MESMO MACHUCADO, KELLY SLATER ATROPELOU OS ADVERSÁRIOS E VENCEU O ATUAL CAMPEÃO MUNDIAL MICK FANNING NA FINAL DO RIP CURL PRO BELL’S BEACH, SEGUNDA ETAPA DO ASP WORLD TOUR, NO COMEÇO DE ABRIL, NA AUSTRÁLIA.
Depois da abertura na Gold Coast australiana, o ASP World Tour promoveu a segunda e mais tradicional etapa do Circuito, o Rip Curl Pro Bell’s Beach 2010. Após um “modesto” nono lugar em Snapper Rocks, Kelly não só confirmou sua presença em Bell’s, como venceu o evento. Mas desta vez, além dos adversários, o nove vezes campeão mundial teve que enfrentar uma lesão no pé (uma fratura tênue, da espessura de um fio de cabelo) ocorrida durante uma sessão de treinos em Bell’s. mesmo assim, o americano foi batendo seus adversários um a um. Sem apresentar grandes performances, ele barrou o sempre “osso duro de roer” Bede Durbidge nas quartas. Depois passou pelo compatriota Bobby Martinez (que comprovou a boa fase e chegou a sua segunda semifinal seguida), até cruzar na decisão com o atual campeão mundial Mick Fanning, que ao contrário de Slater vinha derrubando seus oponentes com boas apresentações. Primeiro Fanning venceu um dos “queridinhos” do Tour e vice-campeão da primeira etapa, Jordy Smith, numa bateria muito equilibrada. Na semifinal ele derrotou o então líder do Circuito Taj Burrow. A decisão foi disputada em Johanna Beach (este ano, devido às difíceis condições do mar, o evento teve quatro palcos diferentes: a primeira fase rolou em Bell’s Beach, a repescagem rolou em Thirteenth Beach, a terceira fase e a metade das oitavas em Winkipop e o último dia de competição em Johanna) em ondas de 1 metro, com formação irregular. Os dois competidores demoraram a encontrar uma onda boa, até que Fanning veio numa boa direita e mandou fortes manobras até o inside para arrancar 7 pontos e sair na frente. Todos se perguntavam se Slater mesmo machucado conseguiria virar o duelo. A resposta do eneacampeão veio a poucos minutos do término, numa direita que para a maioria dos surfistas seria ruim. Mas ele deu uma boa batida e finalizou com um incrível aéreo alley-oop, para tirar 8.93 e assumir a liderança. Não satisfeito, voltou para o outside e pegou outra onda boa, mandou diversas batidas e rasgadas e recebeu 8.10, sacramentando a vitória. “Antes da final, prometi que, se eu ganhasse, daria a taça para as pessoas do Wathaurong (tribo aborígene local) e consegui. É um ano longo, mas estou mais animado com este resultado. Senti que estava surfando bem na Gold Coast, mas não consegui o resultado que gostaria. Vim para cá para tentar uma recuperação e deu tudo certo”, disse Slater. Apesar do vice-campeonato, Fanning saiu feliz: “O segundo lugar é um bom resultado, mas eu adoraria vencer aqui. Não consegui encontrar um bom ritmo na final e o Kelly pode fazer qualquer coisa, mesmo quando está lesionado”, comentou Fanning.
OS BRASILEIROS
Adriano de Souza mais uma vez foi o melhor brasileiro do evento, terminando na quinta colocação. Foi sem dúvidas um dos melhores surfistas da primeira fase ganhando com facilidade e descartando notas altas. Na terceira fase, Mineiro repetiu a excelente atuação da estréia e “escovou” o americano Brett Simpson, surfando com muita pressão e variando as manobras, do jeito que os juízes gostam. Depois passou sem dificuldades pelo havaiano Fred Patacchia. Nas quartas, Mineiro enfrentou seu algoz da primeira etapa, Taj Burrow. Numa bateria de poucas ondas boas, o australiano achou duas medianas e passou. Adriano não entrou em sintonia e somou apenas 4.87 pontos, contra 11.34 de Taj. O potiguar Jadson André estreou com derrota, em último na bateria vencida pelo australiano Tom Whitaker, com o americano Brett Simpson em segundo. Na repescagem, passou fácil pelo australiano Luke Munro. Depois, no duelo do mais jovem contra o mais velho do Tour, Jadson mostrou seu backside afiado e destruiu as direitas de Winkipop contra o americano Taylor Knox. Numa bateria de alto nível, o potiguar somou 16.53 contra 14.37 de Knox. Nas oitavas, Bobby Martinez achou uma esquerda e mandou uma batida e bom alley-oop para tirar 8.17. Jadson não conseguiu achar nenhuma onda e foi eliminado. Na primeira fase, Neco Padaratz foi um mero espectador da disputa vencida por Taj Burrow contra Daniel Ross. Na repescagem, o catarinense se redimiu com uma convincente vitória sobre o americano Damien Hobgood. Na terceira rodada, Neco até surfou bem, mas não foi páreo para o australiano Joel Parkinson. O jovem Gabriel Medina entrou no campeonato como convidado e ficou em segundo numa bateria vencida facilmente por Joel. Na segunda fase, não se intimidou ao enfrentar o campeão mundial de 2001, C.J. Hobgood. O garoto prodígio do surf brasileiro usou seu arsenal de rabetadas e aéreos para despachar o americano. Depois enfrentou o inspirado Mick Fanning, que logo no início da bateria pegou boas ondas e não deu chances a Medina. O catarinense Marco Polo apresentou um surf melhor do que na primeira etapa. Na primeira fase ficou em segundo, atrás de Kelly Slater. Depois não resistiu ao surf moderno do sul-africano Jordy Smith.