SurfARTE

O surf através dos tempos provou estar muito além de estereótipos bobos e superficiais tais como o de os surfistas serem “vagabundos de cabelo parafinado e fala lenta”. Expandiu horizontes e mostrou ao mundo todo seu potencial. Engajou-se no mundo dos negócios e marketings, reafirmou sua simbologia cultural, mostrou ao mundo sua história, envolveu-se com a saúde e hoje é sinônimo de qualidade de vida. Porém, talvez sua maior e mais intima relação tenha se estabelecido com a aparentemente distante, mas intimamente próxima ARTE.

O surf dropou naturalmente no mundo artístico e como num floater deslizou pelas mais diversas ondas da ARTE, passa pela fotografia, filmagem, pintura, escultura, música, crônicas, textos, verso, prosa e o que mais o oceano de criatividade resolver despertar. Mesmo explosivo e cheio de adrenalina como todo esporte digno de denominar-se radical, o surf demonstra-se sutil e instiga sentimentos, desperta a vontade de eternizar tanta pureza e sutileza em ARTE.

Manobras fortes de posições acrobáticas e harmoniosas somadas a cenários pitorescos cheios de tons e vida, eternizam-se em fotografias.

Toda movimentação que envolve o corpo do surfista, a aproximação da ondulação, o spray na crista das ondas provocado por um bom terral e toda dança da natureza no palco dos litorais fica registrado em boas e bem editadas cenas de filmagem.

Os variados tons do surf refletem a tranquilidade e inspiram mãos donas de pincéis encharcados de um spectro de cores vivas que preenchem telas e criam pinturas dotadas de beleza e criatividade.

Com matéria prima retirada do surf como pranchas quebradas e roupas de borracha rasgadas, ou não, o surf também inspira esculturas que com formas variadas corporifica toda sua plasticidade e dinamismo.

O surf com certeza está na música, entuba nas ondas sonoras e cria batidas diferentes. Criou a “surf music” com embaixadores como Jack Johnson e Donavon Frankenreiter, no entanto, sua trilha sonora respeita e admira variados ritmos; o surf está tanto no reggae, como no blues, está no hard core e até na bossa nova, como na composição de Jobim de "Surfboard".

Descrito por palavras o surf é aventura, romance, verso e prosa. Esse surf de palavras já virou livro, sendo registrado por sua beleza e registrando sua história. Elogios viajam nas linhas desenhadas nas ondas e rasgam-se por textos, crônicas e poesias. Como nos versos de Manuel Alegre em “Surfista”:

"De pé na frágil tábua
onda a onda ele escrevia
poesia sobre a água.
Era uma escrita tão una
de tão perfeita harmonia
que o que ficava na espuma
não se podia apagar:
era a própria grafia
do poema do mar."


O surf como ARTE talvez não seja conhecido há muito tempo. Mas acordar cedo com um nascer do sol alaranjado como cenário para no quadro das ondas desenharem a linha de surf é uma ARTE e essa os surfistas já conhecem há séculos.