WAHINES


O surf feminino está em alta formando ídolos como Layne Beachley, Stephanie Gilmore e Silvana Lima no circuito mundial. Surfistas extremamente radicais, elas estão mostrando ao mundo que podem surfar como os homens, atacando as ondas com potência e radicalidade. Ver uma mulher surfando com agressividade é muito legal, mas as longboarders são um show à parte.

O surf de longboard se encaixa bem com alguns adjetivos que poderiam caracterizar uma garota... Suavidade, beleza, graça e classe. Uma questão de jeito e não apenas de força. Principalmente na Califórnia, mesmo com a variedade dos designs atuais, as meninas preferem os modelos clássicos, geralmente monoquilhas que, ao contrário do que muitos pensam, não são nada fáceis de surfar.

As wahines (meninas, na língua havaiana) entendem naturalmente o que a modalidade pede, sabem que não devem forçar manobras fora do tempo. Deslizam com fluidez e graça, esbanjando harmonia e caminhando em suas pranchas como se fossem modelos na passarela.

O surf clássico pede uma postura mais ereta, com a base junta. As curvas são mais suaves e os braços se movimentam pouco, auxiliando discretamente no equilíbrio e nas manobras. As passadas são bem curtas e só terminam quando os dedos dos pés estão pendurados para fora do bico. É difícil ver algum cara surfando assim hoje, entre esses e poucos bailarinos que resistem ao surf progressivo. Quer exemplos? Joel Tudor, Kevin Connely e Jimmy Gamboa são as maiores referências para as meninas.

Na Califórnia o longboard impera entre as mulheres, não só porque o surf delas se encaixa bem com o pranchão, mas também porque acaba levando em consideração o aspecto cultural que envolve os primórdios do esporte, criando uma identidade perfeita com o estilo retrô. É de satisfazer qualquer garoto ver surfistas como Belen Conelly, Belinda Baggs, Daise Shane e Jennifer Smith desfilarem nos seus pranchões. O bicampeão mundial Beau Young, certa vez disse que o longboard foi feito para as mulheres, pois na pranchinha é preciso usar força e no long só é preciso estilo, graça e suavidade. Finalizou dizendo que não tem nada mais bonito que ver uma gata surfando de longboard!

Aqui no Brasil, a categoria começa a se firmar, porém as meninas costumam usar modelos progressivos, influenciadas pelo estilo dos brasileiros, que têm uma linha mais radical. Algumas delas já competem no circuito mundial e esse intercâmbio tem mostrado resultados nítidos nas performances delas. A carioca Cris Pires está sempre viajando para aprimorar ainda mais seu estilo e a campeã brasileira Karina Abras, famosa por suas manobras radicais, já começa a aplicá-las com mais elegância após experiências internacionais.

Para alguns legends como Nat Young, o surf progressivo, que já é uma tendência mundial, está fazendo com que o longboard perca um pouco de sua identidade. No exterior as meninas parecem resistir bem a essa evolução (ou revolução), e isso tem sido importante para o longboard feminino, sendo seu grande diferencial, já que os homens (mesmo na Califórnia) estão dando mais atenção às "voadas" do que às "penduradas".

O surf é um esporte radical e até a sua mais clássica modalidade segue essa tendência. O importante é não deixar de lado a classe e o nose riding, que são a identidade do longboard. Sendo assim, a evolução é muito positiva, mas será melhor para as meninas se elas continuarem clássicas... Principalmente para nós que estaremos assistindo!