10 perguntas para... Matt Biolos

Falando sobre pranchas, nunca houve um cenário tão borbulhante. Entenda-se essa fervura como o aquecimento dos negócios de alguns enquanto outros derretem no caldeirão globalizado em que vivemos. O shaper Matt Biolos, conhecido por Mayhem, é o CEO e fundador da ...Lost SurfBoards e continua seu trabalho pelo mundo, inclusive no Brasil, onde esteve em novembro.



01. A crise internacional afetou a venda de pranchas?
Sim, deu uma desacelerada, mas nossa marca é forte. Nos EUA somos uma das poucas marcas presentes nas principais lojas e ainda bem no momento. São tempos difíceis e na Europa sabemos que a ...Lost Boards desacelerou menos que qualquer outra. Isso é ao menos um bom sinal. No Japão continuamos acerelando e vejo grandes possibilidades no mercado globalizado.

02. Qual a diferença entre os mercados americano e brasileiro?
Quanto a pranchas o mercado brasileiro é menor e mais exclusivista em geral. As ondas são bem parecidas à costa oeste, quando está baixo e à costa leste com boas ondas e a habilidade dos surfistas está próxima do mesmo nível. Acho que os mesmos tipos de pranchas funcionam em todos os lugares, em ambos os mercados. A autenticidade domina.

03. Os brasileiros estão acustumados a pedir pranchas por modelo ou ainda querem encomendar determinando todas as medidas?
Para mim, nessa viagem, todas as pranchas foram encomendadas por modelo. Os consumidores hoje estão globalmente educados pela internet. Existe uma diferença mínima na maneira em que brasileiros ou americanos pedem suas pranchas atualmente. Muito embora as dimensões negociadas no Brasil sejam um pouco mais finas e estreitas.

04. Quais os modelos de mais sucesso aqui?
Bom, o mais popular que fizemos nessa viagem foi o Chris "Psycho" Ward e o Whiplash. O Ward é um modelo fácil de surfar para surfistas normais em ondas moderadas e o Whiplash é bom para surfistas rápidos e leves fazerem curvas. Ele é surpreendente em ondas mais porrada. Fizemos muitos Roundnose Fish e até o novo Rocket encontrou seu caminho para o Brasil no boca a boca.

05. Mas existem alguns ajustes nos modelos ou são exatamente os mesmos?
Os mesmos. Muito embora quando estive no Brasil dessa vez eu tenha dado uma afinada em vários dos meus designs. É sempre uma ótima oportunidade para me focar apenas em shapear e pegar algumas ondas por dia. Gosto muito dessas "shape trips"... mesmo que as ondas sejam apenas mais ou menos.

06. A ...Lost fabrica pranchas ou parte delas fora do país para vender no mercado doméstico?
Nós agora temos um acordo com a Firewire, onde eles aplicam e produzem tecnologia FST nos meus designs. Nós começamos com dois modelos em quantro tamanhos e esse é um projeto muito empolgante. É uma coisa exclusiva. A ...Lost agora é a única marca além deles mesmos a ter acesso à tecnologia Firewire. Essas pranchas são feitas fora do país.

07. Qual o preço médio de uma prancha nas lojas?
Nas lojas dos EUA uma ...Lost Board fica entre U$500 e U$700.

08. As pranchas tipo "made in China" incomodam?
Sim, mas não tanto quanto antes porque esse negócio realmente diminuiu muito e esses palhaços estilo "grana rápida" que as produziam estão ficando frustrados e mudando para outros mercados e tentando outros negócios. Os surfistas de verdade estão todos voltando à realidade, se é que um dia a deixaram: eles respeitam os autênticos construtores de pranchas.

09. Você tem enfrentado muita pirataria no Brasil?
Eu tenho visto muito pouco, mas se alguém no Brasil quiser tentar... podemos contratar um "capanga" para fazer uma visitinha a esse tipo de gente.

10. Você tem feito pranchas convencionais, com longarina no meio, resina de polyester e poliuretano ou a configuração está mudando?
Pranchas com longarina, resina polyester e poliuretano. Esse é 80% ou mais do nosso negócio.