Billabong Pipe Masters 2010


NUM DESFECHO IMPROVÁVEL NO BACKDOOR, JEREMY FLORES DERROTA KIEREN PERROW PARA FICAR COM O TÍTULO DE CAMPEÃO DO BILLABONG PIPELINE MASTERS 2010. JOEL PARKINSON FATURA O TRICAMPEONATO NA TRÍPLICE COROA HAVAIANA. BRASIL TERÁ CINCO REPRESENTANTES ENTRE OS TOP 32 EM 2011.



Depois da conquista arrebatadora do décimo título mundial (e do campeonato) na penúltima prova da temporada, em Porto Rico, Kelly Slater chegou como favorito absoluto à etapa final do ASP World Tour 2010, em Pipeline, no Hawaii ─ onde já venceu seis vezes. Com o campeonato inteiro disputado nas direitas de Backdoor, o americano cumpriu o script até a semifinal, em que encarou seu companheiro de equipe Jeremy Flores, da Ilha Reunião. A um minuto do fim, o líder Kelly tinha a prioridade e só um erro grosseiro poderia impedir a presença do maior surfista de todos os tempos na final. As séries demoravam e as direitas de 1,5 metro já estavam um pouco esfareladas pelo vento. Todos que acompanham, mesmo de longe, o universo do surf, acharam que era outra barbada e que Slater coroaria seu ano com mais uma vitória em Pipe. Mas todos se enganaram. Uma série apontou no horizonte, os dois surfistas se movimentaram e, inexplicavelmente, Kelly deixou Jeremy remar na primeira. O francês, que precisava de 8.6 pontos para assumir a liderança, fez a lição de casa e entubou com classe e eficiência, ganhando nota 9.37 dos juízes. Slater depois explicou que pensou que viria outra onda atrás, mas não deu conta que naquele dia, com o swell baixando, a maioria das séries vinha com apenas uma onda.

Na outra chave, Dane Reynolds e Kieren Perrow duelaram pela segunda vaga na final. Conhecido por sua habilidade e coragem nos tubos pra direita, com atuações épicas no passado no mesmo Backdoor, o veterano Perrow acabou com as esperanças de Dane de desabrochar no Tour. Os australianos, que já estavam comemorando o tri de Joel Parkinson na Triple Crown desde as quartas (com a derrota de Ace Buchan para Slater), aumentaram o coro para apoiar Perrow contra Flores.

Mas não estava fácil apostar na lógica e, mais uma vez, a poucos minutos do término, o francês estava atrás na bateria e sem prioridade quando uma série apontou no horizonte. Cometendo o erro de avaliação inverso ao de Slater, Perrow foi na primeira, mas falhou ao tentar completar o tubo. Enquanto remava de volta para o outside, viu Flores entubar do começo ao fim na onda de trás, para virar a disputa e faturar sua primeira vitória no Tour ─ e a primeira de um europeu na história do Pipeline Masters, que este ano completou 40 edições e homenageou Andy Irons, tetracampeão do evento. “É um sonho. Venho há muito tempo para o Hawaii, é meu lugar favorito no mundo. Eu sabia que não podia desistir mesmo estando atrás. O Pipe Masters é tudo. Estou muito feliz”, disse o jovem de 22 anos, chamado pelos íntimos (incluindo a namorada brasileira, Bruna Schmitz) de “Mimi”.


OS BRASILEIROS
Os Tops brasileiros Adriano de Souza e Jadson André tiveram atuações medianas e foram eliminados na terceira fase, finalizando a priva na 13ª colocação. Enquanto Mineirinho foi surpreendido por Perrow com um bom tubo no final da bateria, Jadson sucumbiu diante de Damien Hobgood no confronto seguinte. Heitor Alves foi convidado pela organização por ter sido o melhor surfista do WQS, mas perdeu para Parko na segunda rodada e acabou em 25º lugar na prova. Em 2011, o Brasil terá cinco representantes no World Tour: Adriano e Jadson, classificados pelo ranking principal, e Heitor, Raoni Monteiro e Alejo Muniz, qualificados pelo ranking do WQS.


TRÍPLICE COROA HAVAIANA
Depois de perder seis etapas do Circuito Mundial por causa de um profundo corte no pé no primeiro semestre deste ano, Joel Parkinson chegou ao Hawaii com poucas pretensões, mas acabou protagonizando um dos retornos mais impressionantes da história. No primeiro campeonato que disputou, a etapa do WQS em Haleiwa, ele tirou nota 10 na primeira onda que surfou e acabou vencendo a primeira jóia da Tríplice Coroa Havaiana. Com a nona colocação em Sunset e um 13º em Pipe, Parko garantiu seu terceiro título seguido da Triple Crown, um feito e tanto para quem tinha dado o ano como perdido. Seu conterrâneo Julian Wilson, promessa da nova geração australiana, ficou com o título de “Rookie of the Year” dos três prestigiados eventos da perna havaiana do Circuito Mundial e também garantiu vaga na elite este ano.