Tudo começa com uma câmera 16mm aparecendo na tela e comunicando sutilmente que o importante é voltar para o básico, se é que isso se presta para uma tradução tão chula. Thomas Campbell é um verdadeiro artista. Seus filmes, SPROUT e SEEDLING, são poemas visuais e poesia, e pode ser chato pacas quando o poeta não sabe quando terminar.
The Present é um bom filme, teima demais com câmera lenta e tem estrofes longas demais com o simpático Alex Knost falando no telefone, mas funciona bem em entreter e atiçar o camarada que o assiste a passar mais tempo na água.
A trilha, como sempre, é impecável: jazz e funk salpicados de roquinho fácil ara divertir, David Axelrod, Vetvier, Gabor Szabo, Tommy Guerrero, Bonnie Prince Billy e Japanese Motors (banda do Knost). Uma das grandes estrelas do filme é a Alaia, prancha primitiva feita de madeira, sem quilhas, inspirada nas antigas fotos e gravuras dos polinésios. David Rastovich e Rob Machado fazem a coisa parecer fácil demais ─ ainda mais quando em câmera estupidamente lenta.
Uma onda perdida na África também encanta pela fotografia caprichada, homenagem do Campbell ao ENDLESS SUMMER. Chelsea Georgeson dá uma aula (inclusive aos marmanjos) de como entubar na já tradicional viagem de barco pelas ilhas da Indonésia. Joel Tudor dá uma pequena aula sobre a mitologia do surf, de Dora e Curren, e um campeonato inusitado apresentado por Machado e Reynolds quase arranca uma gargalhada ─ destaque para o Conde Tremula (Dan Malloy). A narração é irritante e dispensável.
The Present ─ não deixe de assistir, tome um belo copo de café forte antes.