O ser humano sempre foi ligado neste negócio de futuro. Querer adivinhar o que vai acontecer é um dos maiores desafios do homem desde a antigüidade. Elias, Nostradamus, Ezequiel são apenas alguns dos profetas conhecidos de nossa história.
Longe de querer me tornar um deles, sempre gostei de dar meus pitacos em relação ao Circuito Mundial. Acho o máximo fazer um estudo, analisar os eventos, atletas, novidades, variedades e no final fazer uma premonição “vigarista” do que vai acontecer.
Como o World Tour se inicia amanhã, acho que é uma boa oportunidade para tentar adivinhar os caminhos de algumas figuras da ASP nesta temporada.
Vou começar por um cara que teve muita falta de sorte nos dois últimos anos. Joel Parkinson é um dos maiores da história. Sua facilidade em executar qualquer manobra chega a assustar. Movimentos limpos, velocidade perfeita, o cara nasceu para isso. O que deu errado? Kelly Slater! Depois, duas contusões, uma delas seríssima, quando ele já demonstrava a maturidade necessária para segurar a onda de disputar um título mundial. Definitivamente, Parko é a minha aposta para ser o próximo número um.
Para pertubar Parko rumo ao título, vejo apenas quatro nomes: Jordy Smith, Taj Burrow, Owen Wright e Mick Fanning. Você deve estar se perguntando: “E o Dane Reynolds?”. Bem, ele é um monstro, mas não me parece focado o suficiente para mudar um pouco sua forma de surfar, como Martin Potter fez em 1989 para faturar seu caneco. Aliás, tomara que não mude, pois prefiro do jeito que está, natural.
Entre os brasileiros, há tempos não temos um time tão talentoso. Adriano de Souza parece que gostou de estar ali no topo. Está cada vez mais consistente, aguerrido e tático, as vezes até demais. Acho que não vai ter problemas para se manter entre os 16 primeiros.
Jadson André, este sim, pode ficar em apuros. Sua evolução é visível, mas as seis primeiras etapas antes do corte, em Trestles, não são tão promissoras. Gold Coast, Bells e J-Bay são eventos para regulars, o Rio e a etapa da Costa Leste ianque são incógnitas enquanto Teahupoo é um lugar para poucos e geniais. Mas o garoto tem ‘balls’ e isso conta muito.
Alejo Muniz certamente vai sofrer com a implacável falta de experiência, ainda mais agora, com menos e mais talentosos adversários. Já Heitor Alves é um excepcional surfista e creio que seu lugar é na elite. Ao contrário de Jadson, tem um backside poderoso e as direitas do Superbank e de Bells caem como uma luva para seu jeito de atacar o lip. Conhecedor profundo das ondas cariocas e com bom histórico de tubos no Tahiti, o cearense tem tudo para se destacar neste primeiro semestre, o que conta muito para uma tranqüila passagem para setembro, quando o bicho começa a pegar no circuito.
Sobrou Raoni Monteiro, mas esse prefiro me esquivar, afinal, dali tudo pode acontecer, desde ganhar um evento até perder todas as baterias de prima. Nesse caso, acho que nem com as “Centúrias” dá para arriscar um palpite.
Sobre as novidades, Julian Wilson é um cara perigoso. De logotipo novo na prancha, vai querer mostrar serviço. Já venceu alguns surfistas poderosos e sabe entubar muito. Uma boa pedida para se dar bem no Dream Tour.
Lembrando que tudo isso que escrevi, tirando a parte dos brasileiros, você pode apagar caso o porcaria do careca extraterrestre resolva assombrar novamente a nova, atual e velha geração. Se ele tomar gosto e resolver dar uma esticada de mais um ano colocando lycra, é claro que a clarividência vira dom comum à maioria dos mortais, o tornando favorito absoluto a ter 11 em 20011.