ALEJO MUNIZ JÁ CONQUISTOU O QUE MUITOS SURFISTAS PASSAM A VIDA SONHANDO EM ALCANÇAR, ISSO COM APENAS 20 ANOS. SEU ÚLTIMO GRANDE FEITO FOI CLASSIFICAR-SE PARA O WORLD TOUR 2011 AOS 45 DO SEGUNDO TEMPO, EM UM ANO RECHEADO DE MUDANÇAS E NOVIDADES NO REGULAMENTO DA ASP. ALÉM DA CLASSIFICAÇÃO, ALEJO, APONTADO COMO UMA DAS PRINCIPAIS ESPERANÇAS BRASILEIRAS DA NOVA GERAÇÃO, TROCOU DE PATROCINADOR. CONFIRA QUAIS SÃO SUAS EXPECTATIVAS PARA ESTE ANO QUE, PRINCIPALMENTE PARA ELE, PROMETE.
01. COMO FOI O WQS EM 2010?
Cara, foi complicado, acho que essa é a palavra cera. Foi um ano difícil em pontos, ninguém sabia o que ia acontecer, tinha muita etapa junta da outra, etapa WQS prime junto com 6 estrelas. Eu estava o tempo todo na bolha, não sabia se entrava ou não, por isso esse ano foi bem duro mentalmente e fisicamente. Mas no final das contas foi incrível. Se não tivesse sido dessa maneira não teria todo esse gostinho (risos).
02. EM ALGUM MOMENTO VOCÊ CHEGOU A PENSAR QUE NÃO ENTRARIA NO WORLD TOUR?
Foi uma coisa que botei na minha cabeça desde o começo do ano. Falei: “Não, cara, esse ano eu vou entrar”, mas acabei saindo do Hawaii sem saber se tinha me classificado ou não.
03. COMO FOI ESPERAR O RESULTADO SENDO QUE VOCÊ DEPENDIA DE OUTROS?
Foi difícil. Pensei: “Não vou assistir o campeonato online, não vou entrar na internet, não quero saber de resultados. Só quero saber lá no final se entrei ou não”. Mas realmente foi difícil esperar o desfecho. Quando recebi a notícia fiquei nas nuvens, não caiu a ficha ainda, parece que é mentira. É tudo o que eu sonhei a minha vida inteira.
04. COMO VOCÊ FICOU SABENDO QUE ENTROU PARA O WORLD TOUR?
Quem me deu a notícia foi o Paulo Kid, meu técnico. No vôo saindo do Hawaii para o Brasil, acabei sentando nas primeiras poltronas e ele sentou lá no final. Na escala em Miami saí do avião e fiquei o esperando. De repente vem ele devagarzinho. Na minha cabeça pensei: “Pô, ele ta vindo tão devagar e a gente tem um vôo agora pro Brasil”. Ele parou na minha frente, olhou pra mim e falou: “E aí, tu já sabe?”. Olhei pra ele e penei: “Puta, perdi meu vôo, vou demorar pra caramba para chegar no Brasil, vou ter que passar a noite aqui em Miami”, mas perguntei, “Sei o quê?”. Aí ele abriu os braços e soltou: “Tu ta dentro!”. Cara, foi uma coisa que tanto eu, quanto ele, queríamos muito. Corri, abracei ele, agradeci, queria chorar, berrar, não sabia o que fazer.
05. QUAIS SÃO SUAS EXPECTATIVAS PARA ESTE ANO?
Vou te falar que ainda não tive tempo pra sentar e pensar. A única coisa que sei é que vou continuar correndo os WQS Primes. Mas o objetivo é sempre mais ou menos o mesmo. Me dar bem, passar baterias, tentar fazer o melhor trabalho possível. Minhas pranchas estão muito boas e estou me sentindo bem. Estou bem empolgado para esse ano, porque é um sonho realizado. Minha expectativa é a melhor, mas vai ser um ano de aprendizado pra mim.
06. QUAL ETAPA DO WT VOCÊ ESTÁ MAIS ANSIOSO?
Cara, espero bastante a primeira etapa na Austrália. Além de ser a primeira, ela rola naquela direitinha de Snapper Rocks, que é muito perfeita, ainda mais para mim que surfo de frente pra direita. Já fui quatro vezes pra Austrália, numa delas eu fiquei 6 meses lá, então Snapper é uma onda que não é tão nova pra mim, por isso minha expectativa é grande para esta etapa.
07. VOCÊ MUDOU SEUS TREINAMENTOS AGORA QUE ENTROU PARA O WT?
Meu treinamento vai continuar igual. Talvez eu mude um pouco as minhas pranchas, mas o foco é o mesmo, o estilo de surfar vai ser o mesmo. Vou buscar evoluir o máximo que eu puder.
08. COMO VOCÊ VÊ O TIME BRASILEIRO DO WORLD TOUR 2011?
Acho esse u time bem especial. Porque apesar de eu ser o único novato, o Mineiro vem destruindo todos os anos. O Jadson ganhou a etapa do Brasil ano passado sobre o Kelly. O Heitor destruiu o WQS, não teve pra ninguém, o cara estava entre os tops do ranking unificado sendo que nem correu o WT. E o Raoni já foi muitos anos do Tour, ele sabe o que tem que fazer e ganhou a última etapa em Sunset. Então, o que menos entende do processo sou eu, mas vou tentar aprender com eles, vai ser bem especial.
09. COMO FOI A TEMPORADA HAVAIANA?
Foi difícil, cara, foi tudo meio corrido. O mar ficou flat durante quase 15 dias, as pessoas não sabiam se ia ter campeonato, o que ia acontecer. Testei todas as pranchas que pude, surfei o máximo que consegui nos dias que tinham uma marola, mas foram dias bem tensos porque eu precisava de resultado e o mar não ajudava. Mas a vibe com a galera foi incrível. Eu estava com o meu irmão, que não pôde ir ano passado, ele assistiu todas as minhas baterias de perto. Estava com o meu técnico e um grupo que quando eu saía do mar parecia que estava cheio de seguranças. Chegaram até a brincar comigo: “Tá parecendo lutador de vale tudo, cheio de seguranças” (risos). Mas isso me ajudou bastante a manter a calma e me concentrar com o que eu tinha que fazer.
10. E O NOVO CONTRATO COM A NIKE 6.0?
Ainda é algo bem novo, faz pouco tempo que fechei com eles. Foi uma decisão bem profissional, porque o meu antigo patrocinador sempre me apoiou muito, não tenho do que reclamar, muito pelo contrário, só tenho que agradecer a eles. Mas é uma fase nova na minha vida, a escolha foi bem difícil, mas estou muito feliz. A oportunidade que estou tendo com a Nike 6.0 é uma coisa que nem podia imaginar. A estrutura que eles me deram no Hawaii, com certeza me deixou mais calmo e me ajudou muito a conseguir os bons resultados que me fizeram entrar no WT. Então espero poder ajudar a marca o máximo que eu puder, vim para somar. A Nike 6.0 está vindo para causar impacto dentro do surf e espero fazer parte disso.