Drive'n Throw Up

Junte oito aerialistas brasileiros da nova geração. Aprisione-os em uma Kombi destruída, apresente condições lastimáveis de alimentação e acomodação. Percorra 6.000 quilômetros procurando ondas propícias para ‘airtricks’. E filme tudo”. Com esta proposta, a Weird produziu seu mais novo vídeo ─ “Drive’n Throw Up”. Como já é de se esperar da marca paulista, o DVD é repleto de diversão, zoação e subversão ─ tudo muito cru e trash. E é óbvio, muito surf aéreo de cair o queixo. Destaque para Generik, Etam Paese, René Oliveira, Caetano Vargas, Felipe Sapu e P. Thomaz, entre outros. Como os próprios produtores explicam, esse vídeo é um mix de “muitos aéreos, trilha sonora devastadora e a realidade nua e crua do surf underground nacional”.

Universo em expansão


Quem pensa que o longboard é tudo a mesma coisa, está enganado. Assim como as pranchinhas, existem diversos modelos de longboards, sendo que as principais variações estão no tamanho, no fundo, no rocker e nas quilhas, além das novas tecnologias que controlam muito melhor o peso das pranchas.

Longboards progressivos são mais usados hoje, principalmente no Brasil. É resultado de uma mistura bem refinada, das antigas pranchas clássicas com designs mais modernos, que surgiram para suprir a necessidade dos surfistas de realizar manobras radicais. Esses longboards costumam medir entre 9’0” e 9’3”, com largura média variando entre 22” e 23” e quilha central com estabilizadores. O fundo funciona bem tanto com v-botton + concave no bico, quanto com o full concave.

Alguns longboarders profissionais usam esses modelos com uma curva mais acentuada na rabeta (quick tail), para facilitar o drive nas manobras. Quanto à flutuação, o maior volume fica concentrado na longarina, sendo distribuído suavemente pela prancha até as bordas, que chegam a ficar parecidas com as bordas e rabetas de pranchinhas. Os longboards progressivos são ótimos para fazer um surf completo, com muitas curvas e manobras extremas preservando características que possibilitam um excelente desempenho nas manobras de nose.

Graças a essas evoluções os longboarders podem surfar ondas grandes e cavadas com segurança. Em picos como Pipeline, os pranchões seguem a mesma linha progressiva, porém com mais rocker e medidas mais compactas, geralmente 9 pés. Para surfar onda buraco, as pranchas devem ser mais estreitas (bico, meio e rabeta) e com as bordas mais finas do que os longboards progressivos convencionais, lembrando que o maior volume de flutuação fica na longarina.

Os moldes clássicos, apesar de pouco apreciados pelos brasileiros, são os preferidos pelos californianos e europeus, principalmente para ondinhas perfeitas e longas. É muito comum na Califórnia ver surfistas de todas as idades, inclusive garotas, “passeando” com longboards clássicos, com até 10 pés de tamanho e singlefin. A maioria dessas pranchas apresenta v-bottom bastante acentuado e borda 50×50 (ou quase). Para conseguir surfar bem com esses modelos, o surfista precisa ter muita técnica. A força não ajuda muito, o melhor negócio é fluir com a onda e entender os movimentos, que devem ser suaves e harmoniosos, já que normalmente são mais pesados. Longos hang fives e hang têm estilosos são as melhores opções de manobras para esse tipo de prancha.

O tamanho e o posicionamento das quilhas também são determinantes para um bom desempenho em condições diferenciadas de ondas. A caixa de quilha permite que o surfista adapte o pranchão para a condição de mar que ele vai surfar, deslocando a quilha central mais pra frente ou para trás. Quanto mais atrás, isto é, quanto mais próxima da rabeta a quilha estiver, mais projeção o surfista terá na onda. Porém, deve-se tomar cuidado para a prancha não ficar muito presa nas manobras. Com a quilha nessa posição, as curvas ficam mais abertas e a sustentação nas manobras de nose, ajudada pelo peso, será maior. Esse posicionamento de quilha também é indicado nos dias de ondas grandes ou muito fortes. Se a quilha central for colocada mais para frente, o longboard ficará mais solto nas curvas, porem a projeção será menor. Além disso, no momento de um hang five e principalmente do hang ten, as chances da quilha desgarrar da água serão grandes, limitando o tempo de permanência do surfista no bico da prancha. Portanto, deve-se encontrar o ponto certo para fixar a quilha central, que pode variar de uma pessoa para outra e de uma prancha para outra também.

O tamanho da quilha também influencia no desempenho. Para surfar com uma quilha só, prefira as maiores e com base mais larga, ideal para ondas menores. Se a onda estiver com tamanho médio e cavada, desista da mono. Coloque uma quilha média e estabilizadores, que vão garantir a segurança nas curvas mais fortes. Geralmente é assim que funciona, mas para toda regra existe exceções.

