Rip Curl Pro Search Portugal

O australiano Mick Fanning é o grande campeão do Rip Curl Pro Search 2009, nona etapa do ASP World Tour, encerrada hoje em Supertubos, Peniche, Portugal.

Em ondas com cerca de um metro e séries maiores, Fanning abusou das batidas, rasgadas e cutbacks para vencer seu compatriota Bede Durbidge por 12.67 a 9.87 pontos na final e garantir sua terceira vitória na temporada. As anteriores foram na Califórna e França.

"Ontem foi um dos melhores dias de competição que eu já vi e todos puderam mostrar seu surf. Hoje tivemos que ajustar nosso estado de espírito para lidar com a queda de tamanho e qualidade das ondas", diz Mick Fanning, que é o campeão mundial de 2007.

"O evento fez jus ao nome. Nós procuramos as melhores ondas em todos os lugares. Surfamos quatro ondas diferentes durante o evento e até ontem eu queria ter surfado no pico de The Wall, mas a prova acabou rolando aqui (Supertubos) e foi um dos melhores dias do ano. Parabéns à Rip Curl e toda equipe que trabalhou duro para isto acontecer", elogia Mick Fanning.

THE PRESENT

Tudo começa com uma câmera 16mm aparecendo na tela e comunicando sutilmente que o importante é voltar para o básico, se é que isso se presta para uma tradução tão chula. Thomas Campbell é um verdadeiro artista. Seus filmes, SPROUT e SEEDLING, são poemas visuais e poesia, e pode ser chato pacas quando o poeta não sabe quando terminar.

The Present é um bom filme, teima demais com câmera lenta e tem estrofes longas demais com o simpático Alex Knost falando no telefone, mas funciona bem em entreter e atiçar o camarada que o assiste a passar mais tempo na água.

A trilha, como sempre, é impecável: jazz e funk salpicados de roquinho fácil ara divertir, David Axelrod, Vetvier, Gabor Szabo, Tommy Guerrero, Bonnie Prince Billy e Japanese Motors (banda do Knost). Uma das grandes estrelas do filme é a Alaia, prancha primitiva feita de madeira, sem quilhas, inspirada nas antigas fotos e gravuras dos polinésios. David Rastovich e Rob Machado fazem a coisa parecer fácil demais ─ ainda mais quando em câmera estupidamente lenta.

Uma onda perdida na África também encanta pela fotografia caprichada, homenagem do Campbell ao ENDLESS SUMMER. Chelsea Georgeson dá uma aula (inclusive aos marmanjos) de como entubar na já tradicional viagem de barco pelas ilhas da Indonésia. Joel Tudor dá uma pequena aula sobre a mitologia do surf, de Dora e Curren, e um campeonato inusitado apresentado por Machado e Reynolds quase arranca uma gargalhada ─ destaque para o Conde Tremula (Dan Malloy). A narração é irritante e dispensável.

The Present ─ não deixe de assistir, tome um belo copo de café forte antes.

06 perguntas para... Jason Gilbert

O AUSTRALIANO JASON GILBERT TRABALHA COMO QUIROPRAXISTA OFICIAL DA ASP PARA A AMÉRICA LATINA DESDE 1999, ATENDENDO TANTO A ELITE FEMININA QUANTO A MASCULINA. DURANTE ESTE LONGO PERÍODO O PROFISSIONAL ADQUIRIU UM VASTO CONHECIMENTO SOBRE OS PROBLEMAS DE COLUNA VERTEBRAL E ARTICULAÇÕES QUE OS SURFISTAS PROFISSIONAIS E, DE TODOS OS NÍVEIS, PODEM ENFRENTAR. CONHEÇA QUAIS SÃO OS PROBLEMAS MAIS COMUNS SOFRIDOS PELOS SURFISTAS E TAMBÉM SAIBA COMO PREVENÍ-LOS.


01. Qual a importância do seu trabalho nos campeonatos da ASP?
A quiropraxia é uma ferramenta essencial para atletas de todas as modalidades. Visa recuperar e manter a função da coluna vertebral e das articulações funcionando normalmente. Quando problemas nessas regiões se prolongam, podem causar fraqueza dos músculos, contratura, desequilíbrio no corpo e até degeneração precoce. Ou seja, coisas que podem afetar seriamente o desempenho do atleta.

