CULTURA AMEAÇADA

Longboard é sinônimo de história, sendo a modalidade do surf que melhor representa o desprendimento e alegria que caracterizou os primórdios do esporte. Também é sinônimo de outros valores essenciais, como respeito, união e estilo, sempre baseados em classe e harmonia.

Isso tudo ainda é evidente, mas se o tempo pode ser benéfico para algumas coisas, também pode abrir um buraco enorme numa cultura. A massificação do longboard anda a passos largos, principalmente pela adesão da molecada e não há dúvidas que isso tem um lado positivo. Mas seria bom se os novos praticantes enxergassem os aspectos fundamentais de uma cultura que envolve atitudes singelas, mas extremamente expressivas. Sempre comento que longboard é surf, um esporte radical por natureza, mas para que sua raiz não se perca no meio de tanta pancada, é preciso muita atenção da nova geração. Digo atenção deles, porque não falta boa vontade aos antigos em procurar manter viva a elegância de tantos anos e passar isso adiante.

O maior problema talvez seja a forma como se vem surfando atualmente. Pranchas com muito rocker, finas e estreitas demais, contribuem para um surf de base aberta, obrigando o cara a matar milhares de baratas para conseguir alguma manobra na rabeta. A fluidez, estabilidade e harmonia ficam comprometidas e o noseriding vira aquele Deus nos acuda. É um tal de se rastejar até o bico, que dá nojo de ver. Felizmente tem uns moleques que são mestres quando o assunto é prancha grande. Os californianos são os que melhor parecem assimilar a história, embora pequem na camaradagem, muitas vezes achando que só eles sabem o que é surf de longboard. Mas que eles entendem do assunto, ninguém pode negar. Alex Knost, Joe Aaron e Tommy Witt são exemplos de garotos que conseguem absorver todos os fundamentos técnicos e históricos. Seguindo a mesma linha, aqui no Brasil, Marcelo Carbone e Alexandre Wholters são dois filhos natos do longboard, com vantagem de serem humildes e amigáveis, provando para seus contemporâneos gringos que surf decente também se faz fora d'água.

A falta de respeito com a história acaba gerando a descaracterização da cultura, colocando-a sob ameaça de extinção. Isso tudo é fomentado pela egotrip de alguns surfistas quando começam a deslanchar em cima dos seus pranchões. Muito marmanjo que andava morto no surf por não conseguir fluir com uma 6 pés, quando pega uma 9 pés e consegue alguma coisa, acha que está no céu e nem se liga se está fazendo surf de longboard ou simplesmente se está surfando com uma pranchinha alongada. Desde que ele mantenha o ego controlado, não tem nada demais. O pior é o moleque que era gordinho e desengonçado e por isso teve que aprender a surfar com um longboard. Passa um tempo e ele vai pegando o jeito, até começar a competir. Aí com 17/18 anos pensa que sabe tudo e sai ignorando a história e seus personagens, só porque ganhou umas bateriazinhas aqui, outras ali, fez umas viagens para o Hawaii que o pai bancou, mas nunca surfou Pipe ou Sunset de verdade. Isso soa como um escracho à alma de qualquer surfista de bom senso, principalmente para quem respeita a cultura do longboard.

Resgatar a história, unir-se em torno dessa paixão e divertir-se com classe é a melhor forma de manter viva nossa cultura, que abomina atitudes contrárias a essas. Isso é longboard, o que se tem visto por aí é balela!

A MELHOR MANEIRA DE ENFRENTAR O SOL


PARA QUEM COSTUMA FICAR DUAS OU TRÊS HORAS NO OUTSIDE DEBAIXO DO SOL, UMA BOA PROTEÇÃO DE PELE É INEVITÁVEL. FALAMOS COM PRÓS E ESPECIALISTAS PARA SABER O QUE USAR


Para fazer o que mais gosta, um surfista precisa apenas de uma prancha, uma bermuda e o mínimo de talento, certo? Errado. Um bom protetor solar é peça importantíssima na mala de uma surf trip.

A dermatologista Ligia Kogos indica os protetores à prova d’água, mas ressalta que os que contém zinco em sua fórmula são mais eficazes. “O óxido de zinco é um filtro físico. Ele é uma partícula que reflete a luz e que não arde os olhos. O zinco também tem uma ação calmante, que é bom para quem já está com a pele vermelha e irritada”.

Entre os surfistas, os protetores preferidos são os de bastão. “Uso protetor solar Vertra, aquele stick que é mais fácil de usar”, conta Jessé Mendes, surfista profissional de 22 anos. O fabricante do Vertra garante que o protetor tem proteção ultra-resistente à água e não precisa ser passado mais de uma vez ao dia.

