VIAJAR É PRECISO


FILME DA CARREIRA DO FREESURFER E BIG RIDER CATARINENSE EVERALDO “PATO” TEIXEIRA, “NALU” MISTURA FICÇÃO, SONHO E REALIDADE PARA RETRATAR A HISTÓRIA DE UM CASAL (PATO E SUA ESPOSA FABIANA) QUE VIAJA O MUNDO EM BUSCA DE AVENTURA, CULTURA, NOVAS AMIZADES E, CLARO, ONDAS PERFEITAS, GRANDES E TUBULARES.



Foi por nunca ter desistido dos seus sonhos que Everaldo “Pato” Teixeira hoje leva uma vida invejável, retratada de forma excepcional em “Nalu”.

Se comparado ao primeiro filme de Pato (“Psicopato”, de 2002, dirigido por Rafael Mellin), “Nalu” pode causar certa estranheza aos simpatizantes do clássico roteiro de vídeos de surf ─ que oferece muita ação, cortes secos e poucas falas, tudo embalado por punk rock e hardcore melódico em no máximo 30 ou 40 minutos de duração.

A nova produção da Mellin Vídeos sobre este carismático freesurfer vai bem mais além. A principal diferença está no próprio protagonista: pouco tempo depois de concluir seu primeiro filme, Pato se casou com a paulista Fabiana Nigol e juntos saíram pelo mundo. Aos 34 anos, ele agora é o zeloso e responsável pai da pequena Isabelle Nalu, de 4 anos. Mas nem por isso deixou de lado a vida itinerante e cheia de emoções, em que o foco é surfar as maiores e melhores ondas do mundo.

Com 55 minutos de duração, “Nalu” (que significa “ondas” em havaiano) retrata essa história sob uma narrativa bastante original ─ não vou contar qual é para não estragar a surpresa. O maior mérito do filme é justamente sua linguagem leve, universal e inspiradora, capaz de cativar desde os surfistas mais fissurados até as pessoas comuns, valorizando coisas simples da vida como amor, amizade e diversão. “Nosso objetivo era fazer um filme que pudesse se comunicar com mais pessoas além dos surfistas. Desde o início vi no projeto a oportunidade de usar o surf pra falar com um público mais variado, usando o romance e a narrativa de ficção para tratar de um assunto que eu gosto tanto, que é viajar e surfar. A intenção era tratar o surf de uma maneira mais ampla, menos específica tecnicamente, mas sem deixar cair o nível de performance e ação”, explica Rafael Mellin, diretor de “Nalu” (e também de “Psicopato”).

As mais de 100 horas de imagens que resultaram no filme foram captadas durante três anos nos quatro cantos do mundo, trabalho feito praticamente por uma só pessoa, Fabiana. “Logo depois que nos casamos, caímos na estrada. O Pato já tinha vontade de fazer outro filme e, para não ficar de bobeira enquanto ele surfava, comecei a filmar. Com o tempo as imagens foram evoluindo, melhoramos nossos equipamentos e quando vimos, já tínhamos material de qualidade para dar início ao projeto”, conta Fabiana.

O roteiro inicial previa registrar o desempenho de Pato em alguns dos principais picos do mundo, como Hawaii, Califórnia, Tahiti, Austrália e Indonésia. Segundo Pato e Fabiana, um dos pontos altos dessa trajetória foi a primeira vez que ele fez tow-in em Teahupoo, num dia de ondas gigantes em 2004. “Era algo que queríamos muito que acontecesse, fizemos uma boa preparação e, quando rolou, nem conseguimos dormir à noite de tanta felicidade e adrenalina”, lembra Fabiana. “O filme até podia ter saído um pouco antes, mas eu sempre queria tentar pegar um swell maior, ter uma performance melhor”, continua Pato.

Em meados de 2006, as filmagens foram interrompidas por um presente do destino: Fabiana estava grávida. Foi a deixa para começar o processo de produção do filme, que atravessou 2007 e terminou no meio de 2008. Vale destacar o cuidado da equipe com a trilha sonora, que foi escolhida a dedo e traz bandas como Bettie Sveert, Angels & Airwaves, Jaymay, Nação Zumbi, Kassin + 2, Subtle, Trevor Keith e Thalma de Freitas.

A coisa mais gratificante para nós foi ter conseguido manter vivo esse projeto por mais de três anos, enfrentando todas as dificuldades que surgiram sem deixar a chama apagar. A conclusão desse filme é uma vitória e sua mensagem vai além do surf. Apesar de eu ser um surfista profissional, nossa vida é muito mais do que isso. É feita de pessoas, de lugares especiais, de amizades, de paixão e é disso que ‘Nalu’ trata”, conclui Pato.