02. Essa degeneração apresenta sintomas?
O pior de tudo isso é que ela pode acontecer sem dor ou outros sintomas óbvios. O primeiro sinal que pode aparecer é uma crise ou rigidez no corpo e, claro, dor. Há surfistas no WCT que já sofrem degeneração discal ou óssea, pois deixaram de corrigir problemas biomecânicos no tempo adequado, em função dessa falta de sintomas. Eu comparo isso a um carro do qual uma roda passa num buraco. Apesar do carro poder andar ainda sem problemas, com o tempo o desalinhamento vai desgastar o pneu. Muitos motoristas somente notam isso quando a roda já está vibrando muito, ou seja, dando sinais.

03. Quais são as causas mais comuns desses problemas?
Os surfistas enfrentam longas viagens de avião para acompanhar o circuito, o que trava os quadris, a coluna lombar e a região dos glúteos. Dormir no voo sem o apoio adequado para o pescoço e cabeça ou usar um travesseiro incorreto, deixam a coluna bem prejudicada. Outro problema é que ficam muito tempo sentados, com péssimo apoio lombar, assistindo a bateria dos outros, ou no computador, nos dias sem onda. Todas essas atividades travam a coluna, o que pode limitar a mobilidade e a flexibilidade, que são essenciais na hora de manobrar. Colchões inadequados também podem ter um efeito negativo.

04. Que lesões podem ser causadas pelo surf?
O surf é um esporte unilateral, ou seja, usamos um lado do corpo mais do que o outro. Todo mundo que é surfista sempre tem o pé direito ou esquerdo atrás e como em outros esportes unilaterais, como tênis ou golf, causa desequilíbrio muscular crônico, o que acaba afetando a biomecânica da coluna e do corpo inteiro. Certos elementos, como músculo, tendões e ligamentos, quando estão encurtados devido a desequilíbrio, não conseguem exercer normalmente sua função, especialmente quando sobrecarregados durante uma manobra, um drop crítico ou até em outras situações cotidianas da vida. Por isso problemas acontecem. Muitas vezes a pessoa pode achar que um certo movimento pode ter sido a causa de uma lesão, mas na realidade geralmente foi somente "a última gota d'água". Pois a articulação ou tecido já tinha passado muito tempo sem a integridade normal, sem causar dor ou sintomas óbvios. Esse tipo de problema pode acontecer na coluna lombar (nos discos ou articulações), como também no joelho, tornozelo, ombro ou qualquer outra articulação. Lesões antigas que não são tratadas e reabilitadas adequadamente produzem encurtamentos de tecidos moles e disfunção nas articulações. Por isso é vital que todo mundo que pratica esporte procure conhecer suas lesões e trate-as adequadamente até a cura total. Caso contrário a vida esportiva pode ser encurtada.

05. Quais são as regiões da coluna que são mais suscetíveis a complicações?
O que mais observo com os surfistas da elite é que a maioria apresenta o mesmo padrão de restrições de coluna, principalmente nos quadris, coluna lombar (parte baixa da coluna), a região entre as omoplatas e a nuca. Remar não é uma atividade natural para o corpo humano. Não fomos feitos para remar. Por isso precisamos ter consciência de que essa atividade sobrecarrega alguns músculos mais do que outros, principalmente os anteriores do ombro e os que juntam na região da nuca. Kelly Slater me falou sobre uma situação em que seu braço entrou fundo demais na parede do tubo em Pipeline, e que sentiu como se estivesse saindo do lugar. Ele percebeu que os músculos anteriores do ombro estavam encurtados e começou a alongá-los e também fortalecer os músculos posteriores para ajudar a proteger o ombro. Outros não têm a mesma sorte, pois deslocam o ombro num caldo, como no caso do Nathan Hedge, em Teahupoo, alguns anos atrás. Por isso é sempre bom estar preparado fisicamente para o pior. É sempre uma pena ver lesões evitáveis acontecer devido à falta de preparação. Outros problemas comuns são os de quadril, devido à força usada na hora de girar o corpo para fazer a cavada, a rotação excessiva de uma manobra ou de aterrisar depois de um floater. Quando a articulação que junta quadril e coluna trava, pode causar de dor lombar até hérnia, mesmo sem a pessoa saber. O ajuste quiroprático é excelente para combater tudo isso. Nos campeonatos presto muita atenção nesse ponto. Com todos os surfistas faço um tipo de liberação muscular que aumenta a mobilidade e rotação dos quadris. Esse tipo de trabalho é individual. Apesar de ser um padrão geral, cada surfista é testado antes e depois para comparar a mobilidade.

