Rip Curl Pro Portugal 2010

DEPOIS DE SEDIAR A ETAPA MÓVEL DO WORLD TOUR NO ANO PASSADO, AS ONDAS DE SUPERTUBOS, EM PENICHE, ENTRARAM DEFINITIVAMENTE NO CALENDÁRIO E A PROVA PASSOU A SER A SEGUNDA DA PERNA EUROPÉIA. PARA VENCER PELA PRIMEIRA VEZ EM PORTUGAL, SLATER NÃO TEVE VIDA FÁCIL E PRECISOU PASSAR POR JORDY SMITH NA FINAL, SEU PRINCIPAL ADVERSÁRIO NA BRIGA PELO TÍTULO MUNDIAL, DERROTANDO O SUL-AFRICANO PELO PLACAR DE 13.33 × 11.43 PONTOS. O VICE-LÍDER DO RANKING DEU TRABALHO O TEMPO TODO, MAS, APESAR DO REPERTÓRIO INTERMINÁVEL QUE O FEZ AVANÇAR VÁRIAS FASES COM CERTA TRANQUILIDADE, SMITH SENTIU A PRESSÃO NA DECISÃO E CAIU EM MANOBRAS QUE NORMALMENTE NÃO ERRA. “A FINAL FOI MUITO LENTA E NENHUM DE NÓS TEVE NENHUMA ONDA REALMENTE DE PESO”, ADMITIU SLATER. “JORDY SMITH TEM MUITO TALENTO E É CAPAZ DE VIRAR UM RESULTADO A QUALQUER MOMENTO. NADA ESTAVA TERMINADO ATÉ A BUZINA TOCAR”. SMITH NÃO FICOU SATISFEITO COM AS NOTAS QUE RECEBEU E RECLAMOU EM DIVERSAS BATERIAS DURANTE O CAMPEONATO, INCLUSIVE FAZENDO SINAIS VOLTADOS PARA A CABINE DE JULGAMENTO, REINVINDICANDO NOTAS MELHORES. ESSA FOI A PRIMEIRA FINAL DELE CONTRA KELLY, QUE JÁ PARTICIPOU DE 64 FINAIS NO ASP WORLD TOUR E VENCEU 44 VEZES.


Em Portugal tivemos ondas realmente divertidas durante o campeonato. Estou amarradão por estar na final com Kelly e por estar na corrida pelo título com ele”, completou Smith. Mas quando o assunto é o décimo título mundial, Slater é cauteloso nos comentários. “Estou numa posição muito confortável depois desta vitória. Mas sei que Jordy Smith tem sido consistente durante todo o ano e ainda pode ganhar outro evento. Só tenho que continuar fazendo a minha parte”, finalizou o eneacampeão mundial.

Na primeira semifinal, Kelly Slater passou pelo australiano Chris Davidson usando uma de suas cartas na manga, um belo aéreo alley-oop 360° de frontside que valeu 9.33 pontos. Davidson nada pôde fazer além de bater continência para o mestre e acenar com um gesto de quem tira o chapéu.

Estreante na elite mundial, o australiano Owen Wright foi o autor da única nota 10 da competição, com um aéreo rodando impressionante. “Minha prancha tinha trincado na onda anterior e eu estava saindo para trocá-la, mas a junção armou na minha frente e mandei aquele aéreo. Sinceramente voei mais alto do que eu imaginava”, analisou Wright, que encerrou sua participação na quinta colocação.

Depois da grandiosa vitória na França, Mick Fanning ainda podia dificultar a vida de Slater, mas caiu precocemente no terceiro round diante de Travis Logie. Kelly assistiu a tudo de camarote e desempenhou papel de técnico do sul-africano na etapa.

O potiguar Jadson André foi o melhor brasileiro na prova e deu uma dura em alguns adversários de peso para encerrar sua participação novamente na nona colocação, mantendo-se na décima posição do ranking. No primeiro round ele encontrou bons tubos para mandar para a repescagem ninguém menos que o tricampeão mundial Andy Irons, além do americano Patrick Gudauskas.

No quarto round, Jadson teve um duelo eletrizante com Jordy Smith e Owen Wright. Mas Smith levou a melhor sobre os novatos ─ que estão numa disputa acirrada pelo prêmio de melhor estreante do ano. Nas duas Expression Sessions que rolaram durante o evento o potiguar foi o melhor, sem dar chances aos Tops que participaram.

Já Adriano de Souza mais uma vez não se deu bem e encerrou o segundo evento consecutivo sem vencer nenhuma bateria. No primeiro dia, o paulista chegou atrasado para a primeira bateria do evento, enquanto seus adversários já estavam posicionados no outside, e ficou na última posição, atrás do australiano Luke Munro e do americano Taylor Knox.

No dia seguinte , Mineiro foi eliminado da prova pelo australiano Dean Morrison, que competiu como convidado no lugar de Bede Durbidge ─ o Top voltou para a Austrália para o nascimento da primeira filha. O brasileiro tinha a bateria nas mãos, mas falhou ao deixar seu adversário solto e não marcá-lo nos últimos minutos. O erro custou mais uma eliminação prematura de Mineirinho, que vinha de bons resultados na primeira metade do ano.

Convidado da Rip Curl para correr a etapa, o niteroiense Bruno Santos reforçou o time brazuca, mas acabou perdendo as duas baterias que disputou. Na repescagem foi derrotado por Slater com uma feroz tática de competição. “Fiquei esperando pelas melhores, mas acabou não dando. Estou feliz por ter tido mais esta oportunidade”, disse Bruninho.

Assim como a etapa francesa, o evento em Portugal também apresentou palanques montados em diversos picos da região com caminhões de apoio para complementar a estrutura. Um litoral totalmente recortado e com picos voltados para diversas direções garantiu a ausência do temido flat e proporcionou pesados canudos em Supertubos e pistas de decolagem na praia dos Belgas.


SURF EM 3D
Além do uso da super câmera lenta e de câmeras de alta definição para garantir a qualidade na transmissão, uma tecnologia inédita foi usada pela primeira vez na história em um campeonato de surf, marcando o início de uma nova era: a transmissão em 3D. A novidade estava programada para ir ao ar na TV portuguesa a partir das quartas de final. Coincidência ou não, quando as câmeras foram ligadas para teste no dia anterior, a primeira imagem a ser captada foi o aéreo nota 10 de Owen Wright, que ao sair da água correu para conferir a novidade. “Isso é impressionante, não tenho palavras para descrever. Costumo assistir aos meus vídeos o tempo todo, mas nunca tinha me visto surfar em 3D (risos)”, vibrou Owen.