A velha guarda segue outro caminho: “Sempre usei Hipoglós, sou dessa época”, afirma Fabio Gouveia. Apesar de não ser oficialmente um filtro solar, o Hipoglós é eficaz na proteção contra o sol. Além de conter óxido de zinco em sua fórmula, a pomada forma uma camada espessa sobre a pele que repele o sol. Porém a doutora Ligia lembra: “Mesmo passando o Hipoglós, é interessante passar também um filtro solar por baixo para fazer mais efeito”.

Uma opção híbrida entre o Hipoglós e os protetores, é o americano Zinka, um protetor à prova d’água que contém zinco em sua fórmula e também é vendido em bastões. Depois que estiver com o rosto bem protegido, não se esqueça de proteger o corpo. As lycras feitas com tecidos que protegem dos raios UV são ideais.

TEMPO DE MUDANÇAS


Dois de novembro último, feriado, um dia que começou com uma baita chuva no Rio de Janeiro, mas que foi se tornando uma agradável manhã de primavera. Peguei minha scooter e fui para o Barramares, na altura do Posto 4 da Barra da Tijuca, local que frequento há exatos 12 anos. Pois bem, há dias vi um palanque grande e bacana sendo montado e sabia que aquilo era e estrutura do BSP (Brasil Surf Pro), o Circuito Brasileiro de Surf Profissional. "Legal", pensei. Imaginei uma galera na praia, afinal, alguns dos melhores surfistas do país estariam ali competindo em busca do título nacional. Mas, para minha decepção, as areias em frente ao palanque ficaram às moscas.

Na verdade, não foi uma surpresa, pois já tem um tempo que eventos de surf, ao menos no Rio de Janeiro, não atraem aquela massa. Com exceção da etapa do World Tour, nada tira as pessoas de suas casas, afazeres ou o que quer que seja para dar uma vislumbrada no que há de melhor no surf do Brasil. E, para mim, aí é que está um dos problemas desta falta de atratividade dos eventos de surf atualmente. Os melhores surfistas do Brasil participam destes campeonatos? A resposta é não! O atual Circuito Brasileiro virou uma espécie de fuga para uma centena de jovens que não querem cair na real e se tocar de que não serão Medinas nem De Souzas. Eles não ganharão US$ 100 mil de prêmio, não serão conhecidos no mundo nem terão uma enorme legião de seguidores no Twitter.

O Circuito Brasileiro não tem os melhores do Brasil em suas etapas. Por quê? Simples, eles estão disputando o WT e alguns eventos 6 estrelas do QS. E quem corre o Brasil Surf Pro? Generalizando, uma galera que mal tem grana para se deslocar de sua casa para os locais dos campeonatos, que vive reclamando disso e aquilo, que não pensa no esporte como um todo e apenas quer manter o sonho de ser surfista profissional, mesmo que não receba nada para isso.

Amigo, se você não se sobressaiu até os 18 anos, esqueça, vá estudar, arrume um emprego e recomece sua vida. Isso pode ser doloroso, mas ao mesmo tempo lhe renderá dividendos quando você estiver com 45 anos, casado e for pai de família. Todos nós temos sonhos, e apenas um número bem pequeno da população consegue viver de algum trabalho relacionado a eles. Além disso, temos tantos campeonatos de surf atualmente, que para o leigo é tudo a mesma coisa. Exemplo: o Carlinhos, meu amigo de 70 anos de idade e praia, que já viu todos os campeonatos de surf possíveis realizados no Barramares, achava que o BSP era uma etapa do Estadual. Sem divulgação de jornal ou TV, seja ela aberta ou fechada, fica difícil saber que evento seria aquele, já que até novembro já rolaram uns 20 campeonatos naquele mesmo lugar este ano.

Indo um pouco mais longe, digo que a própria ASP South America logo sofrerá do mesmo mal que a Abrasp sofre hohe em dia. As inúmeras etapas do QS estão se tornando um produto sem sentido. E não adianta vir com o papo de que quanto mais etapas tiverem no Brasil mais surfistas teremos entre os Tops porque os dois últimos 6 estrelas que rolaram só foram bons para o Kolohe Andino, que venceu ambos.

