoek em janeiro passado. Procure surfar nas áreas dos “shark spotters”; eles ficam observando o line up com binóculos e sinalizam através de bandeiras ao menor sinal de perigo.
ATIVIDADES: Se você quer ver os ‘dentuços’ de perto, dirija cerca de duas horas até Gansbaai e agende um mergulho dentro da gaiola. Agências de esportes de aventura promovem ainda atividades como rapel, mountain bike e sandboard.
ROTA DO VINHO: Encontre a rota do vinho, em Stellenbosch, e passe o dia nas vinícolas experimentando amostras de alguns dos melhores tintos e brancos do país. Apenas certifique-se de ter um motorista sóbrio para dirigir no caminho de volta.
VIDA NOTURNA: Na Long Street, maior avenida da cidade, as boates bombam até o amanhecer. Se você procura luxo e mulheres bonitas, vá aos restaurantes e bares de Camps Bay. Próximos ao estádio, os bares em Greenpoint devem ficar cheios durante a Copa. Boates como a Chrome e a Fiction são uma boa pedida para quem gosta de drum ‘n bass e música eletrônica. Confira o The Assembly se você gosta de som ao vivo. No campo gastronômico, vale uma visita ao Mzoli’s, em Gugulethu.


Durban

ESTÁDIO: Durban
JOGOS: 7
CRONOGRAMA:
13 de junho: Alemanha × Austrália
16 de junho: Espanha × Suiça
19 de junho: Holanda × Japão
22 de junho: Nigéria × Coréia do Sul
25 de junho: Portugal × Brasil
28 de junho: Oitavas de final
07 de julho: Semifinal
SURF:
As águas quentes e as ondas tubulares de Durban já moldaram alguns dos melhores surfistas sul-africanos. É certamente a capital do surf nacional. É onde Shaun Tomson aprendeu a entubar antes de arrombar as portas de Pipeline e onde prodígios da nova geração como Jordy Smith aprimoraram seu moderno repertório de manobras aéreas. Localizado bem no meio da cidade, New Píer é o pico mais conhecido e quando está bombando oferece tubos largos e profundos. Entre os píers, direitas muito extensas marcham em direção à North Beach. Perto do estádio, Battery Beach pode ser uma boa pedida e segura um pouco mais o swell do que New Píer. As quedas matinais ficam ainda melhores quando um leve terral penteia a crista das ondas. Se na cidade estiver muito caótico por conta da Copa, arrume as coisas e dirija para o Norte ou para o Sul pela beira-mar para encontrar um canto entre os bananais. Com mais de 100km de costa, recheada de bancadas de coral e pedra e fundos de areia menos conhecidos, é possível pegar altas ondas sem crowd.
ROUPA DE BORRACHA: Graças à temperatura agradável da corrente das Agulhas e ao clima subtropical, a água em Durban se mantém quente durante todo o ano. A média é de 19°C no inverno e, quando o sol está presente, é possível surfar de bermuda. Mas leve seu long john 3/2mm para não passar frio nas sessões matinais. Um short john também pode ser bastante útil.
QUIVER: Leve as pranchas que funcionem bem em todas as condições.
PERIGOS: Fique esperto quando estacionar em lugares mais afastados e não deixe pertences de valor dando bobeira na praia. Roubos são uma realidade por lá.
DIVERSÃO GARANTIDA: Se as ondas não aparecerem, arrisque um surf no D-Rex flowrider da Wave House, a apenas 15 minutos de carro da cidade. Com uma esquerda clorada e uma direita tubular sem fim, é um verdadeiro teste de habilidade de surf/skate/wake e snowboard. Cuidado com as quedas, elas podem ser sinistras se a máquina estiver com força total.
SKATE: A Wave House abriga também o maior skatepark do país. Foi desenhado pela lenda do esporte Tony Hawk e possui uma rampa de 4m de altura, além de um snake bowl irado.
CULTURA SURF: O Museu Time Warp Surf (na 190 Lower Marine Parade), em frente à praia, traz a história do esporte, com pranchas e toda sorte de objetos e fotos desde a década de 1930.
CIDADE EM FESTA: Os surfistas de Durban adoram festas (“jol”, na gíria local). Toda noite maneira começa no Joe Cools, ou apenas Joes, um bar/restaurante meio malcuidado, mas muito popular de North Beach, que se transforma numa boate à medida que anoitece. Uma vez que os coquetéis e “shots” fazem efeito e a pista de dança vira uma espécie de “pântano”, os festeiros de plantão migram para o Origin, em Umbilo. Alguns nem conseguem ir tão longe. O Clapham Grand bomba às terças e sextas-feiras, mas não é permitido entrar de camiseta nem de short.

