O dia 27 de agosto de 2011 entrou para a história do tow in brasileiro e mundial. Ondas mutantes, como nunca antes vistas na bancada de Teahupoo, no Tahiti, foram surfadas pelos melhores big riders do mundo. Dia de glória para muitos, e via expressa ao hospital de Papeete para outros. A bancada nunca esteve tão perigosa e as ondas tão imprevisíveis. Maya Gabeira foi uma das corajosas guerreiras que enfrentaram o útero sinistro e matador de Teahupoo, mas a carioca saiu assustada depois de tomar uma vaca e uma série de ondas na cabeça.
Ela tomou um susto que teve grandes proporções. Kelly Slater chegou a twittar sobre seu acidente e até especulações surgiram sobre ela abandonar o esporte... Enfim, uma chuva de informações desencontradas que, ilustradas pelas fotos tenebrosas da big rider sendo resgatada, criaram um clima de terror e tristeza na comunidade do surf.
Todos esperavam um swell gigante em pleno Billabong Pro Tahiti, mas nem todos sabiam que aquelas previsões monstruosas resultariam em uma revolução para o surf atual ─ uma revolução televisionada, com todo o circo do surf profissional armado no canal tahitiano. "Esperávamos algo grande, mas ninguém contava que a direção seria tão de oeste e perigosa", me contou Maya Gabeira. "A expectativa entre todos era muito grande, os melhores surfistas do mundo estavam lá", disse ela, que encarou duas bombas naquela tarde.
Segundo a carioca, todos no outside estavam dizendo que a bancada estava no limite e que, além de gigante, muitos daqueles tubos não tinham saída. Maya pegou suas ondas sendo puxada por Carlos Burle. Na segunda, teve o maior susto de sua vida: "Rolou um megaexagero sobre toda a situação. Foi uma condição extrema, saí de uma onda menor no canal e acabei ficando presa entre a esquerda de Teahupoo e a direita seca. Tomei uma série enorme de várias ondas na cabeça. Felizmente fui resgatada pelo Vetea David sem lesões e consciente. Foi um momento intenso, pois onde estava era muito perigoso e raso. Quando eu fui resgatada, estava bem, mas assustada, é claro. No entanto, sem lesões graves e só uns poucos ralados do lado esquerdo do corpo".
Maya nunca tinha passado tanto sufoco em uma sessão de tow in: "Já passei por vários, mas nada parecido com este. Dei sorte, pois o perigo era bater na bancada e apagar. Graças a Deus não bati muito forte e consegui manter a minha respiração controlada até que fosse resgatada". A brasileira que encarou o mar mais sinistro do ano (ou por que não da década?) aprendeu com a situação e pretende seguir na evolução de seu surf para voltar ainda mais forte em uma próxima oportunidade. "Procuro me concentrar na minha experiência com as ondas de Teahupoo, no meu equipamento e no meu parceiro, o Burle. Ele também sempre me ajuda a traçar objetivos e estar em um bom estado de espírito", diz a big rider. "Sigo a minha intuição e também procuro ser otimista".