Basicamente, a fórmula de disputa, principalmente do Circuito Brasileiro, está ultrapassada. E ninguém tem culpa. As coisas se esgotam. É preciso novas ideias, gente debatendo para que se chegue a um novo plano de sucesso. Eu particularmente penso que deveria acontecer apenas um grande evento, como eram os festivais de surf dos anos 80.  Seriam dez dias de muita festa, surf, moda, com inscrição ilimitada. Baterias de quatro surfistas até o final e uma premiação de no mínimo R$ 500 mil para o vencedor. Tenho certeza de que é mais viável angariar e depois gastar R$ 10 milhões para fazer um megaevento do que ficar promovendo cinco etapas em lugares em que a população local não passa de 50 mil pessoas. Imagine um novo OP Pro como foi o de 86, com quase 500 atletas competindo, unindo esporte, música e moda. Viagem minha? Talvez, mas, se eu fosse diretor de marketing da Coca-Cola, gastaria minha verba de verão num evento assim, totalmente direcionado para o meu público-alvo numa tacada só, fazendo diversas ações como festas, gincanas e shows. Isso é atrair o público, isso é motivar a mídia. E um prêmio de R$ 500 mil, meu caro, atrairia qualquer surfista de ponta. Está na hora de fazer uma mudança no formato do surf brasileiro. Com as Olimpíadas, vamos perder espaço, aliás, já estamos perdendo. O que temos de mais valioso é nosso estilo de vida, saudável, exótico e bonito. O surfista tem charme, chama a atenção. As competições, com o passar dos anos, foram apagando essa aura. Precisamos mudar isso. E acho que nos próprios eventos teríamos a oportunidade de reverter esse quadro. Precisamos de nossos melhores atletas competindo pra valer em nossas ondas. Sem isso, tudo continuará a ser apenas o ganha-pão de um bocado de surfistas com síndrome de "Peter Pan".

Consciência no Jet Ski


A CADA DIA O JET SKI TORNA-SE MAIS PRESENTE NO MUNDO DO SURF. COMEÇOU COM O TOW IN, ONDE ELE É FERRAMENTA FUNDAMENTAL, E DEPOIS COM O USO DAS MOTOS D'ÁGUA PARA LEVAR COMPETIDORES PARA O OUTSIDE. A POPULARIDADE É TANTA QUE HOJE EXISTE  UM USO EXCESSIVO E DESCONTROLADO DOS JETS. SERÁ QUE QUEM USA SABE O MAL QUE ELE CAUSA?


O jet ski é constantemente utilizado em campeonatos para agilizar a volta do surfista ao lineup. Além de poupar o esforço da remada para passar a arrebentação, ele torna a bateria mais competitiva pela chance de haver mais ondas surfadas. Mas o uso excessivo das máquinas polui a água do mar, prejudica a vida marinha e, até mesmo, a saúde do surfista. Por essas e outras que leis como as aplicadas nos EUA estão ganhando força.

O Golden Gate National Recreation Area (GGNRA), que controla as atividades na região costeira de São Francisco, Califórnia, não abriu exceção para o uso na 10ª etapa do World Tour, em Ocean Beach, e para o Big Wave World Tour, em Mavericks ─ está última mais discutível devido à inevitável necessidade do uso de jets para surfar a onda.

Segundo Howard Levitt, diretor de comunicação da GGNRA, os jet skis devem ser usados apenas em situações de emergência: "Temos um jet ski de resgate dos salva-vidas, as leis não nos permitem deixar que outra pessoa faça isso", diz. A preocupação com o meio ambiente é válida, de acordo com Annie Reisewitz, diretora da Strategic Ocean Solutions, da Flórida. "O impacto do jet ski é maior que o de barcos, porque eles circulam mais próximos à costa", afirma a especialista. Para ela, os motivos são o barulho e a emissão de poluentes no ar e no oceano, entre eles, o monóxido de carbono e hidrocarbonetos.

Além de poder causar a morte de animais marinhos, a constante poluição sonora e da água interrompe o descanso, diminui a atividade no habitat, reduz a taxa de reprodução e o tempo de vida, interfere nos costumes de locomoção e alimentação e altera o comportamento e a estrutura comunitária no fundo do mar.


REALIDADE BRASILEIRA
Para Elisabete Braga, professora de Oceanografia Química da USP, "os resíduos emitidos na queima de combustível liberam tintas tóxicas, prejudiciais à fauna e à flora e também aos surfistas". Os modelos com motor dois tempos são os mais poluentes ─ eles não queimam cerca de 30% do combustível, que vaza pelo escapamento. Nos Estados Unidos esse motor já é proibido. A US Environmental Protection Agency obriga as marcas a utilizar o quatro tempos com injeção eletrônica. "Ele consome menos e não usa óleo, então polui menos", comenta Alex Silva, gerente de produtos da Yamaha. "O combustível queima totalmente, igual ao de carro. Já o dois tempos, além do vazamento de combustível, faz muita fumaça, como uma moto antiga", completa.

Mesmo sem leis no Brasil, as marcas já optaram por trabalhar com o motor quatro tempos. A Kawasaki apresentou, no Salão Duas Rodas, neste mês, os modelos Ultra 300X e Ultra 300LX, ambos quatro tempos. Já a Yamaha vende os mesmos jets que são produzidos nos EUA e, segundo Benedito Alves, instrutor técnico da marca, pretende encerrar em até dois anos a fabricação dos modelos dois tempos.

Quando as condições demandam, o jet é uma ótima ferramenta. Mas para não poluir nosso parque de diversões, o oceano, é preciso que seu uso seja feito de maneira consciente e responsável.