Quintal de casa


Para uma tribo que se considera nômade por natureza, nós, surfistas, somos um tanto caseiros. Se por um lado à estrada nos chama, é na praia logo ali que nos sentimos mais à vontade. Pare pra pensar: não importa o quão viajado você seja e quantas ondas perfeitas já desbravou pelo mundo ─ não há nada como pegar um dia clássico na valinha em frente à sua casa.

E isso, aparentemente, vale até pros melhores e mais experientes surfistas do mundo. Pergunte a Adriano Mineirinho qual sua onda predileta. É certo que a resposta virá rápida como uma bala: “Canto das Astúrias”, no Guarujá. Para Marcelo Trekinho, é o Pontão do Leblon. Bruce Irons vai dizer que é Pinetrees, no Kauai, enquanto Bruno Santos vai jurar que é em Itacoá que o bicho pega.

Mas onda por onda, todo mundo sabe que tem coisa muito melhor que nosso quintal de casa quebrando do jeito em algum lugar do globo. Ou seja, não é uma certa onda em si que nos traz essa sensação. É o lugar, o ambiente ─ todos os elementos “extra-surf” que compõe a cena. Os amigos do lineup, as gatas da areia, a barraquinha de sanduíche natural e côco gelado que vai saciar a fome depois da queda.

Em certos dias buscamos novos desafios, novas ondas, novas fronteiras ─ sempre procurando o limite ─ de vez em quando não há nada melhor do que aquele previsível conforto da valinha de casa.

Stephan Figueiredo, por exemplo, mudou-se para o Hawaii para ficar mais próximo de sua amada Pipeline. Mas pergunte o que mais lhe faz falta e ele vai te dizer, sem cerimônias, que é pegar umas marolas com os amigos no Rio.

O segredo está no fundo


POINTBREAK ─ Regularidade e Consistência
As ondas de pointbreak começam a quebrar na ponta da baía e se refratam para dentro dela, num movimento constante a partir da costa curvada. Possuem impressionante regularidade e consistência. Normalmente, o fundo é de pedra e areia, ou apenas a costa é repleta de rochas e a baía é de areia fina. Ondas como Burleigh Heads, na Austrália, e Raglan, na Nova Zelândia são exemplos clássicos de pointbreak.

REEFBREAK ─ Perfeição e Força
O fundo de um reefbreak é formado por corais, pedras ou outras coisas parcialmente submersas. A onda quebra subitamente e com força. Sua forma varia de acordo com a configuração, profundidade e tamanho do obstáculo encontrado. Banzai Pipeline é uma onda de recife perfeita, cujo fundo possui formato triangular. Quando este triângulo é eqüilátero e a ondulação entra de frente, a onda abre tubos perfeitos para os dois lados.

BEACHBREAK ─ Mudanças constantes
Os Beachbreaks são os tipos de fundo mais comuns no Brasil. Normalmente as praias são retas, o fundo é de areia ou cascalho e há uma leve inclinação que faz com que a onda quebre. Como o fundo de areia muda constantemente, as ondas têm formação mais irregular. As correntes de água que voltam para o mar são chamadas de canais. Maresias, no Brasil, e Puerto Escondido, no México, estão entre os melhores beachbreaks do mundo.

Aquatic Dreams

Os diretores de sucessos como "3 Degrees" e "A Day in the Life", os australianos Matt Gye e Shagda apresentam sua mais nova produção, "Aquatic Dreams". Como já era de se esperar da inseparável dupla, a edição e as imagens são excelentes, assim como o nível de surfe. O roteiro, por sua vez, deixa a desejar ─ o vídeo é, na verdade, um apanhado de três viagens diferentes: West Australia, Bali e Mentawais. Mesmo assim, vale pelas imagens e a performance dos surfistas. Destaques para Taj Burrow em West Australia e Bali, Yadin Nicol, Ry Craike, Dean Harrington, Ozzie Wright, Wade Goodall e Asher Pacey. Um vídeo que não traz nada de novo, mas se garante.