FUTURO: ONDAS CADA VEZ MAIORES


O mar não é mais o mesmo.

É o que aponta um recente estudo da Oregon State University, nos EUA. A pesquisa afirma que as ondas no Oceano Pacífico vêm aumentando a cada ano ─ algo que poderia não só ofuscar os efeitos da tão temida subida do nível do mar, como também nos deixar alguns passos mais próximos da esperada onda de 100 pés.

Para se ter uma idéia, em 1996, as maiores ondas medidas na costa do Oregon, nos Estados Unidos, tinham cerca de 33 pés. Hoje em dia, entretanto, as maiores ondas podem chegar aos 46 pés durante os meses de dezembro e janeiro. As duas principais bóias usadas na pesquisa foram posicionadas na costa do Oregon há quase trinta anos. Elas mediram um aumento de até 10cm por ano nos swells gerados pelas tempestades do Oceano Pacífico.

Os motivos desse aumento ainda são desconhecidos pelos cientistas. Alguns apontam as mudanças climáticas como principal causa. Mas, como afirma um trecho do estudo, “(...) ainda é incerto se [os aumentos] são produto do aquecimento por efeito estuda induzido pelos homens, ou se representam variações relacionadas a ciclos climáticos naturais”.

Além disso, aponta o estudo, o impacto do aumento das ondas pode causar danos até três vezes maiores do aqueles causados pela subida do nível do mar ─ uma das “grandes catástrofes” previstas pelos ambientalistas. O fenômeno é, em parte, responsável por altos índices de erosão, inundação e danos registrados nas áreas costeiras.

Peter Ruggiero, professor no OSU Department of Geosciences, afirmou que, no começo dos anos 90, a maior onda de um inverno normal chegaria a 25 pés. No caso de uma “tempestade do século”, poderia atingir 33 pés. O El Niño de 96/97, no entanto, trouxe ondas ainda maiores diversas vezes durante o ano. Atualmente, os pesquisadores acreditam que a tal “onda de 100 anos” poderia exceder os 55 pés.

E nós, brasileiros, o que temos com isso?” pode questionar o leitor mais crítico. O estudo tem mais a ver com você, surfista tupiniquim, do que está pensando. Ele indica que mudanças parecidas estão ocorrendo no Atlântico em outras diferentes costas do mundo.

O cientista atmosférico Sultan Hameed crê que estudar a velocidade dos ventos pode dar alcance internacional ao estudo feito na OSU. “Dados sobre o vento estão disponíveis para áreas muito maiores. Se você achar coerência entre as mudanças na velocidade e direção dos ventos e tamanho das ondas, poderá estender a análise a outras regiões”. Regiões como o Brasil.

Há 21 anos eu nascia. Desde então, muita coisa mudou no surf ─ inclusive o tamanho das ondas geradas em nossos oceanos. Se está tendência permanecer, o que veremos no meu aniversário de 42 anos? A onda de 100 pés pode finalmente chegar ─ e por que não no Brasil?