FALHA INCALCULÁVEL

UM ERRO DE CÁLCULO DETECTADO POR UM INTERNAUTA SUPOSTAMENTE CHAMADO MARK, NO FÓRUMO DE UMA MATÉRIA DO SURFLINE.COM, JOGOU LUZES NA MAIOR IMBICADA DA HISTÓRIA DA ASSOCIATION OF SURFING PROFESSIONALS ─ ASP. NÃO FOSSE O FATO DE OWEN WRIGHT AINDA ESTAR NO EVENTO, NINGUÉM TERIA PERCEBIDO A FALHA. MAS, POR OBRA DO DESTINO, O CASO VEIO À TONA E KELLY SOLTOU A BOMBA NO TWITTER (SEMPRE ELE) ANTES DE A ASP SE MEXER. MESMO DEPOIS DA COROAÇÃO DO 11º TÍTULO, AINDA HAVIA A REMOTA CHANCE DE OWEN VIRAR O JOGO E KELLY TERIA QUE PASSAR MAIS UMA BATERIA PARA SER REALMENTE CAMPEÃO POR ANTECIPAÇÃO. CASO NÃO PASSASSE NENHUMA, NEM EM SAN FRANCISCO NEM EM PIPE, OWEN TERIA QUE VENCER OS DOIS EVENTOS E AINDA DERROTAR SLATER NUMA BATERIA TIRA-TEIMA, PROVAVELMENTE DEPOIS DO PIPE MASTER. NA ENTREVISTA ABAIXO O BRASILEIRO RENATO HICKEL, TOUR MANAGER DA ASP, EXPLICA MELHOR O QUE ACONTECEU E OS DESDOBRAMENTOS DO MAIOR ABACAXI QUE A ASP JÁ TEVE NAS MÃOS.




01. PARA QUEM AINDA NÃO ENTENDEU, O QUE EXATAMENTE ACONTECEU?
Foi o episódio mais difícil pelo qual já passei na ASP. Esse e a morte do Andy, ano passado. Há tempos colocamos a necessidade de mudanças no sistema que utilizamos para determinar o ranking. Estávamos reconfigurando tudo para funcionar de maneira precisa, mas isso leva tempo e já havíamos discutido a possibilidade de acontecer um erro como esse. Analisando mais detalhadamente, o caso não teria maiores consequências se o Owen tivesse perdido antes... Para quem vive o Circuito, os atletas, quem sabia das verdadeiras possibilidades, a coisa foi tratada como se fosse um problema menor. É um programa (software) complexo em que todas as regras e possibilidades são previstas. Os desempates eram quebrados pela posição no ranking, se isso não fosse possível rolaria o "surf off" (tira-teima). Mas o programador da ASP ainda não havia incluído a nova regra nas planilhas de Excel (que é manualmente atualizada). Quando rodávamos o ranking, o nono lugar dava a taça ao Kelly. A regra foi mudada em fevereiro, não fazia sentido dar o título ainda baseado no seed passado. Talvez isso tivesse que acontecer para que as coisas tomassem o caminho que gostaríamos. Os pragramas adquiridos agora, o Member Pro e Ranking Predictor, são atualizados a partir das notas digitadas pelos juízes. Acabando a bateria o ranking já está atualizado, como deveria ser há muito tempo.

02. COMO VOCÊ AVALIA O PREJUÍZO À IMAGEM DA ASP? AFINAL, A NOTÍCIA RODOU O MUNDO E SAIU NOS PRINCIPAIS MEIOS DE COMUNICAÇÃO.
É difícil de quantificar. Ao mesmo tempo em que manchou num ano alucinante que tivemos, tem o outro lado da moeda. A entidade reconheceu, admitiu o erro imediatamente e se manifestou. Desculpou-se perante os fãs e apresentou medidas imediatas para que isso nunca mais aconteça. Em longo prazo pode ser até que isso engrandeça a imagem da entidade no meio comporativo. Vamos dizer que a gente tenha um grande patrocinador. Ele pode questionar se vai fazer negócios com esses caras que não sabem calcular nem o próprio ranking, mas também pode ver assim: "Os caras foram honestos, fizeram uma cagada, mas assumiram o erro, deram as devidas explicações, arrumaram tudo da melhor maneira possível e tomaram medidas para que não aconteça mais".  Comparando com outros esportes, o escândalo da FIFA, a NBA parada, erros que tiraram vitórias de atletas como Senna e nunca foram reparados... Dentro do contexto global de erros e escândalos do mundo esportivo, o da ASP será considerado pequeno daqui a alguns anos. Dito isso, temos plena consciência de que para nós foi um erro monumental, gigantesco, porque a gente procura a perfeição e o ápice do Circuito é definir o campeão mundial. Um vacilo nesse processo obviamente mancha a imagem da ASP.

