INVASÃO SILENCIOSA NOS OCEANOS


Um considerável aumento das atividades humanas nos oceanos vem ocorrendo desde as últimas décadas, resultado do intenso comércio de mercadorias e petróleo entre os países. Navios porta-conteineres, petroleiros, barcos de apoio, plataformas de petróleo, dentre outros meios, têm servido como transporte para diferentes organismos ao redor do Planeta Terra, tendo como conseqüência a introdução involuntária destes em locais onde antes não existiam. Com essas introduções, a distribuição pelas regiões costeiras de algumas espécies tem aumentado e o mundo está ficando rapidamente homogeneizado (com as mesmas espécies ocorrendo em muitos lugares).

Um organismo transportado de um continente para outro aderido no casco de um navio geralmente pode causar graves problemas, porém o sucesso de uma introdução biológica depende da similaridade ambiental entre o local em que a espécie é nativa e para onde é carregada. Desta forma, um determinado ser vivo nativo da Antártida dificilmente sobreviveria às condições de temperatura encontradas no Brasil. Por outro lado, seres do Caribe têm maiores chances de terem sucesso no Rio de Janeiro, onde o clima é semelhante. Outros fatores também podem ser relevantes para o sucesso ou o insucesso de uma espécie introduzida, como, por exemplo, a existência ou não de predadores naturais. São consideradas, portanto, espécies introduzidas (ou exóticas) e invasoras aquelas que uma vez transportadas causam algum tipo de modificação no novo ambiente. Elas podem ser consideradas uma grave ameaça à biodiversidade, visto que muitas vezes apresentam uma alta densidade populacional e podem causar o desaparecimento de espécies nativas.

Em diversos locais no mundo, grupos de peixes, moluscos, corais, poliquetas, crustáceos e algas têm sido os principais protagonistas de uma invasão silenciosa. A estrela-do-mar, predadora natural no Japão e introduzida na Austrália desde 1992, tem sido um sério risco à Grande Barreira de Corais. O Governo da Austrália vem tentando erradicá-la gastando milhares de dólares.

Aqui temos o coral-sol, introduzido na década de 80 através de plataformas de petróleo, que vem sendo um invasor marinho que está ameaçando a biodiversidade de toda a zona costeira. Na Ilha Grande, ele chama a atenção pela beleza e agressividade com que disputa espaços com as espécies nativas nos costões rochosos.

Em todo o país, diversas universidades brasileiras, centros de pesquisa e órgãos de meio ambiente têm se mobilizado, além disso, a comunidade científica nacional, junto com outros setores da sociedade, já debate o problema, levando bastante a sério os riscos ambientais das bioinvasões. Apesar do grande interesse e preocupação nessa questão, os estudos ainda são escassos no Brasil. Existem também alguns projetos envolvendo a comunidade científica e pescadores, como o Projeto Cobra-Sol, que propõe controlar a espécie, visando erradicá-lo em 20 anos, agregando valor a sua extração e contribuindo para o desenvolvimento sustentável.

Para evitar maiores tragédias ecológicas e econômicas em regiões brasileiras todos nós devemos conhecer melhor os ecossistemas marinhos, pois as espécies invasoras são como “penetras” na festa das: espécies marinas. Portanto, um fora haole para as invasoras!