06. Quais os surfistas mais bem preparados fisicamente no Tour?
Com certeza Mick Fanning, Joel Parkinson, Adriano de Souza, Kelly Slater, Mick Campbell e Taylor Knox. Num grupo é fácil perceber quem está se cuidando com alongamentos, boa alimentação, ajustes quiropráticos regulares e na recuperação adequada de lesões. Para ser justo com os brasileiros, este ano não tive a oportunidade de examinar e tratar todos, mas vejo uma tendência dos surfistas com mais tempo de circuito estarem mais focados nessa preparação. Os mais jovens ainda não se preocupam com isso seriamente, o que não é correto. Eles poderiam começar a seguir os hábitos dos surfistas mais experientes, o que não somente evitaria muitas lesões desnecessárias, mas também melhoraria a performance em geral. Adriano Mineirinho é a exceção. Em Imbituba pude perceber que ele está sendo bem assessorado em relação a preparação física e alimentação. Diferentemente do passado, quando só a performance importava, os surfistas que quiserem se manter entre os melhores devem cuidar com seriedade da saúde.

O quiropraxista Jason Gilbert tem clínicas na capital paulista e também uma unidade na cidade do Rio de Janeiro. Neste mês de outubro chega às livrarias o livro "O Segredo da Coluna Saudável, Siga os Passos para uma Vida sem Dor", de sua autoria, em parceria com a Editora Gaia. Para maiores informações clique aqui.

SurfARTE

O surf através dos tempos provou estar muito além de estereótipos bobos e superficiais tais como o de os surfistas serem “vagabundos de cabelo parafinado e fala lenta”. Expandiu horizontes e mostrou ao mundo todo seu potencial. Engajou-se no mundo dos negócios e marketings, reafirmou sua simbologia cultural, mostrou ao mundo sua história, envolveu-se com a saúde e hoje é sinônimo de qualidade de vida. Porém, talvez sua maior e mais intima relação tenha se estabelecido com a aparentemente distante, mas intimamente próxima ARTE.

O surf dropou naturalmente no mundo artístico e como num floater deslizou pelas mais diversas ondas da ARTE, passa pela fotografia, filmagem, pintura, escultura, música, crônicas, textos, verso, prosa e o que mais o oceano de criatividade resolver despertar. Mesmo explosivo e cheio de adrenalina como todo esporte digno de denominar-se radical, o surf demonstra-se sutil e instiga sentimentos, desperta a vontade de eternizar tanta pureza e sutileza em ARTE.

Manobras fortes de posições acrobáticas e harmoniosas somadas a cenários pitorescos cheios de tons e vida, eternizam-se em fotografias.

Toda movimentação que envolve o corpo do surfista, a aproximação da ondulação, o spray na crista das ondas provocado por um bom terral e toda dança da natureza no palco dos litorais fica registrado em boas e bem editadas cenas de filmagem.

Os variados tons do surf refletem a tranquilidade e inspiram mãos donas de pincéis encharcados de um spectro de cores vivas que preenchem telas e criam pinturas dotadas de beleza e criatividade.

Com matéria prima retirada do surf como pranchas quebradas e roupas de borracha rasgadas, ou não, o surf também inspira esculturas que com formas variadas corporifica toda sua plasticidade e dinamismo.

O surf com certeza está na música, entuba nas ondas sonoras e cria batidas diferentes. Criou a “surf music” com embaixadores como Jack Johnson e Donavon Frankenreiter, no entanto, sua trilha sonora respeita e admira variados ritmos; o surf está tanto no reggae, como no blues, está no hard core e até na bossa nova, como na composição de Jobim de "Surfboard".

Descrito por palavras o surf é aventura, romance, verso e prosa. Esse surf de palavras já virou livro, sendo registrado por sua beleza e registrando sua história. Elogios viajam nas linhas desenhadas nas ondas e rasgam-se por textos, crônicas e poesias. Como nos versos de Manuel Alegre em “Surfista”:

"De pé na frágil tábua
onda a onda ele escrevia
poesia sobre a água.
Era uma escrita tão una
de tão perfeita harmonia
que o que ficava na espuma
não se podia apagar:
era a própria grafia
do poema do mar."


O surf como ARTE talvez não seja conhecido há muito tempo. Mas acordar cedo com um nascer do sol alaranjado como cenário para no quadro das ondas desenharem a linha de surf é uma ARTE e essa os surfistas já conhecem há séculos.