03. A SAÍDA DE BRODIE CARR, CEO DA ASP, FOI CONSEQUÊNCIA DISSO?
A saída dele aconteceria de qualquer forma no fim da temporada. A posição de CEO é ingrata. Entre atletas e eventos, que são os donos da ASP, é difícil agradar a todos. Mas a mesa usou esse episódio para definir a saída dele, por representar uma atitude diante do problema e dar-lhe a oportunidade de uma saída digna.

04. MUITA GENTE CRITÍCA A ASP PELA PERDA DOS DIREITOS DE TRANSMISSÃO DOS EVENTOS E PELO LENTO AUMENTO DAS PREMIAÇÕES, POR EXEMPLO. QUAL O LEGADO DE BRODIE?
Ele foi responsável pela expansão das fronteiras do surf profissional, chegando até a China, por exemplo. Atingiu novos mercados. Esteve diretamente envolvido no projeto que gerou o primeiro evento com US$ 1 milhão em premiação (Nova York) e unificou os escritórios regionais sob a mesma bandeira da ASP Internacional. A perda dos direitos de mídia não pode recair sobre ele, já que o CEO não vota. Foi uma decisão da mesa e se há alguém que pode levar a culpa são os próprios atletas, que se tivessem votado em contrário na época e fosse para o voto de minerva, dos diretores independentes, provavelmente isso não teria acontecido. As transmissões de TV e web são os principais filões de onde podemos gerar receita para a entidade. Até recuperarmos isso vamos continuar engatinhando. É difícil ir ao mercado vencer o patrocínio global para uma grande empresa sem ter o controle desse direito de mídia. Por isso, nesses seis anos, Brodie conseguiu alguns patrocínios, mas indiscutivelmente não conseguiu um patrocinador que fosse o "guarda-chuva" global. Quando a Swatch colocou uma proposta na mesa a primeira vez, foi vetada.

05. A PRESENÇA DE UM PRESIDENTE COMO WAYNE BARTHOLOMEW MUDARIA O ANDAMENTO DAS COISAS NA ASP?
Não, acho que não. O Rabbit saiu a princípio por livre e espontânea vontade, mas sabemos que acabaria saindo. Ele, como presidente, tinha um salário muito alto e trabalhava pouco. Evitava confrontos, tornando-se omisso, provavelmente por ter confrontado tanta coisa durante toda sua vida de surfista. A figura do presidente sempre foi uma figura não remunerada, mas quando a ASP foi para a Austrália ele foi eleito presidente e CEO. Quando viram que não funcionava o deixaram apenas como presidente, recebendo menos, claro, mas continuaram pagando. Mas acharam que aquele investimento não tinha retorno. Praticamente a única coisa que ele se envolvia era com regras, comitê técnico, formato... A presença dele ou de outro presidente não mudaria nada.

06. VOCÊ TAMBÉM CHEGOU A COLOCAR SEU CARGO À DISPOSIÇÃO?
Sim, decidi fazer isso por ser o procedimento normal numa empresa. Apesar de não ser diretamente minha responsabilidade, eu sou o Tour Manager (gerente). Sabia da situação delicada do Brodie e foi uma maneira de tentar dar uma força pra ele ficar. Para mim acabou sendo uma das coisas positivas disso tudo, pois negaram minha saída por unanimidade. Eu ofereci minha carta de resignação a todos os participantes da mesa e aos surfistas. Foi gratificante. Continuo recebendo e-mails dos surfistas, como o do Luke Egan (ex-Top) dizendo que espera que eu já tenha passado pela tempestade e que tenho total apoio dele e de todos os surfistas. Os Top 34 sabem como funciona o esquema do ranking e apreciam o meu trabalho. Diante do maior problema que enfrentei, tirando a morte do Andy, coloquei meu cargo em oferta e todo mundo negou. Sinto-me fortalecido perante a entidade. Eu estava sozinho, podia ter me negado a dar entrevista. Poderia ter esperado o Brodie chegar, mas achei que precisava tomar essa atitude. Alguém tinha que assumir e isso foi visto como um ato de bravura lá mesmo no evento.

RABBIT KEKAI ─ O eterno beachboy


"Rabbit Kekai é nosso link vivo com toda a história do surf moderno" (Longboard magazine, 1998).

Ele cresceu na época mais dourada, os anos 20/30 em que o Hawaii era uma ilha paradisíaca tranquila. Sua Waikiki tinha apenas 2 prédios de hotéis. Os poucos turistas ainda preferiam viver em vez de largarem-se no comodismo e artificialidade dos resorts de hoje. E viver era aproveitar as experiências mais intensas, nos palcos mais reais, a praia e o oceano. Para isso os turistas contratavam os beachboys. Os watermen ─ exímios nadadores, bodysurfers, caçadores, remadores (de canoas) e, claro, surfistas ─ que ganhavam a vida inserindo os hóspedes do Moana Hotel nas ondas e em passeios de canoas havaianas. E na areia havia ainda a música, a dança, os peixes assados ali mesmo, os mitos antigos contados de viva voz e romances com as mais belas turistas.

