Muita gente já descobriu que surfar de longboard é um grande barato. Afinal, os pranchões proporcionam boa remada, o que resulta em mais ondas surfadas. Também não é novidade que os longboards são um pouco mal vistos pela galera das pranchinhas. O principal motivo para isso é a grande quantidade de ondas surfadas pelos longboarders durante uma queda, que se aproveitam das vantagens do pranchão para fazerem a cabeça.
Com esse crescimento, o crowd de longboarders aumentou consideravelmente e, para piorar, agora eles têm a companhia dos adeptos do Stand Up Paddle (SUP) ─ modalidade onde o surfista vai em pé, em cima de uma prancha, com o auxílio do remo. Aí você pode pensar: “pô, mas com o SUP os caras caem quando não tem onda!”. Engana-se quem pensa assim, já que hoje as pranchas de SUP estão bem evoluídas e é possível surfar ondas grandes e até cavadas com elas: Paúba e Teahupoo foram tomadas dessa forma por Carlos Bahia e Laird Hamilton, respectivamente.
Sendo assim, os longboarders ganharam um concorrente de peso na disputa pelo melhor posicionamento no outside. A galera do SUP fica bem mais no fundo, esperando pela “boa”, pois o equipamento permite isso. Essa situação já está causando desconforto na Califórnia, onde o SUP tem se difundido rapidamente e está tomando conta dos picos antes dominados pelas pranchinhas e pranchões. Como resultado, conflitos acontecem a todo o momento.
Em novembro passado, estava acompanhando em San Clemente, Califórnia, o Oxbow Pro Longboard (etapa final do Circuito Mundial de Longboard) e percebi um número absurdo de praticantes de SUP numa bancada ao lado da área de competição. Mas ali os caras respeitavam os longboarders, limitando-se a surfar apenas na área mencionada. Mas na maioria dos lugares isso não acontece.
Todos sabem que o longboard tem vantagens no crowd e cabe a nós, praticantes, tomar cuidado para não fazer mau uso do equipamento. Até agora, pelo que fiquei sabendo do Guarujá pelo menos, a galera do SUP vem respeitando bastante os outros surfistas. Nomes fortes do longboard profissional, como Amaro Matos, Luís Juquinha e Neco Carbone, além dos big riders Haroldo Ambrósio e Jorge Pacelli, têm se divertido muito com a modalidade e sabem exatamente como se comportar em cima de suas pranchas. Utilizam seus longboards a remo com educação, curtindo sem interferir na diversão dos outros.
Lembre-se que seu direito termina quando começa o do outro!