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Gabriel Medina parecia meio nervoso, cometendo erros que normalmente não faz. Superou Dusty Payne, mas ainda devia aquela atuação que todos esperavam. A tão esperada e adiada bateria entre Raoni Monteiro e Miguel Pupo acabou rolando sem muitas oportunidades. Raoni ficou irritado por ver Pupo obter as melhores ondas e notas.
OS TOPS DERAM MOLE
No terceiro round, Jeremy Flores venceu Kai Otton, mas machucou o tornozelo e saiu da prova. E aí Medina insistiu nas esquerdas e precisou apenas de um aéreo rodando de front com paulada na sequência para vencer de virada o pobre Bede Durbidge, nos últimos minutos. Como disse Slater depois de vencer Ramzi, aplicando o surf mais vistoso do round com sua epoxy 5'9" triquilha: "Antes eu olhava os caras mais velhos para aprender, agora aprendo com os mais novos". Isso é parte de sua alquimia, porém a fórmula depende de tantas outras coisas que não pode ser aplicada a outro quarentão qualquer. Taylor Kxox, na mesma faixa etária, já havia despachado Fanning mostrando que consistência e sorte também podem surtir efeito.
Que situação. Parko, Kerr, Fanning, Mineiro... os Tops dançaram e Slater só tinha Owen na alça de mira.
Jordy Smith estava de volta. Venceu Dane Reynolds e seu "surf-show-oito-oitenta-estilo-expression-session". Nem sempre funciona, aliás, quase nunca. Tanta gente querendo entrar e ele brincando de tentar sair. Caso se interessasse mesmo por essa história de WT poderia aprender com Alejo, que, fazendo a lição de casa nas direitas, venceu Jadson com boa diferença. Quando o evento recomeçou na maré certa, Julian venceu Pupo, que simplesmente não se encontrou com as ondas.
O mais interessante do 4º round foi o calor que Medina deu em Slater, vencedor com apenas 0.03 a mais. Adrian Buchan estava na bateria, mas ninguém viu. Alejo derrotou Jordy e Julian com o que tem de melhor. Consistência. Taj deu seu show com a melhor soma do round sobre Damien Hobgood e Owen. Na última bateria do quinto round, Julian mostrou que era candidato sério ao título.
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A BRIGA ENTRE O NOVO E O DE SEMPRE
Nas quartas, o velho e bom Knox detonou o espartano Bourez num duelo tipo power contra power e depois os mágicos entraram em ação. A revanche contra Slater foi avassaladora. Medina usou a estratégia do careca ao sair surfando tudo o que aparecia. Quando os aéreos dão as melhores notas fica ainda mais fácil usar essa tática. Kelly esperava a série, paciente, ou conformado de que era impossível vencer "Medal" (como diz a imprensa gringa) no jogo dele. Com uma "paulada aéreo rodando de back", numa direita, Medina deixou Slater numa situação desconfortável. Slater se safou, mas suas quilhas pareciam grandes e suas ondas, pequenas. Gabriel mandou uma pá de cal no fim da bateria ao destruir uma onda como se estivesse num Pro Junior qualquer. Mandou Kelly novamente para a "kombi". Que revanche! Medina foi para a semi de forma impecável. Com a praia ainda em choque Alejo peitou Jordy. O brasileiro estava mais sólido e ativo, com aéreos mais dramáticos. Jordy resolveu se mexer. Mandou aéreo, manobrou forte e passou Alejo fazendo 8.03. Daí Taj boiou e Julian deu show.
NA SEMI, O MAIS JOVEM CONTRA O MAIS VELHO
Gabriel começou demolidor, voltando em aéreos altos, invertidos, pegando boas ondas, uma logo depois da outra. Estava naquela mesma sintonia de Imbituba, em que até o que dá errado dá certo. Taylor tentou esboçar uma reação, mas Medina estava impossível voltando em aéreos bizarros. As ondas estavam mesmo boas para isso e num desses aéreos rodando de front fez seu primeiro 10 perfeito no evento, segundo ele o mais irado que já mandou. Deixou Taylor precisando de 19.58. Que massacre. Medina, aos 17 anos, em seu segundo evento na elite, estava na final do WT e havia feito uma nota 10! Em seguida, Jordy não estava de brincadeira e abriu mostrando vontade em rasgadas agressivamente controladas e variadas. Julian demoliu uma direita para tomar a liderança e passar a régua.
A FINAL DOS NOVOS TEMPOS
A final entre Medina e Julian marcou o fim de uma era e o começo de outra. "Go Gaby", dizia uma faixa erguida pela galera na praia. Julian saiu na frente, mas Medina logo reverteu o resultado. Julian jogou aquele aéreo que a prancha roda e ele não (shove it ou sex change), voltou de base trocada, acertou e quase acertou um reverse. Numa direita maior mandou aéreo rodando sem grab e comemorou comedidamente. Medina precisava de apenas 7.68 para virar e estava demorando um pouco mais que o normal para pegar suas ondas. Gabriel foi muito inteligente ao não exagerar no reverse de abertura, fazer a onda com segurança até o inside e mandar um aéreo de front com grab, alto, com segurança. Levou 9.17 e fechou a bateria com a prioridade. Jogo perfeito. Gabriel venceu seu primeiro WT por 17.00 × 16.10, de virada. Nada poderia ser mais perfeito para ele. O mais novo ídolo do Tour é brasileiro. A briga pelo título não mudou muito. Slater continuou líder. A geração dos aéreos dominou na França.