Albert Kekai nasce (11/11/1920) e cresce em Waikiki. Aprende a nadar na marra: seu tio, salva-vidas na praia de Publics, simplesmente o atira no "fundão" e ele precisa nadar uns 100 metros até a areia. Aos 5 anos inicia-se no surf em Queen's, numa enorme prancha de redwood (madeira de sequóia, secular árvore americana) de 16 pés, 45 quilos, sem quilha. E aos 10, ele cai nas graças do melhor tutor possível para quem sonhava ser um beachboy: o mito maior do surf e campeão olímpico de natação, Duke Kahanamoku. Com o mais nobre dos surfistas, o garoto, um mini punk encapetado, refina um pouco seus modos e aprende a dominar os segredos do esporte dos reis. Fora d'água o menino já é chamado de Rabbit (coelho), por sua velocidade. Dizem que fazia os 100 metros em 10 segundos cravados. Quando garoto, "eu jogava futebol americano, basquete, corria e surfava". Estudante na tradicional Kemahemaha High, a escola foi dura no início, pois ele só falava havaiano e era sacaneado pelos outros garotos. Uma professora especial, fluente no idioma das ilhas, o ajudou a aprender o inglês.

A vida pelas ondas. Mesmo com oferta de bolsa de estudos para a faculdade, por ser um grande atleta em várias modalidades, Rabbit escolheu a carreira/prazer de beachboy, no Moama Hotel, em cujos porões ficava o lendário Hui Nalu surfing club. Complementava seu salário trabalhando de caddy em clube de golfe, de pedreiro, estivador, fazendo pontas no cinema e arriscando nos jogos de azar. Tudo pelo surf. Tudo para ser um dos pioneiros a surfar o North Shore nos anos 30 junto de George Downing, Wally Froiseth, Woody Brown, entre outros. Notório contador de histórias, meio folclórico, ele garante que foi um dos pioneiros em Waimea e Pipelinem fato que os registros históricos não comprovam. "Greg Noll, Peter Cole e Van Dyke disseram que foram os primeiros em Waimea. Eu digo que eles foram os primeiros apenas a ter fotos deles registradas lá", afirmou Rabbit à Surfer Journal, e repetiu o mesmo sobre Pipe. Garante que esteve lá dentro bem antes de Mike Doyle e Phil Edwards quebrarem a barreira da onda mais temidadas ilhas.

Pai das manobras. Uma conquista, porém, parece ser mesmo de Rabiit. Com sua experiência em pranchas de redwood e balsa, 7 pés, bem menores que o tamanho padrão na épca, ele consegue mais mobilidade e começa a cortar as ondas em zig-zag, em vez de apenas deslizar. Inventa assim o cutback e o surf hotdog (os californianos dizem que o pioneiro foi Dewey Brewer), de manobras. Enquanto os outros apenas acompanhavam as paredes, Rabbit buscava a proximidade da espuma branca, da parte mais crítica da onda, descendo e subindo. Para manobrar, usava muitas vezes um dos pés mergulhados na água, como se fosse uma quilha. E, como não era apenas radical, sua classe lhe deu outra paternidade famosa, o nose riding, andar até o bico da prancha e sustentar-se ali com os dez dedos agarrando o bico. Assim nasceu o hang ten.

Na virada dos anos 30 para os 40, quando surgem as pranchas hot curl, menores e com rabeta em V (mas ainda sem quilhas), encaixando melhor nas paredes, Rabbit torna-se, incontestavelmente, o melhor surfista de sua época. Domina o esporte nas décadas de 40 e 50, vencendo duas vezes o campeonato mais importante de seu tempo, o Makaha World Surfing Championships. Ao mesmo tempo ele domina as corridas de canoas havaianas, batendo até o ainda em forma mito Duke, nos anos 40. As multi-habilidades de Rabbit Kekai lhe deram também o perigoso trabalho de mergulhador da marinha no Pacífico, em plena II Guerra Mundial. Sua função: desarmar bombas submarinas. De uma equipe de 10 homens, ele foi um dos quatro a sobreviver.

Mestre e referência. A classe e agressividade de Rabbit seria a inspiração essencial para uma outra leva de surfistas geniais, os californianos Phil Edwards, Matt Kivlin, Joe Quigg e Miki Dora. Construindo grande amizade com Rabbit, foi Matt quem fez a prancha mágica do havaiano, uma hot curl já com uma quilha que garantiu títulos em Makaha e no Internacional do Peru (outro grande evento da época).

Quando não estava competindo, Rabbit completou 40 anos como beachboy, ciceroneando gente famosa, entre elas estrelas do cinema como Gregory Peck, Kirk Douglas, Deborah Kerr, David Niven, Gary Cooper etc. E desde 1971, passou a trabalhar como Beach Marshall nas provas da Tríplice Coroa Havaiana de surf pró.