Já dizia um velho ditado

Mineirinho que de mineiro só tem o apelido, provou também que “não come quieto”. Botou pra baixo, arrancou highs scores dos juízes, euforia da galera, “uhuls” dos companheiros e desconcertou o Velho Mundo com seus poucos e comprovadamente maduros vinte e dois anos. Com sua audácia Mineirinho chegou até a repaginar a imagem do tradicional azarento número treze, lembrando em sua primeira entrevista após a final da coincidência entre sua primeira vitória no tour em 13 de outubro e seu aniversário comemorado em 13 de fevereiro. Coincidência ou não, esse tal de 13 trouxe ao Mineiro sua primeira conquista no circuito e ao surf brasileiro o nascimento de uma das suas maiores esperanças da atualidade.

Confirmou não ser promessa e sim realidade. Em terras ibéricas mostrou fazer jus ao velho ditado espanhol “Si quieres buena fama, no te dé el sol en la cama”, “Se queres boa fama, não te ache o sol na cama” - se quer que os outros te respeitem, é preciso trabalhar e não ser preguiçoso. “Buena fama” ele conquistou, graças a falta de preguiça e muito trabalho que deve manter a constância e o padrão, uma vez que o trem desse mineiro está “bão” demais.

É, o garoto, menino, moleque, mineiro, paulista, do Guarujá, de Minas, da Espanha, do Brasil, do mundo, renova nossas esperanças e imprimi orgulho em nosso peito. É preciso e foi provado que se deve acreditar no surf brasileiro, pois como já dizia nosso velho ditado “Eu sou brasileiro e não desisto nunca”.

Billabong Pro Mundaka

O paulista Adriano de Souza conquistou a primeira vitória de sua carreira no ASP World Tour nesta terça-feira, ao vencer o australiano Chris Davidson na final do Billabong Pro em Sopelana, País Basco.


O título foi decidido em esquerdas com até 1 metro nas maiores séries do beach break.

Com uma excelente campanha durante todo o campeonato, Mineirinho não fez diferente na final. Sem dar qualquer chance ao australiano venceu por 16.40 a 11.83 pontos.

"Estou muito feliz com minha primeira vitória. Quero agradecer a todos que me deram suporte para estar aqui, meu patrocinador e minha famíla. Muito Obrigado! Este foi nosso, Brasil!", vibra o campeão da etapa, completamente emocionado.

Para vencer a final, o guarujaense de 22 anos demonstrou muita personalidade e impôs seu ritmo ao castigar as ondas com fortes pauladas e rasgadas de backside, para arrancar notas 7.50 e 8.90.

A três minutos para o término, logo de depois do brasileiro conquistar a nota 8.90, o australiano desistiu da briga e reconheceu a vitória brazuca, ao abraçar Adriano de Souza dentro da água e parabenizá-lo pela vitória.
"Não tenho palavras para expressar o quanto estou feliz agora. Venho trabalhando duro para isto desde que venci o ASP World Junior Championship (2004) e o WQS (2005), para finalmente vencer aqui em Mundaka, onde a cultura é tão rica e as pessoas amam o surf. Isto é incrível! Este é o dia mais especial da minha vida!", comemora Adriano de Souza.

Depois de reconhcer a vitória do brasileiro dentro da água e antes do término, o australiano que também obteve o melhor resultado da carreira no tour, não poupou elogios ao vencedor.

"Tudo tem um sentido especial para mim neste evento, por algum motivo. Tudo deu certo e eu me senti confiante em cada bateria. Não consegui encontrar as ondas na final, mas parabenizo o Adriano, ele é um vencedor com méritos verdadeiros", elogia Chris Davidson, que agora assume a vigésima colocação no ranking e escapa da zona de rebaixamento.

Antes de chegar à final, Mineirinho despachou grandes nomes do ASP World Tour, como o eneacampeão mundial Kelly Slater, o havaiano Fred Patacchia, o experiente Taylor Knox e o sul-africano Greg Emslie.

A prova estava programa para acontecer nas clássicas esquerdas de Mundaka, mas como elas não apareceram o evento foi transferido neste dia decisivo.

"Treinei bastante aqui em Sopelana nos últimos dias, pois sabia que a competição poderia ser transferida para cá", contou o campeão em entrevista depois das quartas-de-final.

"As condições foram difíceis para este evento, mas surfamos as melhores ondas que apareceram. Chris Davidson é um surfista muito forte e está em busca de vitória há um bom tempo. Quando ele ganhou do CJ na semifinal eu já sabia que a batalha seria dura", conta Mineirinho, já depois da vitória.

