Quiksilver Pro Gold Coast 2010

O AUSTRALIANO TAJ BURROW CONFIRMA BOA FASE E VENCE A ETAPA DE ABERTURA DO ASP WORLD TOUR 2010, DERROTANDO NA FINAL O SUL-AFRICANO JORDY SMITH. ADRIANO DE SOUZA COMEÇA BEM E FICA EM QUINTO LUGAR NO QUIKSILVER PRO, DISPUTADO DE 27 DE FEVEREIRO A 10 DE MARÇO NA GOLD COAST.


O ASP World Tour 2010 deu a largada para mais uma corrida pelo título mundial de surf profissional. A tradicional etapa de abertura na Gold Coast australiana rolou em boas ondas no pico de Snapper Rocks, primeira seção do Superbank, um dos mais famosos point break de direitas do mundo. O fanático público local encarou muita chuva na maior parte dos dias e lotou a praia para conferir o show de perto.

O primeiro swell consistente da temporada entrou cerca de três semanas antes do evento, encerrando o longo período de flat que incomodava os surfistas e deixava um clima de ansiedade no ar. Durante a competição, as extensas ondas de Snapper chegaram a 2 metros nos melhores dias, mas as finais rolaram em ondas de 1 metro, com formação prejudicada pelo vento. Mesmo assim, foram suficientes para Taj Burrow confirmar a excelente fase que atravessa com a terceira vitória consecutiva em eventos profissionais desde o fim de 2009. A primeira foi no Pipeline Masters, em dezembro passado, no Hawaii. Depois, ele faturou uma etapa 4 estrelas do WQS, em Burleigh Heads, em fevereiro último. Agora, o aussie celebrou a mais significante seqüência de vitórias de sua carreira. Nascido e criado nas pesadas ondas do oeste australiano e disputando sua 13ª temporada no Dream Tour, Taj Burrow, de 31 anos, foi o estreante do ano em 1998 e, desde 2002, nunca saiu do seleto grupo dos Top 10.

Para vencer na Gold, ele derrotou o sul-africano Jordy Smith na decisão, pelo placar de 15.57 contra 12.56 pontos ─ deixando de lado os aéreos e optando por manobras sólidas de linha e arcos perfeitos, sempre nas melhores ondas da série. “Essa é a melhor sensação do planeta! Sinto que não surfei o meu melhor na final, só fiz o que deveria ser feito para vencer, nada muito selvagem. Preferia ter a abordagem do Jordy, que pegou um monte de ondas e se divertiu. Essa é minha estratégia, normalmente, mas desta vez funcionou diferente. Consegui ser mais paciente e seletivo”, explicou Burrow. Vindo de excelentes apresentações nas outras fases, Smith, de 21 anos, demonstrou tranqüilidade durante a decisão. Mesmo exibindo grande repertório de manobras e completando aéreos alucinantes, no entanto, não foi capaz de deter o inspirado aussie. Em seu terceiro ano na elite, este foi o melhor resultado de Smith no Tour. “Estou amarradão, esta foi minha primeira final no ASP World Tour. Estou me divertindo muito mais com meu surf, e tudo parece estar dando certo. Quero manter ritmo durante o resto da temporada”, disse o sul-africano.


TOPS EM QUEDA
Os Top 5 de 2009 começaram a prova com força total e exibiram performances de tirar o fôlego. Mas, com exceção de Taj Burrow, que atingiu o topo, o único que se manteve na mesma posição foi o brasileiro Adriano de Souza.

Para decepção da torcida local, os ídolos da casa deixaram a desejar. O atual campeão mundial, Mick Fanning, se deu mal nas oitavas-de-final e caiu diante de Kai Otton. Seu amigo Joel Parkinson, vice-campeão mundial e defensor do título da etapa, foi derrotado nas quartas-de-final pelo norte-americano Dane Reynolds. Bede Durbidge também caiu nas quartas, eliminado pelo finalista Jordy Smith depois de pegar o tubo mais insano do campeonato, na terceira fase, e chegar perto da nota máxima, com 9.93 pontos. Kelly Slater começou forte, mas nas oitavas-de-final não resistiu ao inspirado Jordy Smith, que impôs seu ritmo do início ao fim para vencer sem muita pressão. Outro fato marcante foi o retorno do havaiano tricampeão mundial, Andy Irons, que ainda não apresenta a mesma forma física de antigamente. Começou com uma atuação inexpressiva na estréia, passou apertado pelo compatriota Roy Powers na repescagem, mas caiu diante de Bobby Martinez na fase seguinte.