Ao longo das últimas 4 décadas, Rabbit Kekai seguiu fazendo da praia e do mar seu habitat fundamental, tornando-se o surfista com mais anos de água na história. Mais incrível ainda, ele segue surfando em alto nível, o que comprovam seus seguidos títulos ou boas colocações em campeonatos de veteranos (masters). Foi campeão americano em sua divisão em 1973, 1980, 1984 e 1988. E no 2000 U.S. Championships, duelando com surfistas quase 15 anos mais novos, ficou em 4º lugar na divisão legends com seus 79 anos. "A maioria das pessoas, quando chegam aos 80 anos, a coordenação simplesmente vai para o inferno. Não Rabbit. Ele ainda tem essa aura e estilo de Duke Kahanamoku em volta dele", revelou na Surfer Greg Noll, o Da Bull, mito das ondas gigantes.

Hoje, o pai de 4 filhos e avô Rabbit ainda vive na Waikiki da infância e viaja ao continente muitas vezes para encontrar Lynn, sua esposa de tantas décadas, uma professora em Palos Verdes, Califórnia.

O surf? Todos os anos ele dá nome e participa de um tradicional evento de longboard, o Toes On The Nose/Rabbit Kekai Longboard Classic, evento e confraternização cheia de alma disputado muitos anos na Costa Rica, hoje no Hawaii. Segue também como o instrutor mais requisitado em Baby Queen's. E ainda carrega a dignidade assimilada do mais nobre de todos, Duke: volta e meia Rabbit recicla um de seus incontestáveis troféus quando faltam taças em eventos de garotos nas ilhas. "As crianças têm que receber prêmios decentes".

O eterno beachboy sabe que o surf torna real a fábula de Peter Pan: "A água é tão boa, ela me mantém jovem enquanto meus amigos estão cada vez mais velhos. Eu digo a eles para entrarem na água. Ela nos acalma, tira o stress e nos traz de volta para a Terra".


Referência:
Surfline;
Legendary Surfers;
Liquid Salt;
Surfer;
The Encyclopedia of Surfing.

RipCurl Pro Search 2011


CALANDO A BOCA DE QUEM FALOU EM "SORTE DE INICIANTE" DEPOIS DA VITÓRIA NA FRANÇA, GABRIEL MEDINA VENCE O RIP CURL PRO SEARCH, NA CALIFÓRNIA, E FATURA SEU SEGUNDO TÍTULO NO WT EM QUATRO ETAPAS QUE DISPUTOU. A DÉCIMA PARADA DO TOUR TEVE AINDA A CONQUISTA DO 11º TÍTULO MUNDIAL DE KELLY SLATER E O MAIOR ERRO DA HISTÓRIA DA ASP.


Aos 17 anos e com duas vitórias em quatro etapas disputadas, Gabriel Medina provou ser completo, fazendo todo tipo de manobra contra qualquer tipo de surfista. Havia muita expectativa sobre as ondas em San Francisco. O evento começou, depois parou por três dias. A verdade é que, mesmo não sendo uma "Brastemp", as ondas de Ocean Beach foram benevolentes com os surfistas. Entre os brasileiros só Adriano de Souza, Medina e Alejo Muniz foram direto para o terceiro round. Miguel Pupo deixou Kai Otton sem pai nem mãe ao fazer a melhor soma do segundo round (16.43). Brett Simpson marcou a segunda contra o surf defasado, e mesmo assim eficiente, de Damien Hobgood. Kieren Perrow fez a terceira, contra Mick Fanning. Os tubos ajudaram, quem diria... Sim, em certos momentos o mar estava bonito, se você não fosse levado pela correnteza e a série viesse em sua bateira. Raoni Monteiro passou fácil por Dusty Payne. Jadson André lutou, mas não venceu Taylor Knox por apenas 0.03. Dane Reynolds mostrou que realmente não está nem aí para o Circuito. Tentou dar seu show, mas estava no palco errado, pelos motivos errados.


EU CALCULO, TU CALCULAS
Um erro homérico nas planilhas da ASP deu o título antecipadamente a seu impreterível dono. Parece que alguém está na bronca com Slater. Em 2010 seu décimo título foi ofuscado pela morte de Andy Irons. Um erro de cálculo em 2011 ganhou mais visibilidade que sua 11ª vitória no ASP World Tour.

Talvez até os deuses pensam que ele já passou da conta, ou será que a conta é que passou da hora? Depois de ser declarado campeão de 2011 com a nona colocação, Kelly teria que vencer mais uma bateria para garantir a quinta colocação e não depender da performance de Owen. Caso Slater não passasse mais nenhuma bateria, nem ali nem em Pipe, Owen teria que vencer os dois eventos para empatar geral e, numa bateria extra, tentaria roubar o caneco de 2011. Mas Kelly venceu a bateria da quarta fase, em que ninguém perde, contra Pupo e Medina (apesar do resultado novamente polêmico) e sagrou-se campeão, mais uma vez.