Enfim, surfar de longboard está cada vez mais interessante, graças a essas variações de quilhas, fundos, curvas e tamanhos. Talvez por isso, cada vez mais surfistas se preocupam em ter um longboard para dar umas caídas de vez em quando. E os longboarders se preocupam em ter um quiver diferenciado, pois sabem apreciar essa diferença entre surfar com um clássico single fin e um long progressivo, principalmente porque conseguem assimilar que o resultado dessas variações é importante para lapidar manobras e, principalmente, estilo. Opções não faltam na hora de fazer um long, converse com um bom shaper e pendure-se.

Cultura de praia Carioca

Chico Buarque não gosta de carregar rótulos, não gosta de rivalidades. Mas, quando lhe perguntaram por que seu novo disco, lançado em 2006, se chama Carioca, usou de fina ironia para dizer: “É uma homenagem a São Paulo”.


O humor sadio de Chico tem fundamento. ‘Carioca’ era o seu apelido durante a adolescência que viveu na São Paulo de seu pai. É claro que o apelido referia-se ao sotaque, aos xis e aos erres carregados, e, talvez até, a um certo lirismo preguiçoso. Mas havia também, certamente, uma inveja de quem passava todas as férias refestelado nas areias do Posto 2, ao lado das meninas de Copacabana de sua mãe, ao som dos melhores sambas produzidos naquele Rio dos anos 50 e que seriam tão importantes na formação do compositor, tanto quanto os ótimos colégios e as vastas bibliotecas paulistanas que ele freqüentava.

Chico, contudo, nunca reivindicou nenhuma patente carioca. No inicio da turnê do disco, que ironicamente começou em... São Paulo, Chico foi direto: “Não simpatizo muito com a idéia de carioquice ou paulistice, não sou chegado a bairrismos”. Chico também sempre diz, quando questionado, que vê em Tom e Vinícius dois ícones da música e da cidade, uma representação muito mais legítima do Rio. Porém, hoje o glamour da Cidade Maravilhosa de outros tempos está, pelo menos um pouco, ofuscado. Ser carioca nos dias de hoje chega a ser difícil, por vezes sofrido, e descobrir o prazer dessa condição requer ainda mais esforço poético, o que Chico sabe fazer muito bem. “O Rio está uma esculhambação, do futebol ao Aeroporto Tom Jobim”, afirma o poeta. “O Rio está relegado a um plano subalterno que vai se agravando. Então acho que chegou a hora de dizer, batendo no peito: ‘Sou carioca sim. Com as belezas e as mazelas todas que isso significa’”. Chico costuma ser verdadeiro em sua mensagem, e o disco é resultado desse atípico espírito carioca que se abateu sobre ele. Respeitado por todas as tribos, surfistas inclusive, amantes da praia; é escutar, sentir, e ser Carioca.

Recado aos surfistas brasileiros

Você deve estar olhando para a imagem acima e se perguntando: “O que uma foto de rodeio está fazendo em um site de surf?”. Calma, eu explico. Freqüentemente escuto pessoas falando que jamais ganharemos um título mundial simplesmente porque “os gringos não vão deixar”. Quando cito exemplos de esportistas brasileiros como Zico e Senna que sequer pediram licença para hastear a bandeira no lugar mais alto do pódio, mas ainda escuto que isso se deve ao fato de não dependerem de um julgamento subjetivo.


Concordo que juízes de surf erram afinal, somos humanos. Mas discordo com veemência que há um complô entre americanos e aussies contra nós, pobres brasileiros. E espero sentado quem achar-se injustiçado, pois a imprensa especializada está relacionando a falta de resultados a performances do que ações contra os organizadores do Circuito Mundial!

E é justamente aí que entra a foto. Um dia desses, me deparo com um sujeito grudado firme em um touro enorme que não economizava esforços para jogá-lo longe dali. Passados oito segundos, escuto o locutor anunciar que o brasileiro Adriano Morais é campeão mundial da PBR e acaba de faturar nada menos que 1 milhão de dólares.

Como peguei a programação no final, fiquei curioso em saber algumas coisas relacionadas ao assunto. Descobri que a PBR é uma associação jovem, fundada em 1992 por 20 peões em busca do sonho de ser conhecidos como atletas profissionais. Hoje, conta com mais de 700 membros, o circuito passa por 29 cidades, distribui mais de 10 milhões de dólares em prêmios e tem uma audiência aproximada de 100 milhões de espectadores. E o mais interessante, para disputar o título, vai apenas os 45 melhores do ranking, com o vencedor sendo determinado por um sistema bem parecido com o de surf.

