Como a vida poderia ser melhor? Se esta pergunta fosse feita para o jovem taitiano de 25 anos de idade Malik Joyeux, ficaria sem resposta. Destemido, talentoso e, ao mesmo tempo, humilde, Malik não era o tipo do cara que ficava se gabando de seus feitos nas ondas, ainda que estes fossem absolutamente extraordinários. Suas performances de tow-in em Teahupoo, na companhia de seu parceiro Manoa Drollet, onde eram considerados a melhor dupla, marcaram para sempre a história do pico e conquistaram para os dois a admiração de surfistas do mundo inteiro. Em filmagens que rodaram o planeta, era possível comprovar o quanto Malik podia resistir às vacas mais cabulosas imagináveis, para depois voltar ao outside disposto a colocar sua vida em jogo novamente, como se estivesse apenas dando um passeio no parque. A impressão para quem assistia àquelas cenas é de que o diminuto surfista, de aparência frágil, especialmente diante da magnitude aterradora dos lips turbinados passando sobre sua cabeça, deveria estar sendo protegido por alguma força oculta para poder sobreviver a tanta punição nas entranhas de Teahupoo. Impressão esta que, para tristeza geral da comunidade global de surfistas, seria comprovada como falsa em 2 de dezembro surfando ondas que pareciam verdadeiras marolas comparadas às que ele estava acostumado a enfrentar no Tahiti. Naquele dia descobriu-se que Malik era um mortal como qualquer outro, sujeito a se afogar durante um caldo, que nem pareceu tão violento. Realmente o mar não passava de oito pés, mas como testemunhou seu parceiro Manoa, que se encontrava a poucos metros dele no momento do incidente, Malik não conseguiu respirar antes de ser atingido pelo lip da onda seguinte e desapareceu para ser encontrado apenas longos nove minutos depois, já sem vida. Joyeux significa feliz em francês, e nas palavras de Manoa, não poderia haver nome mais adequado para Malik. O consolo que fica é que ele viveu feliz.