TOPS BALANÇAM
No terceiro round, Taj Burrow e Bede Durbidge sambaram contra Matt Wilkinson e Knox. Adriano quebrou sua prancha predileta, treinando no dia anterior, e perdeu para Kieren. Medina humilhou o pobre Fred Patacchia e Miguel venceu uma bateria apertada contra Adrian Buchan. Kelly venceu Daniel Ross e a comemoração começou, antes da hora. A competição não parou e Owen fez uma das melhores baterias da vida (17.54) para vencer Adam Melling. Raoni começou bem contra Alejo, que só virou no fim da disputa. Joel Parkinson passou e Jordy Smith dançou contra o mega-aéreo que avariou o pé de Patrick Gudauskas nos últimos minutos da bateria. Gudauskas venceu, mas não pôde mais surfar no evento.


KELLY FECHA A CONTA
Além de Alejo passar direto pelo round que ninguém perde, o destaque foi Kelly ser "novamente campeão" ao vencer Medina e Pupo, que tiveram as asinhas podadas pelo vento e mesmo assim deram trabalho. Mais uma vez Slater no pódio e o evento rolando. Muita gente acha chato ver a mesma história se repetir, mesmo que não exista outra. O cara ainda é imbatível. Mas aquela bateria contra nossos meninos foi interessante para comprovar que, no jogo deles, talvez fosse difícil Slater vencer. E agora, torcemos contra ou a favor do 12º? Sua permanência no Tour me parece importante para o esporte, mas até quando? O cara é doente. Tem 11 títulos mundiais e não cansa. Encontra pretextos e motivação para seguir competindo. Slater é um dos maiores atletas de todos os tempos. A razão disso, segundo ele, é manter a cabeça aberta para aprender com as novidades e buscar sempre a evolução. Enquanto isso alguns surfistas se mexem para tirar os beach breaks do Circuito e acabar com a rotação dos 32 no meio do ano. Nada disso é oficial, até agora. Sinto cheiro de aversão aos novos tempos de domínio da garotada.


O ATROPELO DE MEDINA
Para refrear os ânimos da nova geração, no 5º round, Taylor venceu Miguel. Joel, empolgado por não haver mais título em jogo, esculachou o desencontrado Owen. Já nas quartas doi ótimo ver Alejo superar Simpson, mas foi Medina que deixou claro: a mudança é inevitável. No dia 12 de outubro, Medina venceu seu primeiro WT, na França, seguindo trajetória parecida com a de San Francisco, Nas duas ocasiões caiu para a repescagem do round 5, se recuperou, venceu Kelly Slater nas quartas e Taylor Knox na semi. Na Europa, deixou para trás Julian Wilson na final. Nos EUA bateu Kelly no jogo dele, sem voar, pegando as melhores ondas logo no início da bateria e marcando o Slater até o fim. E não adianta dizer que Kelly estava desencanado. Perder para Medina, outra vez, deve ser insuportável para o "rei do surf". Na disputa do mais jovem contra o mais velho, Medina massacrou Taylor na semi, aplicando uma lição de surf progressivo. Na final o surfista brasileiro mais comentado do mundo derrotou, sem a menor cerimônia, por 16.50 × 10.90, o quarto do ranking mundial, Parko ─ que ficou feliz de não perder por mais.


RASGADA × SUPERMAN
Medina parece não ter medo de ninguém. Talvez até por constrangimento de derrotar ícones como Kelly ele declare que nem sabe como fez isso, diz que estava só se divertindo. Depois de voltar de aéreos bizarros diz que foi o melhor da vida, ou seja, está aprendendo, mesmo quando compete com monstros. Pensando bem o monstro é ele. Um ser capaz de transmutar o que pode parecer surf de criança em vitórias contra homens. Sua forma de dosar peripécias no ar com surf clássico faz muita gente tremer. Durante todo o evento seu backside foi demolidor e deixou o melhor surfista de todos os tempos muito a fim de uma revanche em Snapper ou Jeffreys. Sim, falta a Medina provar que é bom em outras ondas, mas isso é uma questão de tempo. Ele e sua geração estão transformando o WT. A ASP deve enfrentar uma crise de identidade diante da revolução pela qual o surf está passando. Durante muito tempo não surgiu um batalhão que confrontasse de verdade os Top 10, que mostrasse a possibilidade de uma real troca de guarda no Circuito. Isso só aconteceu agora, com a mudança no sistema de classificação e essa nova geração. Como julgar duas formas de surf tão distintas? Tubos são tubos, mas o que vale mais: a rasgada incomparável do Slater ou o superman do Medina? Já vimos cada uma dessas manobras renderem notas 10.