ESTRELAS DE VOLTA A GUANABARA


DEZ ANOS DEPOIS, A ETAPA BRASILEIRA DO TOUR MUNDIAL VOLTA A UM DOS PRINCIPAIS PALCOS DA HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO.



O Rio de Janeiro é parte fundamental da história do surf no Brasil, uma legítima surf city no mundo. Tudo começou nos anos 1970, com os festivais de surf em Saquarema, disputado apenas por brasileiros. Depois, de 1976 a 1982 (com exceção de 1979), os eventos mundiais aportaram na cidade maravilhosa e viraram febre. O cenário era mítico: Arpoador lotado, Tops arrebentando nas ondas, lindas mulheres na areia e a cultura praia mais rica e bem difundida do país vivendo intensamente o boom do surf. Eram os tempos do Waimea 5000, a etapa internacional patrocinada pela surf shop Waimea. Pepê Lopes, Daniel Friedmann, Carlos Mudinho e Cauli Rodrigues comandavam o time brasileiro que respirava os históricos verões cariocas.

O Tour esqueceu do Brasil entre 1982 a 1985 e só voltou em 1986, quando o país criou a Associação Brasileira de Surf Profissional e as disputas passaram a ser realizadas em Santa Catarina.

Só em 1992 a etapa que fez história na década de 70 voltou a ser realizada no Rio de Janeiro, mas desta vez nas areias da Barra da Tijuca. A elite do surf se reuniu uma vez por ano no Rio até 2001, quando o evento teve mudanças na organização e voltou a ser sediado em Santa Catarina.

Hoje, 10 anos depois, os olhos do mundo do surf se voltam novamente para a farofa carioca. O Billabong Pro Rio está confirmado para os dias 11 a 22 de maio ─ e pela primeira vez o Brasil sediará, ao mesmo tempo, uma etapa do mundial masculino e feminino.

O bom de voltar ao Rio é que temos uma onda mais próxima da areia, boa para assistir, e a cidade faz parte da realidade dos meios de comunicação do Brasil”, afirma Julio Adler. “No sul o acesso da grande imprensa era mais complicado. No Rio, se o Luciano Huck quiser entrar ao vivo no campeonato, ele consegue”.

Outra novidade é que o evento terá duas sedes que funcionarão dependendo das condições do mar (sem contar a série de eventos e festas realizados paralelamente ao campeonato). “Teremos uma sede principal na Barra da Tijuca, com 1250 metros quadrados de estrutura, e uma secundária no Arpoador, com 350 metros quadrados”, diz Xandi Fontes, que, em parceria com o ex-surfista profissional Teco Padaratz e a GEO Eventos, está organizando a etapa.

Na Barra o circo será montado no Posto 4: “É a praia com mais consistência de ondas no Rio, e o Arpoador é a onda com mais qualidade”, analisa Xandi, que está sonhando com um Arpex de gala. “A volta do mundial ao Rio trará mais visibilidade e quem vai sair ganhando são os atletas”, completa.

Não há duvidas de que, se a ondulação entrar com força e o Arpex funcionar, teremos uma etapa clássica, boa para relembrar os tradicionais Waimea 5000, vividos intensamente por um dos surfistas que começaram a dar os primeiros passos do esporte no país: Daniel Friedmann. “Este WT tem a força de gerar aquela atração que tínhamos naquela época”, diz o vencedor do Waimea 5000 de 1977. “A presença dos Tops no Rio vai ser muito importante para gerar frutos da cidade”.

A premiação oferecida é a segunda maior do Tour: US$ 500 mil ─ perdendo apenas para a etapa novaiorquina, que oferecerá US$ 1 milhão em premiação. Aqui no Brasil o vencedor levará sozinho US$ 100 mil. Já entre as mulheres, a premiação total é a maior: US$ 120 mil.

Ao mesmo tempo em que os valores altos e a grande organização deixaram o circo mais disputado e atraente, Julio Adler diz que “o WT é uma grande festa que hoje não tem a interação com os atletas como na época do Waimea 5000, por exemplo”. Agregar surfistas e público era uma virtude. “Geralmente o cara sentava na areia ao lado do Slater. Hoje são várias áreas VIP e os surfistas são como estrelas de rock, saem da água para o carro”.