Já parou para pensar até quando pretende surfar? A maioria de nós certamente responde: a vida inteira, ou pelo menos enquanto tivermos condições físicas para isso. Claro, a parte física é importante, mas há de chegar a hora em que o cara vai precisar de um equipamento que lhe proporcione melhores condições para continuar no mar. É aí que o bom e velho longboard entra em cena.
Apesar dos pranchões terem a simpatia da garotada, pelos designs modernos que oferecem enorme variedade de manobras, ninguém pode negar que a prancha ideal para a galera mais “avançadinha” na idade, ainda é o longboard. A remada que o pranchão oferece, e conseqüentemente, um melhor posicionamento no pico, já são motivos suficientes para ajudar a combater os efeitos da idade. Melhorando esses dois aspectos, as chances de pegar boas ondas aumentam consideravelmente.
Porém, se você é daqueles shortboarders que não dão o braço a torcer por pensar que os pranchões são muito grandes e impossíveis de manobrar, é bom conversar com alguns shapers brasileiros mestres na arte de fazer longboards super manobráveis, sem perder a essência do nose riding. Entre alguns desses mestres estão Neco Carbone, Delton Menezes, Luís Juquinha, Almir Salazar, Rico de Souza e Cláudio Pastor. Eles colocam verdadeiros foguetes nos pés de surfistas de todas as idades que fazem coisas impressionantes nas ondas.
Segundo Neco, alguns detalhes são responsáveis por essas facilidades na hora de surfar com uma prancha acima de nove pés: “O longboard deve ter algumas semelhanças com uma prancha pequena. O outline da rabeta, ou seja, a espessura e o formato da borda, aliado à curva de rabeta... seria como uma pranchinha alongada... Dessa forma, a prancha, sendo leve, não terá nenhuma limitação para fazer um lip/base agressivo”. Isso ainda é mais verdade pela multiplicidade de configurações possíveis na colocação da(s) quilha(s). se ainda não se convenceu comece a reparar em alguns surfistas que usam esses protótipos, principalmente nos caras que passaram dos 40 anos e continuam dando canseira na nova geração.
Amaro Matos é um bom exemplo de surfista que veio da pranchinha e hoje é considerado um dos melhores longboarders do mundo. É impressionante a facilidade com que ele desfere manobras radicais com seu pranchão. Batidas retas, tubos profundos e aéreos fazem parte do seu vasto repertório. Talvez seja o surfista ideal para convencer alguém a rever conceitos. No momento em que esse texto foi escrito Amaro estava a caminho de Puerto Escondido, para participar de um campeonato de longboard. Aliás, outro exemplo dessa linhagem é o Picuruta, que também está em Puerto. Mas esse surfa bem com qualquer coisa. Podemos citar também o quase quarentão e local de Saquarema Jeremias da Silva, o Mica, que está sempre se atirando nas cracas que bombam atrás da laje, em Itaúna, contrariando aqueles que pensam que longboard só serve para ondas pequenas e cheias.
Outros cinqüentões e sessentões, também dão show de vitalidade. Afonso Freitas, 76 anos, pai do campeão Marcelo Freitas, pega altas ondas até hoje na praia da Macumba, no Rio de Janeiro. Além dele, chamam a atenção pela performance e idade, a família Mansur. Elias, Wady e Fuad, os coroas esbanjam estilo e técnica, mostrando que quando estão em cima de um longboard, os cabelos brancos (ou a falta deles), não passa de detalhe.
Se você ainda acha que longboard é coisa para velho... bom, até certo ponto está certo. Mas se já sente dificuldade para surfar de pranchinha, por causa da falta de remada, crowd, fraqueza nas pernas, dificuldade de equilíbrio... acredite, nessas condições, não tem nada melhor que um long para rejuvenescer um surfista. Como disse Amaro certa vez: “Longboard, é o início e o fim de todo surfista!”.