Exatamente no ano em que se completam 40 anos da morte de Hendrix, eis que surge uma justa homenagem ─ uma coleção preciosa de músicas do mestre das guitarras, gravadas em seu estúdio entre fevereiro e maio de 69. São 12 músicas, a maioria inédita, algumas conhecidas, mas com outros arranjos como “Fire”, “Red House”, “Stone Free” e covers de Elmore James em “Bleeding Heart” e do Cream em “Sunshine Of Your Love” (quase sete minutos de viagem instrumental). Entre as melodias raras, estão “Lullaby for the Summer”, “Crying Blue Rain”, “Ships Passing Through the Night” e a música que batiza o disco, “Valleys of Neptune”.
O álbum apresenta uma das melhores fases de Hendrix ─ pós “Eletric Ladyland” (obra-prima dele em 1968) ─ psicodélico, guitarras em profusão dialogando de forma afiada e surpreendente com baixo (Billy Cox) e bateria (Mitch Mitchell), soando sempre atual e mágico, distante da realidade de nós, meros mortais. O disco foi mixado por Eddie Kramer, o engenheiro de som de todos os trabalhos de Jimi. Este também teve uma ótima produção, já que o próprio artista dominava também os processos de gravação, pois tinha um estúdio em casa, onde a maioria dessas músicas foi gravada. Dá pra notar como ele se sentia totalmente à vontade para pirar com sua guitarra. A capa de Valleys of Neptune também veio da mente criativa de JH e tem como base uma pintura feita pelo guitarrista na década de 1950, mesclada a uma foto sua.
Valleys of Neptune é o primeiro item do catálogo audiovisual da instituição da irmã de Hendrix ─ Experience Hendrix LLC ─ que promete lançar mais material este ano, inclusive a história do guitarrista norte-americano será tema de filmes. Um deles é “Slide”, uma versão ficcional sobre o “final de semana perdido” de Hendrix ─ alvo de um seqüestro orquestrado por Mike Jeffery, seu empresário.
Longe de ser um daqueles caça níqueis de datas comemorativas de artistas que passaram desta para uma melhor, esse disco é uma grata surpresa, é recomendadíssimo.