Dívida paga?


A “novela mexicana” sobre o não pagamento da premiação aos vencedores do Local Motion Guarujá Surf Pro, prova da divisão de acesso à elite mundial que rolou em setembro de 2009, parece ter chegado ao fim. Inacreditavelmente, o desgastante impasse se arrastou por mais de cinco meses, o que deixou todos os 96 competidores agoniados e com um enorme ponto de interrogação pregado em suas testas: “quando iremos receber?”.

Com o objetivo de investigar o real motivo do não pagamento, eu contatei todas as partes envolvidas: Roberto Perdigão, diretor regional da ASP na América do Sul; Ricardo Batanero, gerente de marketing da Local Motion; e Renato Galvão, primeiro colocado na etapa do WQS. Eu só não conversei com a prefeita do Guarujá, Maria Antonieta de Brito, pois sua assessoria de imprensa não retornou minhas ligações.

A minha idéia, desde o início, era colocar as cartas na mesa para destrinchar o fato, dando liberdade de expressão às fontes citadas. Porém, por pura coincidência (ou não), depois de três dias investigando o caso, recebi a grata notícia de que a situação estava sendo resolvida. A prefeitura havia liberado a grana da premiação.

Horas mais tarde, o seguinte comunicado caiu na caixa postal do meu celular através da assessoria da ASP: “A partir do dia 15 de março, a própria ASP South America começa a quitar a pendência com os 96 surfistas que deveriam ter recebido seus prêmios". Claro que esta mensagem foi comemorada com alegria, pois um calote deste porte seria inadmissível e envergonharia nosso país ─ sem falar na repercussão negativa para o surf brasileiro.

Mas antes disso, vamos à raiz do problema: o profissionalismo perdeu para a “brodagem do surf”. Acredite, em nenhum momento existiu um contrato assinado sobre a realização do evento com as respectivas entidades envolvidas. Ficou apenas na palavra, na confiança, e deu no que deu. Antes de postar esse texto, liguei para o campeão Renato Galvão só para confirmar se os 20 mil dólares já estavam em sua conta. A resposta foi o seguinte: “ainda não”. Então, será que estamos resolvidos?