Com esta vitória, Adriano de Souza assume a terceira colocação do ranking, atrás de Joel Parkinson e do líder Mick Fanning, que assumiu a ponta do ranking nesta etapa.

Renascer

O Oceano estava lá, como sempre, em toda sua majestade com seu infinito manto azul subindo e descendo, balançando com ternura seus súditos e seres que fazem desse manto e reino seu habitat natural. Dono do maior império já visto, alcança todo o redor do globo, chega nos lugares mais inóspitos e produz os mais diferentes cenários, desde a movimentada província Atlântica a misteriosa e ironicamente denominada Pacífica. O Pacífico, a maior das províncias, esconde mistérios e embora sustente uma imagem paradisíaca, revela-se altamente temperamental.


Repleto de verdadeiras obras de arte naturais, as ilhas do Pacífico são almejadas tanto pelos ricaços de plantão atrás de luxuosos resorts, quanto por aventureiros, particularmente os maiores deles, os surfistas, visto que a maior ameaça do Pacífico encontra-se em suas ondas. Estas crescem aos olhos e sonhos de surfistas de todos os cantos do mundo que ano a ano largam a terrinha em busca das mais fortes, porém perfeitas ondas.

E assim, observador atento de toda essa aventura, num dia qualquer, cansado da mesmice do céu, um anjo daqueles típicos loirinhos e de olhos claros, deixou não sua terrinha, mas seu céuzão para ir ao encontro do reino Oceano, mais especificamente na província Pacífica. A pista de pouso escolhida, um país de dimensões continentais, multicultural, multiétnico, bonito por natureza, cheio de lugares a se explorar e ondas espalhadas por um vasto litoral banhado pela província Atlântica. O campo de concentração, uma ilha ao sul deste país. Escolhido seu lar e família, era questão de tempo para o anjo crescer e partir rumo ao sonho.

O anjo, agora adulto, enfim corre atrás de seu destino e entre tantas a serem escolhidas no Pacífico, a primeira parada seria um novo país, este também de dimensões continentais, dessa vez cercado pelo Oceano por todos os lados. Após sete anos residindo tão longe de casa e tão próximo da realização de um sonho, as férias já estavam programadas e o destino era o que buscou desde o princípio quando desceu dos céus atrás da emoção de chegar a um arquipélago no meio do Pacífico, onde os surfistas alucinados deliciavam-se com o maior encanto do Triângulo Polinésio ─ as ondas. Algum tempo trabalhando, alguma grana poupada e o anjo entregou-se ao prazer: desfrutou do aqui e o agora como se fosse seu último dia na terra ─ e poderia ter sido mesmo ─ deslizando sobre o majestoso reino Oceano.

As ilhas eram a visão do paraíso e após boas ondas e longos dias tranquilos, o reino revoltou-se, o anjo já estava na água desde as seis e quarenta e cinco da manhã, o Oceano dava estranhos sinais e, atento, o anjo sentiu algo errado. Sentimento este confirmado com o repentino recuo do mar, que voltou-se maior e mais forte contra o arquipélago. Estava formada a tsunami que deixara um rastro de destruição, varrendo casas, prédios, sonhos e famílias. Com toda sua força, o anjo agarrou-se em uma pedra para salvar sua vida e mesmo cercado de aflição e apreensão, sua aura brilhou e com sua força e poder de anjo resgatou em meio a escombros lágrimas e medo, crianças assustadas que viram a esperança renascer dentro do abrigo formado pelos braços e prancha deste anjo vindo de longe. Seus olhos claros lhes transmitiram confiança, seus braços segurança e sua prancha um passaporte para sobrevivência.


─ Sobrevivente de uma tsunami devastadora provocada por um tremor que alcançou a magnitude de 8 graus na escala Richter em setembro de 2009 atingindo intensa e principalmente as Ilhas Samoa no Triângulo Polinésio no Oceano Pacífico, Guilherme Costa de 27 anos, estava de férias no arquipélago, reside atualmente na Austrália e sua família em Florianópolis. Ele loiro de olhos claros, que provou ser um verdadeiro anjo, nasceu no Brasil e renasceu em Samoa.

É POSSÍVEL SURFAR UM TSUNAMI?

Surfistas viciados em adrenalina se desdobram diante das previsões de bóias de medição oceânicas para encontrar a maior onda do planeta.

O atual mito é a onda de 100 pés, que equivale à altura de um prédio de dez andares, nunca antes surfada. Já parou pra pensar na força desse vagalhão? Muitos surfistas se preparam para esse grande desafio, mas será que algum deles já se imaginou surfando algo com volume de água 5.000 vezes maior?

