Quiksilver Pro France 2010

O ATUAL CAMPEÃO MUNDIAL, MICK FANNING, AINDA NÃO HAVIA VENCIDO NENHUMA ETAPA ESTE ANO, MAS VOLTOU AO TOPO EM GRANDE ESTILO E COM UMA ATUAÇÃO HERÓICA NUMA COMPETIÇÃO QUE EXIGIU O MÁXIMO DOS MELHORES SURFISTAS DO MUNDO. EM CONDIÇÕES EXTREMAS NUNCA ANTES VISTAS EM HOSSEGOR, COM TUBOS PESADOS E ONDAS ACIMA DE 3 METROS EM CUL NUS BEACH, ELE DERRUBOU KELLY SLATER EM UMA FINAL ÉPICA PARA GARANTIR SEU TERCEIRO TÍTULO EM ÁGUAS FRANCESAS ─ CURIOSAMENTE, OS DOIS ANTERIORES FORAM CONQUISTADOS NOS ANOS EM QUE O AUSTRALIANO SAGROU-SE CAMPEÃO DO MUNDO, EM 2007 E 2009.


Foi a primeira vez que Mick derrotou Kelly numa final do WT. A determinação e o foco do australiano foram determinantes para deter o americano na final, que rolou em meio a fortes correntezas, sem canal e nenhum pico definido. Apesar do auxílio dos Jet skis para voltar ao outside, não foi fácil encontrar ondas boas e suportar séries furiosas na cabeça. O placar foi encerrado em 16.90 a 6.74 pontos para Fanning. Porém seu maior adversário foi mesmo o oceano. Antes de ser coroado, ele ainda passou um perrengue quando uma bomba, talvez a maior do dia, explodiu na sua frente, literalmente ejetando o surfista para fora do mar. “Aquela onda quase me matou. Kelly e eu estávamos conversando sobre como estava difícil se posicionar no pico. Ou você estava no lugar certo ou não estava. Tive a sorte de estar em dois momentos”, disse Fanning ainda ofegante.

Kelly Slater não se encontrou e sua melhor nota foi 3.57, além de ter passado um dos maiores sufocos da vida, segundo declarou. Enquanto a praia vibrava com a vitória do australiano, Slater tomou uma série na cabeça e, longe dos olhares do público e dos milhares de expectadores que acompanhavam pela internet e TV, ele sentiu na pele a fúria do oceano. “Achei que fosse apagar. Fiquei preso lá embaixo por duas ondas. Ainda bem que acabou”, desabafou Slater aliviado.

Apesar do fracasso na final, nas fases anteriores ele protagonizou alguns dos maiores espetáculos do campeonato. O ponto alto aconteceu na semifinal, quando ele arrancou a única nota 10 do evento com um tubo majestoso que beirou os limites do impossível. “A onda era realmente longa. Quando dropei ela ameaçou jogar o tubo, mas tive que esperar um pouco. Mantive a prancha no topo da onda e em seguida me agarrei na parede para perder velocidade. As quilhas se soltaram da parede e comecei a deslizar para baixo. Joguei meu peso para trás e as quilhas seguraram na parede novamente”, explicou Slater.

Depois de passar boa parte do ano na liderança do ranking, Jordy Smith perdeu o ritmo nas quartas de final e caiu diante do virtual campeão. O paulista Adriano de Souza e o potiguar Jadson André, únicos representantes brazucas depois do corte, não tiveram uma boa campanha. Enquanto Jadson terminou em nono lugar, Mineirinho finalizou em 25º, sem vencer nenhuma bateria.


TELÃO NA PRAÇA
Um telão gigante montado na Place de Landais exibiu 24 horas por dia os melhores momentos da competição e não deixou ninguém perder nenhum lance importante, além de contar com o recurso da super câmera lenta. Lá também foram exibidos o novo filme do australiano Julian Wilson, “Scratching the Surface”, e os melhores momentos do Eddie Aikau, que marcou época em dezembro de 2009.

O evento contou também com uma incrível estrutura móvel. Todos os dias a organização checou as condições nos melhores beach breaks da região em um raio de 80 km, incluindo Hossegor, Capbreton, Seignosse e Saint-Jean de Luz. Depois de a comissão técnica decidir onde seria o show, dezenas de caminhões começavam a movimentação e em menos de duas horas tudo estava pronto, algumas vezes no meio do nada, onde havia apenas dunas e o mar.