Adriano Morais é o grande ídolo do esporte, com mais de 3 milhões na conta ao longo da carreira, e já tem outro brasileiro chegando junto. O cowboy Guilherme Marchi.

Foi uma surpresa saber que mais brasileiros estão arrepiando no cenário mundial, trazendo títulos e acenando para o público com a bandeira verde-amarela nas mãos. Com a intenção de injetar ânimo em nossos surfistas que sonham um dia ser campeões mundiais. Achei válida a estranheza de uma foto de rodeio aqui e contar um pouco da saga de Adriano Morais.

Segura, peão!

05 perguntas para... Albe Falzon

PARA QUEM NÃO SABE, O FOTÓGRAFO E CINEGRAFISTA AUSTRALIANO ALBE FALZON É O AUTOR DO LENDÁRIO "MORNING OF THE EARTH" ─ UM CLÁSSICO LANÇADO EM 1972 QUE, ALÉM DE MOSTRAR A DESCOBERTA DE ULUWATU, REPRODUZIU COM MAESTRIA TODO O "SOUL" DO SURF NA ÉPOCA, TORNANDO-SE UM DOS FILMES MAIS INFLUENTES NA HISTÓRIA DO NOSSO ESPORTE. ATUALMENTE COM 64 ANOS DE IDADE, ALBE COMENTOU A INFLUÊNCIA DE "MORNING OF THE EARTH" NO SURF E O PROGRESSO DESENFREADO EM BALI.



01. "Morning of the Earth" é um filme de surf, mas consegue ser algo mais também. Como você diz, é um filme sobre o mundo. Como assim?
O mundo é um lugar lindo, não há dúvidas quanto a isso. Eu sempre vi o planeta como um lugar muito especial, e o surf definitivamente reforça esse conceito. Ser presenteado pelo oceano com um dia ensolarado, ondas perfeitas e golfinhos nadando no outside, é algo muito especial. Ainda mais quando você está em algum pointbreak isolado, longe de grandes cidades, dividindo a beleza natural com seus amigos. Nós temos que ser gratos por poder viver essas experiências. É o Jardim do Éden, ou algo bem próximo a isso. Minha mãe me disse uma vez, quando eu estava começando a surfar e me interessar por fotografia, para “seguir o caminho com coração”. Para mim, “Morning of the Earth” representa isso. Você simplesmente tem que fazer aquilo que ama.


02. O filme foi um marco histórico. Mas você tinha idéia na época o quão influente ele viria se tornar?
Nunca pensei muito no futuro. Ainda hoje, não penso muito no amanhã. Estava mais preocupado em viver o presente. Nós nunca planejávamos nada além do próximo swell. Era isso que nos preocupava, a próxima ondulação. E claro, se teríamos filme suficiente para registrar as sessões e gasolina para correr à costa atrás daqueles pointbreaks incríveis. Filmávamos da maneira que vivíamos na época ─ sem muita preocupação, mas um monte de diversão. Talvez houvesse uma força maior nos ajudando. Certamente eu apenas acompanhei o fluxo das coisas, registrando o que acontecia no caminho.


03. Quando vocês estavam filmando, foram os primeiros a surfar Uluwatu. Aquilo deve ter sido uma descoberta fantástica. Como você vê Bali hoje em dia?
O tempo passa e as coisas mudam, mas as experiências ficam para sempre. A mágica daquela época vai sempre existir. Bali se desenvolveu, mas o povo balinês continua com a mesma essência. E o lugar continua tão lindo e atraente quanto antes, apenas de uma maneira diferente. Você pode olhar para Bali, e se quiser, encontrar aspectos do progresso que não goste. Mas não há como negar que a magia, poder e beleza do lugar ainda existem. Alguém me disse uma vez que se o mundo acabasse, e apenas o povo balinês e tibetano sobrevivesse, teríamos um grande futuro. Concordo com isso.


04. Muito tempo se passou desde os dias de “Morning of the Earth”. Que conselho daria às próximas gerações?
Seja educado. Deixe a melhor onda da série para o seu amigo. Divirta-se. E surfe por Deus.


05. Quais os obstáculos dessas gerações futuras?
Uma vez vi um sinal que dizia: “Faça um favor a si mesmo ─ saia do seu caminho”.

-Q 21

É o quinto e o mais novo filme da marca carioca QUE! Lifestyle. Com produção de Paulo de Castro e Gustavo Camarão, que depois de dois anos gravando imagens lançam o -Q 21, que apresenta os melhores surfistas do Brasil com até 21 anos em alguns dos melhores picos do mundo. A produção impressiona pela qualidade das ondas e pela atitude dos jovens talentos nacionais nas mais difíceis e perigosas ondas do mundo. Jessé Mendes mostra um surfe muito rápido e fluído. Alejo Muniz e Thiago Camarão apresentam uma performance muito versátil e com estilo em qualquer tipo de onda. Jê Vargas, Ricardo dos Santos e Felipe Cesarano são exemplos vivos da palavra atitude e surfam Teahupoo, Puerto e Pipe vindo de Banzai, tirando tubos no limite e tomando vacas impressionantes. O grande destaque do DVD é o mais brasileiro dos uruguaios, Marco Giorgi, que tem provavelmente o clipe mais completo do filme, com um surfe sólido nas pesadas ondas havaianas e em Teahupoo.