Uma onda bem menor que Jaws, em altura, porém, bem maior em largura; um outro gigante, capaz de devastar cidades e desaparecer com milhares de pessoas. Como a tragédia que aconteceu semana passada, na Ásia.

O tsunami com certeza não atinge os 100 pés de altura, que acreditam poder alcançar um dia a onda de Cortes Bank, mas sem dúvida é a mais tenebrosa onda do planeta, aquela na qual ninguém gostaria de se pego desprevenido, ou... poderíamos dizer... sem sua prancha?


QUEM SE AVENTURA?
Na tentativa de entender como seria essa loucura, algumas pessoas até comparam a idéia com surfar uma pororoca gigante. Seria preciso uma prancha com flutuação bem maior para suportar a força das suas águas e também a ajuda de potentes jet-skis, pois o tsunami é 20 vezes mais rápido que a onda comum. Tomar cuidado para não trombar com troncos de árvores e pedaços de casas no meio do caminho também não seria exagero, já que o tsunami avança a 800 km/h pelo oceano e, quando chega à costa, varre como uma avalanche praias e cidades, arrastando detritos.

Isso mesmo, uma avalanche. Essa é a forma de um tsunami, uma enorme espuma branca... Já pensou perder sua prancha por ali?

Fui pesquisar se haveria algum candidato para tal loucura, e descobri um voluntário a cair na água no meio de uma grande tormenta. Ele contou na reportagem que "numa onda de maremoto eu iria, mas teria de ser de tow-in e com um bom parceiro me rebocando. Já caí no mar no meio de um furacão no México. Tinha 25 pés de onda, e fui o único a estar ali". Além disso, ele completa "mas o tsunami mesmo eu não sei se daria para surfar, porque a onda não tem parede e a espuma dele te varre".

Já que a tarefa parecia inviável, fui ver se valeria a pena sair a bordo de um jet-ski ou barco a motor procurando um lugar em alto-mar, onde talvez seria possível surfar o tsunami. Ao perguntar a um amigo e estudante de oceanografia, ele diz não acreditar que esse lugar exista, porque a formação do tsunami é diferente à de uma onda comum. "O tsunami em alto-mar é uma ondinha muito baixa e que não quebra. Tanto que ele pode até passar despercebido".

Mas é interessante imaginar o surf sobre um tsunami. O peruano Felipe Pomar certa vez disse ter realizado a proeza, em 1974, numa ilha próxima de Lima, capital do Peru. Ele e o amigo Pitti Block estavam no mar, pegando ondas de 1 metro, quando o local foi atingido por um violento terremoto. Os surfistas foram sugados por quase 2 quilômetros oceano adentro, e meia hora depois Pomar teria conseguido pegar e surfar um tsunami de 3 metros até a praia. "Remei através dos destroços e cheguei a terra. Pitts chegou um pouco depois. As pessoas vinham correndo dos morros, sem acreditar que estávamos vivos", contou Pomar, anos depois, em uma entrevista na revista Surfer.

Mick, Myself and Eugene

O vídeo da Rip Curl é um interessante passeio pela vida de Mick Fanning em seus diferentes aspectos. O acidente que deixou o australiano fora da água por cerca de seis meses é o ponto de partida do dvd. Em meados de 2004, numa viagem de barco em algum lugar do Índico, Fanning sofreu uma grave lesão no músculo posterior da perna voltando de um floater. Depois de meses de molho e muita fisioterapia, ele retornou às competições com uma brilhante vitória em casa na primeira etapa de 2005. Mais do que traçar a trajetória do aussie desde o acidente, o filme mostra as diferentes facetas de sua personalidade: o competidor voraz (Mick), o super talentoso free surfer (Myself) e o australiano fanfarrão (seu alter-ego Eugene). Todos juntos fazem Mick Fanning. O filme ainda conta com partes mais sérias e emotivas ─ como quando relembra seu irmão mais velho e grande incentivador, Sean, morto em um acidente de carro. O prato principal é mesmo o surf explosivo de Fanning, que fica explícito nas ótimas imagens de Jon Frank. A trilha sonora é bem interesante ─ com Queens of the Stone Age, Mars Volta e Midnight Oil, entre outros. Ainda tem surf de primeira de Occy, Brendan Margieson, Nathan Hedge e Pancho Sullivan ─ totalmente à vontade no Hawaii. O bônus vem com os melhores momentos dos WCTs de Bell's e do México deste ano. Confira.