OS BRASILEIROS
Adriano de Souza teve excelentes atuações no evento e parou nas quartas-de-final barrado pelo campeão Taj Burrow, numa bateria com poucas ondas boas pelo placar de 17.70 a 14.40 pontos. “A bateria foi difícil, e é isso que acontece quando dois caras dos Top 5 se encontram, um show de surf. Consegui achar duas ondas boas e fazer novas acima de 7. era o que eu esperava, mas não encontrei nenhuma onda que me proporcionasse notas maiores do que essa”, explicou Mineirinho. Antes disso, ele derrotou sem dificuldades o taitiano Michel Mourez e o aussie Blake Thorton, na primeira fase, superou o amigo Jadson André, no terceiro round, e passou com vitória apertada pelo aussie Adrian Buchan, nas oitavas-de-final. Apesar da derrota, Mineirinho apresentou boas atuações nas baterias iniciais, sempre com drops atrasados atrás da pedra, cavadas fortes e ataques sem dó ao lip das ondas, além de jogar muito bem com a prioridade sempre que necessário.

Jadson André estreou no ASP World Tour com o pé direito e quebrou tudo no round inicial. O jovem potiguar demonstrou muita personalidade, confiança, e não quis nem saber quem eram seus adversários. Com um show de surf e 14.94 pontos somados, ele soube se posicionar e não deu chances aos locais Dean Morrison e Adam Melling. Abriu a bateria com um bom tubo logo nos primeiros segundos e depois soltou o pé nas extensas direitas do pico. “Eu estava um pouco nervoso porque era minha primeira bateria no ano, nunca tinha participado de uma no ASP World Tour, mas estava muito confiante em mim e na minha prancha. Já morei aqui cinco meses, então conheço um pouco esta onda. Foi show!”, comemorou Jadson. Infelizmente, pegou seu amigo e parceiro de viagem, Mineirinho, no terceiro round e acabou eliminado por 16.00 a 14.46 pontos. Mesmo perdendo, surfou muito bem, e com o desempenho apresentado poderia ter passado por grande parte das outras baterias da rodada, porém falhou na escolha de ondas e no jogo de prioridade.

Os catarinenses Marco Polo e Neco Padaratz começaram devagar no primeiro round, mas deram um gás forte na repescagem e apresentaram bom nível de surf, porém ambos encerraram suas participações por aí. Polo perdeu para o inspirado Jordy Smith e Neco, para o norte-americano Damien Hobgood, na bateria mais polêmica do campeonato. Neco entrou primeiro em cena e mostrou enorme disposição. Encontrou os tubos, chutou a rabeta com pressão e jogou água para todos os lados com fortes snaps. No entanto, Damien investiu apenas nas melhores ondas da série e trabalhou dentro do critério esperado pelos juízes para vencer a bateria por 16.57 a 13.53 pontos. “A gente treina, observa e analisa tudo, principalmente os detalhes, por isso sou tão intenso e me sinto tão mal em não conseguir me expressar mais dentro da água. Sou um cara que luta pelo que faz, não perco tempo à toa e posso também falar quando acho que as coisas são diferentes, porque estou aqui há 15 anos. A gente sabe muito bem quando perde e quando vence”, lamentou o catarinense.

Já Marco Polo correu atrás e encaixou belas manobras, mas nada pôde fazer para deter o vice-campeão do evento. Derrotado pelo placar de 17.86 a 10.27 pontos, Polo estreou sem vitórias no ASP World Tour. “O nível dos atletas muda muito do WQS para o WT. Aqui você tem que definir pelo menos duas ou três manobras bem fortes para conseguir uma onda excelente. Já no WQS, com duas manobras fortes você entra no critério excelente”, explicou Polo.