MexPipe, Mx


ACESSO:
Chegando ao aeroporto de Puerto Escondido não tem mistério. Só há um voo por dia aterrisando lá, então sempre tem umas vans a espera dos turistas. Até a praia de Zicatela custa uns dez dólares no máximo e lá tem dezenas de hotéis em frente a praia, ou bem perto, com preços acessíveis. Você fica na cara da onda, é só atravessar a rua e entrar no mar.

A ONDA:
É considerado o melhor beach break do mundo. A praia é bem longa, mas as ondas só são na parte mais a direita na praia, exatamente onde tem os hotéis, restaurantes e lojinhas. O fundo não muda muito, mas a direção da ondulação influencia bastante na onda. Como em todo fundo de areia, muitas ondas fecham. Um fator que ajuda bastante na qualidade dessa onda é o forte terral que venta quase todas as manhãs do ano.

PRANCHAS:
Aqui você terá que preparar um bom quiver se quiser surfar todo o tamanho de onda. Desde a maroleira dia-a-dia do Brasil até uma gun 9'. Quando o mar sobe dá pra usar pranchas grandes. Não economize em levar pranchas, qualquer toco anda nessa onda.


OBS.:
Leve protetor solar do bom porque o sol é cruel. Se puder pegue um quarto com ar-condicionado, é um ótimo investimento do seu dinheiro. As pranchas lá são muito baratas, tanto nas lojas quanto da galera que vai indo embora, muitas vezes vale mais a pena adquirir algumas lá do que pagar as taxas para embarcar as suas. Por ser fundo de areia a onda parece fácil, você fica confiante demais e, muitas vezes, acaba se machucando. Tome cuidado! Há poucos locais e não são muito fominhas, mas respeite, pois você está no México!

Mixed Tape

"Mixed Tape" celebra o ano de sonhos do "rookie" Bobby Martinez no WCT em 2006. Ele não só terminou entre os cinco melhores do mundo, como conseguiu o inédito feito de vencer duas etapas ─ Teahupoo e Mundaka ─ em seu primeiro ano na elite. Filmado nos quatro cantos do planeta, o DVD segue Bobby pelo Tour e mostra suas experiências, expectativas e, é claro, inúmeras sessões de surf. As entrevistas com seu pai, seus amigos e colegas (entre eles Mick Fanning e Damien Hobgood) são interessantes, assim como as sessões em Rincon quando criança e numa boca de rio super cavada na Califórnia. O DVD mostra um pouco da intimidade de Bobby, e de como o surf foi uma saída para o violento cotidiano do bairro mexicano em que cresceu. Ainda tem altas ondas em Bali e um momento hilário do balinês Betet Merta tentando dar uma entrevista em inglês.

FoQue!iu Too

Quem esperava um filme nos moldes de seu antecessor, irá se surpreender. "FoQue!iu Too" vem com uma trilha sonora contemporânea e de primeiríssima qualidade ─ com psicodelia, rock e principalmente uma ótima variedade de batidas eletrônicas. Além de dias épicos no Brasil ─ principalmente em Noronha e Itacoatiara ─ o dvd conta com boas seções no Tahiti, México, Indonésia, El Salvador, Austrália e Peru ─ o que dá um feeling mais peregrino à produção. Com a nata do surf nacional, a ação é alucinante. Destaques para Bruno Santos gigante, Stephan Figueiredo em Teahupoo, Trekinho esbanjando estilo no Peru e Noronha, os irmãos Vargas em Puerto Escondido, o power de Guilherme Sodré, a versatilidade de Sininho e as manobras de Marcos "Sifu" e Guilherme "Tripa". Tem ainda momentos irados de James Santos, Rodrigo "Baby", Binho Nunes, Danylo Grillo, Léo Hereda e William Cardoso. Isso sem esquecer do eterno "Pimp", Ruy Costa. Concentrando-se no que interessa ─ tubos, aéreos e manobras fortes ─ o dvd é um espelho do melhor que o surf brasileiro tem a apresentar. O bônus traz Andy Irons, Kelly Slater e cia. arrepiando em Teahupoo, além de mais surf pelo Brasil e pelo mundo. Mantendo a identidade da Que! ─ mas num pacote novo e mais elaborado ─ "FoQue!iu Too" é uma ótima pedida.