Deu no jornal "O Globo". Artigo de página toda expõe tese do historiador Cleber Augusto Gonçalves Dias de que o surfe como esporte nasceu na Califórnia. "Os havaianos não faziam surfe como esporte. Nem existia essa palavra. Para eles, o hábito de ficar em pé era ligado a rituais religiosos, bem diferente do que aconteceu nos Estados Unidos, principalmente a partir da segunda metade do século XX, onde a pratica era laica e tinha um significado de divertimento e uma gama diferente... O esporte do surfe é um fenômeno moderno, que só pode ser praticado por culturas modernas", afirmou Gonçalves Dias, que escreveu o livro "Urbanidades da natureza: o surfe, o montanhismo e as novas configurações do esporte no Rio de Janeiro". Sim, o surfe explodiu de fato na Califórnia, onde se desenvolveu e expandiu a cultura moderna e o estilo de vida das ondas que conhecemos hoje. Só que o prazer de correr as ondas não nasceu ali. Além da prática religiosa, o surfe era sim uma diversão e alegria para os antigos havaianos. Basta ver o sorriso nos rostos dos surfistas no Hawaii antigo, basta ver o prazer puro. E quanto a não existir a palavra esporte naquela época, será que era necessário se havia uma palavra muito mais ampla como aloha? O aloha que representava toda a cultura e jeito único de viver dos havaianos, tão ligados ao mar e aos sentimentos mais nobres como o compartilhar. O aloha que inclui a arte e espírito de surfar dentro de si.
Quanto à tese de que o esporte do surfe só pode ser praticado por culturas modernas, o jornalista americano Sam George já derrubou essa ideia: ele descobriu há poucos anos na ex-colônia portuguesa de São Tomé, África, os nativos surfando em tábuas de madeira just for fun. George escreveu um artigo na Surfers Journal e fez um documentário sobre essa descoberta, ambos com o nome de "The lost wave ─ an african surf story".