05 perguntas para... Albe Falzon

PARA QUEM NÃO SABE, O FOTÓGRAFO E CINEGRAFISTA AUSTRALIANO ALBE FALZON É O AUTOR DO LENDÁRIO "MORNING OF THE EARTH" ─ UM CLÁSSICO LANÇADO EM 1972 QUE, ALÉM DE MOSTRAR A DESCOBERTA DE ULUWATU, REPRODUZIU COM MAESTRIA TODO O "SOUL" DO SURF NA ÉPOCA, TORNANDO-SE UM DOS FILMES MAIS INFLUENTES NA HISTÓRIA DO NOSSO ESPORTE. ATUALMENTE COM 64 ANOS DE IDADE, ALBE COMENTOU A INFLUÊNCIA DE "MORNING OF THE EARTH" NO SURF E O PROGRESSO DESENFREADO EM BALI.



01. "Morning of the Earth" é um filme de surf, mas consegue ser algo mais também. Como você diz, é um filme sobre o mundo. Como assim?
O mundo é um lugar lindo, não há dúvidas quanto a isso. Eu sempre vi o planeta como um lugar muito especial, e o surf definitivamente reforça esse conceito. Ser presenteado pelo oceano com um dia ensolarado, ondas perfeitas e golfinhos nadando no outside, é algo muito especial. Ainda mais quando você está em algum pointbreak isolado, longe de grandes cidades, dividindo a beleza natural com seus amigos. Nós temos que ser gratos por poder viver essas experiências. É o Jardim do Éden, ou algo bem próximo a isso. Minha mãe me disse uma vez, quando eu estava começando a surfar e me interessar por fotografia, para “seguir o caminho com coração”. Para mim, “Morning of the Earth” representa isso. Você simplesmente tem que fazer aquilo que ama.


02. O filme foi um marco histórico. Mas você tinha idéia na época o quão influente ele viria se tornar?
Nunca pensei muito no futuro. Ainda hoje, não penso muito no amanhã. Estava mais preocupado em viver o presente. Nós nunca planejávamos nada além do próximo swell. Era isso que nos preocupava, a próxima ondulação. E claro, se teríamos filme suficiente para registrar as sessões e gasolina para correr à costa atrás daqueles pointbreaks incríveis. Filmávamos da maneira que vivíamos na época ─ sem muita preocupação, mas um monte de diversão. Talvez houvesse uma força maior nos ajudando. Certamente eu apenas acompanhei o fluxo das coisas, registrando o que acontecia no caminho.


03. Quando vocês estavam filmando, foram os primeiros a surfar Uluwatu. Aquilo deve ter sido uma descoberta fantástica. Como você vê Bali hoje em dia?
O tempo passa e as coisas mudam, mas as experiências ficam para sempre. A mágica daquela época vai sempre existir. Bali se desenvolveu, mas o povo balinês continua com a mesma essência. E o lugar continua tão lindo e atraente quanto antes, apenas de uma maneira diferente. Você pode olhar para Bali, e se quiser, encontrar aspectos do progresso que não goste. Mas não há como negar que a magia, poder e beleza do lugar ainda existem. Alguém me disse uma vez que se o mundo acabasse, e apenas o povo balinês e tibetano sobrevivesse, teríamos um grande futuro. Concordo com isso.


04. Muito tempo se passou desde os dias de “Morning of the Earth”. Que conselho daria às próximas gerações?
Seja educado. Deixe a melhor onda da série para o seu amigo. Divirta-se. E surfe por Deus.


05. Quais os obstáculos dessas gerações futuras?
Uma vez vi um sinal que dizia: “Faça um favor a si mesmo ─ saia do seu caminho”.